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Pesquisa polêmica em Israel indica que judeus são favoráveis à segregação

2 de novembro de 2012

Estudo destaca posições nacionalistas de judeus israelenses em relação aos cidadãos árabes e palestinos na Cisjordânia. A pesquisa gerou muita controvérsia no país.

Foto: picture-alliance/dpa

Um artigo de opinião do jornal Haaretz tem causado discussões inflamadas em Israel. Publicado no fim de outubro, o editorial escrito pelo famoso e polêmico autor Gideon Levy trata dos resultados de uma pesquisa sobre a opinião de judeus israelenses em relação aos palestinos que vivem em Israel e na Cisjordânia.

Na controversa pesquisa, 69% do entrevistados se declararam a favor de negar o direito de voto a palestinos que vivem na Cisjordânia caso o território seja anexado por Israel. Para 74% dos respondentes, deveria haver ruas separadas para o trânsito de israelenses e palestinos nos territórios ocupados.

Ainda de acordo com o levantamento, 38% conseguem imaginar a anexação do território da Cisjordânia onde já existem assentamentos judeus. Por outro lado, 48% dos questionados afirmaram ser contra essa ideia.

Apartheid?

Assentamento Har Homa em JerusalémFoto: picture-alliance/dpa

Para algumas pessoas, os resultados da pesquisa mostram a aprovação de um sistema de segregação, como o Apartheid. O grupo de oito ativistas da Universidade Hebraica de Jerusalém que encomendou o estudo se pronunciou quanto aos resultados. "O Apartheid está no ar" diz o grupo em comunicado. Mais adiante no texto, alerta: "a segregação em Israel é possível".

Quanto aos outros resultados da pesquisa de opinião – 49% declararam concordar que o governo cuide mais dos judeus do que dos árabes, 42% não querem um vizinho árabe, e a mesma quantidade não deseja uma criança árabe na classe escolar.

Após duras críticas, a redação do Haaretz tomou a iniciativa de trocar o título do do artigo de opinião, dias depois da publicação, para "Se a Cisjordânia fosse anexada, a maioria dos israelenses não daria o direito de voto aos palestinos".

Mas o centro de seu argumento, Levy não quis mudar. "A coisa mais importante era e é que uma parte considerável da sociedade judaica assume posições que só podem ser descritas como nacionalistas e racistas", disse.

Reações duras na internet

As muitas cartas de leitores na internet – quase 200 uma semana após a publicação do artigo – mostram como muitos israelenses estão divididos quanto à pesquisa.

Enquanto alguns reprovam o estudo pelo fato de ele ter incluído poucos cidadãos – somente 503 pessoas participaram da pesquisa –, outros observaram que uma pesquisa semelhante com os palestinos mostraria os mesmos resultados. Algumas pessoas consideraram os resultados da pesquisa, em geral, verdadeiros.

Soldado conversa com um dos assentados na CisjordâniaFoto: AP

Mas em um dos pontos a maioria dos opinantes concordou: definitivamente as posições sobre os palestinos têm uma ligação estreita com as convicções religiosas dos participantes da pesquisa.

De acordo com o estudo, a aversão aos palestinos é mais fortemente difundida entre os judeus ultra-ortodoxos. Na sequência vêm os judeus ortodoxos. Já os judeus seculares foram os que menos demonstraram posições antipalestinas.

Mas isso seria evidente, afirma um dos autores do estudo, Amiram Goldblum, em entrevista à Deutsche Welle. "Israel não é mais a sociedade coerente que era quando da fundação do seu Estado, na década de 1940, até a década de 1970. Desde então, os direitos políticos foram ficando sempre mais fortes. Israel se tornou uma sociedade fragmentada."

Opiniões divididas

As diferentes ideologias em Israel se distanciam cada vez mais umas das outras. Em entrevista à DW, o escritor David Grossmann, ganhador do Prêmio da Paz do Comércio do Livro Alemão, diz temer pelo caráter secular e liberal de Israel.

"Se os ultra-ortodoxos chegarem ao poder, não haverá democracia, liberdade de expressão, direitos iguais para mulheres, direito para as minorias. Homossexuais serão tratados quase como animais – para não falar de como os não-judeus serão tratados em um Estado como esse", frisou.

Manifestantes israelenses em Hebron pedem a paz na regiãoFoto: picture-alliance/dpa

Caso o conflito entre Israel e Palestina não seja resolvido logo, o risco é de um endurecimento ideológico. "A situação atual é terreno fértil para a ascensão dos partidos e visões de extrema direita em Israel", conclui Grossmann.

Quanto à relação com os árabes, os contratantes da pesquisa afirmam que a situação não deve ir tão longe. A maioria dos israelenses ainda é contra a anexação dos assentamentos judeus na Cisjordânia.

Autora: Kersten Knipp (fc)
Revisão: Francis França

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