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Debate sobre EHEC

13 de junho de 2011

Funcionárias da granja de produtos orgânicos na Baixa Saxônia também se contaminaram. Especialista prevê novas infecções no futuro e diz que muitos pacientes terão sérias sequelas da doença.

Instituto diz que novas infecções diminuíram na AlemanhaFoto: picture-alliance/dpa

No final da semana passada, cientistas conseguiram detectar pela primeira vez a cepa agressiva da bactéria E. coli êntero-hemorrágica (EHEC, na sigla em inglês) em brotos de vegetais de uma propriedade de orgânicos em Bienenbüttel, no estado alemão da Baixa Saxônia. As autoridades suspenderam então a advertência do consumo de pepinos, alfaces e tomates crus.

O agente agressivo encontrado em Bienenbüttel corresponde exatamente ao tipo O104:H4, responsável pela morte de dezenas de pessoas na Europa. Apesar da constatação em brotos, ainda não está claro como o agente foi parar nos brotos.

Nas investigações sobre a EHEC, as autoridades da Baixa Saxônia estão tentando isolar o broto de vegetal que levou às infecções, para identificar a semente que poderia ter levado à contaminação. Nove funcionárias da propriedade de orgânicos foram questionadas sobre seu consumo de brotos. Cinco funcionárias que adoeceram ou que foram testadas positivamente afirmaram que preferiam consumir brotos de brócolis, alho e feno-grego.

Advertência confirmada

Quatro funcionárias saudáveis disseram que comiam sobretudo brotos de alfafa e de uma mistura picante. Isso poderia ser um indício para algumas espécies de brotos e para a origem da infecção em sementes, disse a secretária de Saúde da Baixa Saxônia, Aygül Özkan, nesta segunda-feira (13/06). Não está descartado também que a contaminação na propriedade tenha começado por contato humano.

Agente agressivo da EHEC foi encontrado em brotos de vegetaisFoto: picture alliance / dpa

O Instituto Federal de Avaliação de Risco da Alemanha (BfR, do alemão) já havia alertado para o cuidado com o consumo de brotos e sementes germinadas, mesmo as cultivadas em casa. Outro fato que intriga os pesquisadores é que a maioria dos pacientes são mulheres. No passado, crianças teriam sido as mais atingidas.

RKI divulga números

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), até agora 34 pessoas na Alemanha e uma na Suécia morreram devido à infecção pela EHEC ou pelo desenvolvimento da violenta síndrome hemolítico-urêmica (HUS, na sigla em inglês). Diarreia com sangue, insuficiência renal e anemia são quadros característicos da doença, cujo período de incubação é de 10 a 13 dias.

Lauterbach é especialista em assuntos de SaúdeFoto: dpa

Nesta segunda-feira, o Instituto Robert Koch (RKI, na sigla em alemão) anunciou que nas últimas seis semanas 3.228 pessoas adoeceram de EHEC ou HUS no país. Segundo o RKI, em 2.441 casos da doença, 59% são mulheres, 87% têm mais de 20 anos de idade.

Em 781 casos de HUS, 69% são mulheres e 88% têm 20 anos ou mais. Segundo o instituto, o número de novas infecções vem diminuindo nos últimos dias. Como a bactéria desenvolveu resistência a antibióticos, os médicos não dispõem de um tratamento contra a O104:H4. O que eles podem fazer é combater os sintomas, como a falência dos rins, através de hemodiálise.

Especialista prevê novos surtos

Em entrevista publicada na edição dominical do jornal alemão Bild, Karl Lauterbach, especialista em Saúde do Partido Social Democrático (SPD), afirmou que espera graves sequelas para os afetados pela EHEC. Segundo Lauterbach, "cerca de cem pacientes estão com seu estado de saúde tão comprometido que precisam de um transplante de órgãos ou terão de fazer hemodiálise pelo resto da vida".

O professor Helge Karch, especialista em bactérias intestinais, disse que não é a primeira vez que a cepa O104:H4 foi detectada na Alemanha. Em 2001, o agente teria sido encontrado em dois irmãos na cidade de Colônia. Desde então, o germe aumentou sua resistência a antibióticos. A cepa atual é muito mais agressiva do que a encontrada há dez anos, disse Karch.

O especialista Lauterbach advertiu para novas ondas infecciosas na Alemanha: "Os agentes da EHEC avançam em todo o mundo. No futuro, também na Alemanha, continuará havendo novos casos".

CA/dpa/dapd
Revisão: Roselaine Wandscheer

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