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Casa para várias gerações

Cris Vieira7 de novembro de 2006

Na Alemanha, arquitetos e designers de oito países desenvolvem o projeto Lar Universal, que busca uma moradia adequada para pessoas de todas as idades. Estudo tem um toque brasileiro.

Profissionais de oito países trabalham juntos por uma casa que atenda às necessidades de todosFoto: Design Zentrum NRW

Dez jovens designers e arquitetos de oito países ganharam bolsas de incentivo do Centro de Design da Renânia do Norte-Vestfália, instituição com mais de 50 anos de existência, para desenvolver estudos sobre o tema Lar Universal. O projeto é financiado pela União Européia, o Estado da Renânia do Norte-Vestfália e a cidade de Essen.

O designer brasileiro Flávio Carrasco, um dos pesquisadores do projeto Lar UniversalFoto: Flavio Carrasco

Os bolsistas, seis mulheres e quatro homens, têm entre 22 e 40 anos e são provenientes da Alemanha, Brasil, Canadá, China, Malta, Turquia, Hungria e Vietnã. Eles foram selecionados entre mais de 50 inscritos, de 24 países.

Pelo período de um ano, irão trabalhar em escritórios no Museu de Design Red Dot, em Essen, desenvolvendo soluções para ambientes residenciais, de forma a adequá-los para atender às necessidades de pessoas pertencentes a diferentes faixas etárias. O tópico é considerado importante em tempos de envelhecimento constante de algumas sociedades.

O professor Peter Zec, presidente do Centro de Design da Renânia do Norte-Vestfália e da Organização Mundial de Design Icsid, irá acompanhar o desenvolvimento dos estudos. Ele participou também da seleção do grupo e comentou: "Acho que temos uma equipe muito agradável, formada por diferentes personalidades que trabalharão juntas e complementarão umas às outras de forma esplêndida."

O projeto ganhou o apoio de diversas empresas alemãs, que darão aos bolsistas acesso a seus trabalhos de pesquisa e estarão também disponíveis como consultoras. As primeiras idéias dos designers e arquitetos serão apresentadas no dia 15 de novembro próximo, durante um simpósio cuja audiência será composta por especialistas.

Lar Universal

Pode uma casa ser adequada para acolher pessoas de todas as idades? Uma moradia que se adapte às mudanças da vida e desenvolva paralelamente também uma constante oferta de opções para um completo redesign? Responder positivamente a questionamentos e demandas deste tipo é o desafio encarado pelos jovens que participam do projeto Universal Home.

Para o brasileiro Flávio Carrasco, recém-formado em design de produto pela Esdi, Escola Superior de Design Industrial do Rio de Janeiro, muito mais do que um desafio, esta é uma oportunidade de realizar sonhos. "Sempre me preocupei em atingir o máximo de pessoas possível. Fiquei interessado no projeto porque gosto de desenvolver eletrodomésticos e coisas para o lar," conta.

Carrasco, em parceria com dois colegas na faculdade, desenvolveu uma idéia inovadora pensando nas reuniões gastronômicas entre amigos e na integração da cozinha a outros ambientes. "Fizemos um compartimento independente para a geladeira. Quando está acoplado ao refrigerador, funciona como uma gaveta para colocar latas e garrafas. Mas pode se transformar num carrinho que transporta as bebidas para outras partes da casa, com isolamento térmico especial para manter a temperatura".

Refrigerador com compartimento independente propõe integração entre a cozinha e outros ambientes da casaFoto: Flávio Carrasco

Para participar do projeto Lar Universal, Carrasco conta que entrevistou um gerontólogo. "Ele me disse que em 20 anos a população com mais de 60 anos irá duplicar no Brasil. Será um mercado que vai ter uma certa demanda, mas ainda não se pensa nisso. Para mim, o lar universal deve oferecer mais segurança, de forma que evite que as crianças se machuquem ao mesmo tempo em que possibilite maior acesso aos idosos".

O brasileiro revela os bastidores do projeto: "Estamos trocando idéias, foram duas semanas visitando as companhias que participam e estamos conversando a respeito. Por enquanto, ainda não temos um direcionamento definido".

Flávio Carrasco acredita que participar deste projeto poderá viabilizar uma vaga no mercado de trabalho. "Na Alemanha, para um designer de produto, existem mais oportunidades de conseguir um emprego com o desenho industrial do que no Brasil, onde ainda é uma formação muito recente e muitos empresários não entendem o valor e não têm a compreensão do que é a função do designer," desabafa.

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