Primeira música gerada por computador é restaurada
26 de setembro de 2016
Melodias de "God Save the King", "Baa Baa Black Sheep" e "In the Mood" foram produzidas em artefato construído por Alan Turing, em 1951. Britânico ficou famoso por desvendar código usado por nazistas durante guerra.
Melodia foi armazenada em disco de vinilFoto: Getty Images/M. Cardy
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Pesquisadores da Universidade de Canterbury, na Nova Zelândia, anunciaram nesta segunda-feira (26/09) que conseguiram restaurar a primeira gravação de uma música gerada por computador. A composição foi produzida pelo aparelho construído pelo matemático britânico Alan Turing, em 1951.
O aparelho, que ocupava grande parte do piso térreo de um laboratório de máquina de computação em Manchester, no norte da Inglaterra, gerou três melodias: "God Save the King", "Baa Baa Black Sheep" e "In the Mood" de Glenn Miller.
O criador do artefato, Turing, ficou conhecido por decifrar o código Enigma usado por nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Ele é considerado o pai da ciência da computação. De acordo com os pesquisadores, o matemático foi também inovador no campo da música.
"O trabalho pioneiro de Alan Turing no final da década de 1940 de transformar o computador num instrumento musical foi amplamente ignorado", acrescentaram Jack Copeland e Jason Long, autores da pesquisa.
Ao analisar a gravação feita há 65 anos, os pesquisadores descobriram que o som do disco de vinil, de 30,5 centímetros, estava distorcido. A distorção foi corrigida depois de um verdadeiro trabalho de detetive, com ajustes na velocidade do áudio e a filtragem de ruído externo.
"Foi um belo momento quando ouvimos pela primeira vez o som do computador de Turing", afirmaram Copeland e Long.
Turing, que além de matemático era cientista da computação, filósofo e criptologista, teve sua vida retratada no filme "O jogo da imitação". Em 1954, ele se suicidou, aos 41 anos.
CN/lusa/afp
As revoluções e suas músicas
Quer americana, francesa, russa ou árabe, por convicção ou obrigação, há séculos os compositores criam obras destinadas a apoiar ou comentar as revoluções. Mas também há espaço para vozes críticas.
Foto: picture-alliance/akg-images
Melodias e ritmos revolucionários
Compositores de diversos países e épocas têm feito música inspirada por ideias e eventos revolucionários. A Revolução Francesa de 1789, em especial, deixou forte marca em numerosas peças musicais. Porém outros levantes também tiveram sua trilha sonora.
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Canto da independência americana
Até hoje, "Yankee Doodle" é uma das melodias populares mais conhecidas dos Estados Unidos. Ela era a canção dos revolucionários que almejavam se libertar da dominação britânica – coisa que alcançariam em 1776. Thomas Jefferson elaborou a Declaração de Independência, enfatizando a liberdade e igualdade de todos os seres humanos. E a Revolução Francesa abraçou essas ideias.
Músico de Napoleão
Etienne-Nicolas Méhul foi o compositor revolucionário por excelência. A ele Napoleão Bonaparte encomendou um hino famoso na virada do século 18 para o 19, "Le chant du départ" (O canto da partida). Porém o líder esnobou a "Missa solene" de Méhul para sua coroação como imperador. Ao compositor francês fica o mérito de ter inspirado Beethoven na "Quinta sinfonia", apelidada "Do Destino".
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Ópera de salvação
Também o italiano Luigi Cherubini foi contagiado pelo espírito da revolução. Em 1800 sua "ópera de salvação" "Os dois dias, ou O aguadeiro" fez sucesso estrondoso. Esse gênero operístico trata do resgate de uma personagem injustamente perseguida. Aqui, o vendedor de água salva um conde de pagar com a vida por suas ideias progressistas. O obra foi fonte de inspiração para "Fidelio" de Beethoven.
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Fascínio da "Eroica"
Em 1803 a "Sinfonia nº 3" de Beethoven, apelidada por ele "Eroica", rompia com todas as convenções do gênero. Mais longa e dramática do que qualquer obra até então, ela nasceu como verdadeira "música da revolução", em honra a Napoleão. No entanto Beethoven retirou a dedicatória quando o líder francês se fez coroar imperador – traindo, assim, os ideais de liberdade, igualdade, fraternidade.
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Homenagem à Revolução Russa
Sergei Prokofiev compôs em 1937 sua "Cantata pelo 20º aniversário da Revolução de Outubro". Além de um total de 500 instrumentistas e coristas, ela inclui tiros de canhão, metralhadora e sino de alarme. A bombástica obra sobre textos de Marx, Engels e Lenin caiu, no entanto, em desagrado com o ditador Stalin, só sendo estreada em 1966, em versão reduzida.
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Déspota humilhado
O poeta e libertário Lord Byron escreveu em 1814 uma "Ode" à abdicação de Napoleão, em que zombava do imperador. Em 1942, sob a impressão do domínio nazista, Arnold Schoenberg musicou o poema para recitante, piano e quarteto de cordas. Um crítico musical contemporâneo apontou paralelos entre Bonaparte e Hitler – que o compositor politicamente engajado não contradisse.
Foto: picture-alliance/dpa/APA Publications Arnold Schönberg Center
Beatles, 1968 e "Revolution"
A primeira canção que os Beatles gravaram para o "álbum branco" foi "Revolution". John Lennon a compôs em 1968, durante uma estada na Índia, inspirado nos protestos estudantis de Paris, na Guerra do Vietnã e no atentado contra Martin Luther King. A "Revolução" dos Beatles, porém, é pacífica, sem tiros nem extremistas violentos.