Pesquisas apontam vitória de Bolsonaro no segundo turno
28 de outubro de 2018
Candidato do PSL recua e aparece com 54% dos votos válidos em sondagem do Ibope, contra 46% de Haddad. No Datafolha, placar é de 55% a 45%. Distância cai até dez pontos percentuais em relação a pesquisas anteriores.
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As últimas pesquisas de intenção de voto do Datafolha e do Ibope, divulgadas neste sábado (27/10), apontam vitória de Jair Bolsonaro (PSL) no segundo turno das eleições presidenciais. A vantagem sobre Fernando Haddad (PT), contudo, caiu em relação a sondagens anteriores.
No Datafolha, a diferença entre os dois candidatos despencou de 18 para dez pontos percentuais em nove dias. Bolsonaro aparece com 55% dos votos válidos, contra 45% de Haddad. O placar era de 56% a 44% na última quinta-feira, e de 59% a 41% em 18 de outubro.
Já no Ibope, a distância entre os postulantes à Presidência é ainda menor, tendo diminuído de 18 para apenas oito pontos percentuais em 12 dias. Enquanto o candidato do PSL tem 54% dos votos válidos, o petista chega a 46%. O instituto apontava um resultado de 57% a 43% na última terça-feira e de 59% a 41% em 15 de outubro.
Os dados equivalem aos votos válidos, ou seja, não consideram os nulos, brancos ou indecisos. O método é o mesmo utilizado pela Justiça Eleitoral para divulgar o resultado da eleição. No primeiro turno, o capitão da reserva conquistou 46% dos votos válidos, e o petista, 29%.
Se forem levados em consideração os votos totais, Bolsonaro tem 47% das intenções no Datafolha, contra 39% de Haddad. Os votos nulos ou brancos somam 8%, e 5% não souberam responder. No Ibope, o candidato do PSL tem 47%, e o petista, 41%. Outros 10% votam nulo ou branco, e 2% não responderam ao questionamento.
Segundo o Datafolha, levando em conta somente os votos totais das mulheres, Haddad ultrapassa o adversário: ele tem 42% das intenções femininas, contra 41% de Bolsonaro. Na sondagem anterior, de quinta-feira, o resultado era o contrário: 42% a 41% para o capitão reformado.
Os institutos também perguntaram aos entrevistados em qual dos dois candidatos eles votariam com certeza, poderiam votar ou não votariam de jeito nenhum. No Datafolha, a rejeição de Bolsonaro foi de 45%, e a de Haddad, de 52%. Ao Ibope, 39% dos entrevistados disseram que não votariam de jeito nenhum no capitão reformado, enquanto 44% afirmaram o mesmo sobre o petista.
Bolsonaro tem mais eleitores convictos. Ao Datafolha, 46% disseram que votariam com certeza no candidato do PSL, e 38% declararam voto certo em Haddad. No Ibope, a certeza no voto em Bolsonaro foi de 39%, e a do ex-prefeito de São Paulo, de 33%.
O Datafolha apontou ainda que poucos eleitores pretendem mudar seu voto antes da ida às urnas neste domingo. Entre o eleitorado de Bolsonaro, 94% disseram estar totalmente decididos, enquanto 6% admitiram que ainda podem alterar a escolha. Em relação a Haddad, 93% estão totalmente certos, e 7% disseram que seu voto pode mudar até o último momento.
A pesquisa Datafolha ouviu 18.371 eleitores em 340 municípios e foi encomendada pela TV Globo e pelo jornal Folha de S. Paulo. Já a sondagem Ibope entrevistou 3.010 pessoas e foi encomendada pela mesma emissora e pelo jornal Estado de S. Paulo.
Ambos levantamentos foram realizados entre esta sexta-feira e sábado e têm margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos. A probabilidade de os resultados retratarem a realidade é de 95% nas duas pesquisas.
Treze candidatos se apresentaram para disputar o Planalto. O líder das pesquisas acabou fora da corrida, e vários nomes tentam contornar isolamento partidário. Veja os principais episódios da disputa.
Foto: Reuters/A. Machado
Bolsonaro é eleito presidente
Em segundo turno, os brasileiros elegeram Jair Bolsonaro (PSL) como presidente. Após uma campanha eleitoral polarizada, o militar reformado de extrema direita recebeu 55,13% dos votos, contra 44,87% de Fernando Haddad (PT). Com bandeiras do Brasil e vestidos nas cores verde e amarelo, eleitores comemoram pelo país. No discurso da vitória, Bolsonaro prometeu um governo constitucional e democrático.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S.Izquierdo
TSE abre investigação contra Bolsonaro
A pouco mais de uma semana do segundo turno, o Tribunal Superior Eleitoral abriu uma ação para investigar suspeitas de compra de disparos de mensagens antipetistas no WhatsApp por parte de empresários aliados a Bolsonaro. O pedido de investigação foi feito pelo PT, após uma reportagem do jornal "Folha de S. Paulo". A PF também abriu inquérito para investigar a disseminação em massa de "fake news".
Foto: Reuters/R. Moraes
Bolsonaro e Haddad vão ao segundo turno
Numa das eleições mais polarizadas da história, em 7 de outubro os brasileiros levaram ao segundo turno os dois candidatos que, segundo sondagens, são também os mais rejeitados: Bolsonaro (PSL) e Haddad (PT). Favorito no Sul e Sudeste, o ex-militar teve 46% dos votos válidos contra 29% do petista, que foi o mais votado em oito estados do Nordeste e no Pará. Em terceiro, Ciro Gomes (PDT) teve 12%.
Foto: Reuters/P. Whitaker/N. Doce
Bolsonaro cresce nas pesquisas
Já líder nas pesquisas, o candidato do PSL ampliou sua vantagem no início de outubro, ultrapassando pela primeira vez a marca de 30% em sondagens do Ibope e do Datafolha. Ao longo da semana que antecedeu as eleições, o ex-capitão foi subindo e, na véspera do pleito, cruzou a barreira de 40% dos votos válidos. Após ser esfaqueado, a campanha do candidato se concentrou nas redes sociais.
Foto: Reuters/P. Whitaker
A troca de Lula por Haddad
Após meses de suspense e com aval de Lula, Fernando Haddad foi oficializado candidato à Presidência pelo PT em 11 de setembro, a menos de um mês do primeiro turno, após se esgotarem as chances de o ex-presidente concorrer. Preso e virtualmente inelegível pela Ficha Limpa, Lula era líder nas pesquisas de intenção de voto. O desafio agora será transferir votos para o ex-prefeito.
Foto: Agencia Brasil/R. Rosa
Ataque a Bolsonaro
O candidato do PSL foi esfaqueado durante um ato de campanha em Juiz de Fora, um ataque que prometia mudar os rumos da corrida presidencial. Seus adversários condenaram a agressão, e alguns chegaram a mudar o tom da campanha. Não houve, contudo, um impacto decisivo sobre o eleitorado. Ele segue líder das intenções, mas com percentual praticamente igual. A rejeição a ele, por outro lado, aumentou.
Foto: picture-alliance/dpa/Agencia O Globo/A. Scorza
O "plano B" do PT
Com Lula virtualmente inelegível, a escolha do seu vice passou a ser encarada como um trampolim para um candidato substituto. No início de agosto, o PT acabou indicando Fernando Haddad, que desde o início do ano era cotado como "plano B". Manuela D'Ávila (PCdoB) ficou com a curiosa posição não oficial de "vice do vice", assumindo a posição com Lula candidato ou não.
Foto: Agência Brasil/F.Rodrigues Pozzebom
A novela dos vices
A fase de convenções começou no fim de julho sem que a maioria dos pré-candidatos tivesse um vice. Bolsonaro teve três convites recusados até fechar com o general Mourão (PRTB). Henrique Meirelles (MDB) e Ciro Gomes (PDT) se contentaram com nomes do próprio partido. Alckmin teve convite recusado pelo empresário Josué Alencar, cuja família é ligada a Lula, antes de optar por Ana Amélia (PR).
Foto: Agência Brasil/F.Frazão
Os candidatos isolados
A jogada de Alckmin com o "centrão" acabou isolando outros candidatos. Jair Bolsonaro (PSL) tentou negociar com o PR, mas teve que se contentar com o nanico PRTB. Ciro Gomes (PDT) também viu suas investidas no grupo naufragarem. Marina Silva (Rede) e Ciro também não conseguiram apoio do PSB, que ficou neutro numa manobra do PT. Os três terminaram a fase de convenções com pouco apoio e tempo de TV.
Alckmin fecha com o "centrão"
Em julho, o tucano Geraldo Alckmin ainda patinava nas pesquisas, mas criou um fato novo na campanha ao conseguir o apoio do "centrão", as siglas que costumam emprestar seu apoio a governos em troca de cargos e verbas. Ao se aliar com PR, PP, PSD, DEM e SD, Alckmin passou a dominar 44% da propaganda eleitoral na TV. Sua coligação também recebe 48% do novo fundo de campanhas.
Foto: Getty Images/AFP/E. Sa
Candidaturas descartadas
A eleição de 2018 parecia destinada a superar o número de candidatos de 1989, quando 22 disputaram. Em abril, 23 manifestavam interesse em concorrer, entre eles o presidente Michel Temer, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o ex-presidente Fernando Collor. Mas eles logo desistiram ou foram abandonados por seus partidos. Outros aceitaram ser vices. Em agosto, só 13 permaneciam na corrida.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Os "outsiders" saem de cena
A possibilidade de Lula ficar de fora e o sentimento antipolítico entre a população sinalizavam que esta seria a eleição dos "outsiders". O ex-ministro do Supremo Joaquim Barbosa e o apresentador Luciano Huck chegaram a ser incluídos em pesquisas. O empresário Flávio Rocha anunciou candidatura. Em julho, todos já haviam desistido, e a disputa ficou restrita a velhos nomes da política.
Foto: Imago/ZUMA Press/M. Chello
Lula é condenado e preso
Quando anunciou, em 2016, a intenção de disputar a eleição, Lula se tornou o líder nas pesquisas. Em janeiro, porém, sua situação se complicou após uma condenação em segunda instância que o deixou virtualmente inelegível. Em abril, foi preso. Com a possibilidade de a candidatura ser barrada, o PT passou a ter dificuldades em formar alianças, e o desfecho do pleito ficou ainda mais imprevisível.
Foto: Reuters/L. Benassatto
Entra em cena o fundo de campanhas
Diante da proibição das doações por empresas, o Congresso criou em outubro de 2017 um novo fundo de R$ 1,7 bilhão para financiar candidaturas, já definindo a capacidade financeira de várias campanhas. Quase 60% do valor ficou concentrado em seis legendas: MDB, PT, PSDB, PP, PSB e PR, deixando candidatos à Presidência de pequenas e médias siglas com menos recursos na largada.