Estudos clínicos sugerem que sintomas misteriosos que afetaram diplomatas americanos e canadenses em Cuba podem ter sido provocados por agentes neurotóxicos usados em pesticidas para combater mosquito da dengue.
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Os sintomas misteriosos que afetaram nos últimos anos diplomatas americanos e canadenses em Cuba podem ter sido provocados por agentes neurotóxicos utilizados em pesticidas para combater mosquitos, segundo um novo estudo divulgado nesta quinta-feira (19/09) no Canadá.
Entre o final de 2016 e maio de 2018, cerca de 50 diplomatas enviados por Washington e Ottawa para Havana, além de alguns de seus parentes, apresentaram problemas como falta de equilíbrio e coordenação, vertigem, enxaqueca, além de ansiedade, irritabilidade e o que as vítimas chamavam de "névoa cognitiva".
Nem os EUA nem o Canadá deram explicações públicas sobre esse fenômeno, que ficou conhecido como "síndrome de Havana". Também não confirmaram ou desmentiram se esses sintomas eram reflexos de um ataque com algum tipo de misteriosa arma acústica, como a imprensa americana chegou a divulgar sem apresentar provas.
A pedido do ministério do Exterior do Canadá, uma equipe da Universidade de Dalhousie e da Autoridade de Saúde de Nova Escócia, no Canadá, conduziu um estudo clínico com as 15 vítimas canadenses e até mesmo o cérebro de um cão de estimação depois de sua morte.
Os resultados foram divulgados no Enquête, um programa investigativo de televisão da Rádio Canadá. A equipe multidisciplinar liderada pelo neurologista Alon Friedman apresentou a hipótese "de exposição a baixas doses de neurotoxinas".
Segundo o estudo, os exames realizados "sugerem fortemente" uma intoxicação por organofosfato, presente em pesticidas para combater mosquitos. Vinte e seis pessoas participaram do estudo, incluindo um grupo de controle formado por pessoas que nunca viveram em Cuba, foram submetidas a exames de sangue e cerebrais.
Friedman disse que existe um "vínculo direto" entre o aparecimento dos primeiros sintomas, entre 2016 e 2017, e uma extensa campanha de fumigação realizada naqueles anos pelo governo cubano, em toda a ilha e em particular em Havana, para combater o mosquito aedes aegypti, responsável pela disseminação dos vírus da zika e da dengue.
Os registros das embaixadas citados pela Rádio Canadá mostram que os escritórios e casas dos diplomatas estavam entre os locais que teriam sido dedetizados. "Estas duas fontes combinadas certamente expuseram os diplomatas excessivamente", concluiu Friedman.
Em 2016, alguns diplomatas em Havana começaram a apresentar problemas de saúde inexplicáveis, com sintomas associados inicialmente aos supostos ataques acústicos. Eles teriam sofrido lesões cerebrais traumáticas, perdas de audição e dificuldades de concentração.
Na época, o incidente levou os EUA a retirar metade de seus funcionários da embaixada. O governo de Cuba foi acusado de estar por trás dos supostos ataques. Havana sempre negou as acusações, permitindo inclusive que agentes do FBI abrissem sua própria investigação a respeito, mas nem as autoridades cubanas nem as americanas ainda foram capazes de identificar uma causa.
Quase nada em Cuba lembra de como era a vida antes dos Castro. O dia 19 de abril de 2018 marca o fim das quase seis décadas de governo dos irmãos Fidel e Raúl.
Foto: Reuters
1959 - A revolução triunfa
O rebeldes liderados por Fidel Castro chegam ao poder depois de derrubar o ditador Fulgencio Batista em janeiro. Os EUA reconhecem o novo governo. Logo, "leis revolucionárias" (como a reforma agrária) afetam empresas americanas. Em dezembro, o presidente republicano Dwight D. Eisenhower aprova um plano da CIA para derrubar Castro em um ano e substitui-lo por "uma junta amiga dos EUA".
Foto: AP
1960 − Aproximação com a União Soviética
Eisenhower proíbe exportações para Cuba (exceto de alimentos e remédios) e suspende a importação de açúcar. Cuba responde nacionalizando bens e empresas americanas e estabelecendo relações diplomáticas e comerciais com a União Soviética. No funeral das vítimas da explosão do cargueiro francês La Coubre (foto), Cuba responsabiliza a CIA, e Castro lança seu lema "pátria ou morte!"
Foto: AP
1961 − Ruptura e invasão fracassada
Os EUA rompem relações diplomáticas com Cuba e fecham sua embaixada em Havana em 3 de janeiro. Após uma série de bombardeios em aeroportos e incêndios em estabelecimentos comerciais, cuja autoria Cuba atribui aos EUA, Fidel proclama o caráter socialista da revolução em 16 de abril. Entre 17 e 19 daquele mês, cubanos treinados pelos EUA tentam invadir a ilha pela Baía dos Porcos, mas fracassam.
Foto: AP
1962 - A crise dos mísseis
"Não sei se Fidel é comunista, mas eu sou fidelista", disse em 1960 o líder soviético Nikita Kruchov. Moscou reata relações diplomáticas com Havana e eleva seu apoio. A URSS instala bases de mísseis nucleares em Cuba, desencadeando a "crise dos mísseis". Moscou cede à pressão de Kennedy em troca de os EUA se comprometerem a não invadir Cuba e desativarem suas bases nucleares na Turquia.
Foto: imago/UIG
1971 – Fidel Castro no Chile
O episódio da Baía dos Porcos acelera a proclamação do caráter socialista, marxista-leninista, da revolução. Cuba acaba sendo expulsa da Organização dos Estados Americanos. Castro fica isolado no continente, mas não para sempre. Ele é recebido no Chile pelo presidente Salvador Allende (foto), que iria ser derrubado por Augusto Pinochet em 1973.
Foto: AFP/Getty Images
1989 – A hora da Perestroika
A chegada ao poder de Mikhail Gorbatchov em Moscou marca o início da era da Glasnost e Perestroika. A Cortina de Ferro começa a ruir, e o império soviético se esfacela. Cuba perde sua principal base de sustentação no exterior, entrando em crise aguda. Milhares de cubanos tentam fugir para Miami em embarcações precárias. Muitos analistas preveem o fim do regime castrista.
Foto: picture-alliance/dpa
1998 – Primeira visita do papa
Um decreto de Pío 12 proibia aos católicos o apoio a regimes comunistas. Em virtude disso, o Vaticano excomungou Fidel Castro em janeiro de 1962. Mas, com o fim da Guerra Fria, chega o momento da reaproximação: em 1996, Castro visita o papa João Paulo 2°, e este retribui a visita dois anos depois, em viagem considerada histórica.
Foto: picture-alliance/AP/Michel Gangne
2002 - Fidel Castro e Jimmy Carter jogam beisebol
Desde que os EUA impuseram seu embargo comercial, econômico e financeiro, em 1962, houve poucos momentos de distensão entre Washington e Havana. Um deles foi a viagem do ex-presidente americano Jimmy Carter a Cuba, em 2002, motivada pela intenção de encontrar pontos de aproximação.
Foto: Adalberto Roque/AFP/Getty Images
2006 - Fidel e Hugo
A partir dos anos 90, Cuba deixa de ser vista como uma perigosa exportadora de revoluções. Com a derrocada do bloco comunista no Leste Europeu, as ideologias de esquerda entram em crise. Mas, na Venezuela, chega ao poder um novo dirigente, disposto a propagar a "Revolução Bolivariana". Hugo Chávez, declarado admirador de Fidel, passa a dar a Havana um respaldo importante, também na área econômica.
Foto: picture-alliance/dpa/dpaweb
2006 - A entrega do poder
A doença forçou Fidel Castro a abandonar o poder. Em 2006, ele o deixa nas mãos de seu irmão Raúl, uma garantia de que não haveria reviravoltas num sistema que, apesar dos avanços em educação e saúde, cobrou um alto preço: o da falta de liberdade e repressão. Fidel foi se despedindo do poder aos poucos, defendendo até o fim sua visão, através das páginas do jornal "Granma".
Foto: picture-alliance/AP Photo/Cristobal Herrera
2014 - Degelo temporário
Em dezembro de 2014, os presidentes dos EUA, Barack Obama, e o de Cuba, Raúl Castro, anunciaram que retomariam as relações diplomáticas. Obama visitou Cuba em março de 2016. Haviam se passado 88 anos desde a última vez que um presidente americano viajara à ilha. EUA retirou Cuba da lista de terrorismo, dando início ao processo de retomada das relações diplomáticas.
Tantas vezes anunciada e desmentida, a morte do líder foi inicialmente recebida com desconfiança. Entretanto, em 25 de novembro de 2016, os bares fecharam mais cedo e as reuniões de amigos nas ruas se dispersaram com a notícia. Durante anos, Fidel Castro desmentiu rumores de sua morte com a publicação de fotografias ou artigos de opinião.
Foto: Getty Images
2018 – A sucessão
Depois de dez anos, Raúl Castro se retira do poder. Em 19 de abril, o Parlamento cubano elegerá um sucessor que, pela primeira vez em quase 60 anos, não leva o sobrenome Castro: o vice de Raúl, Miguel Díaz Canel. Entretanto, analistas julgam improvável que o curso político em Cuba se modifique logo.