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Petróleo vazado no Equador avança, mas risco ao Brasil segue incerto

Clarissa Neher11 de junho de 2013

Mais de dez dias após rompimento de oleoduto na Amazônia equatoriana, mancha atinge o Peru, mas especialistas consideram poucas as chances de que chegue ao território brasileiro. Petrolífera ainda não estima danos.

Foto: imago/imagebroker

O Ibama, a Marinha e Agência Nacional do Petróleo (ANP) estão em alerta, mas a dificuldade em precisar quantos dos cerca de 11.400 barris de petróleo vazados de um oleoduto na Amazônia equatoriana atingiram o rio Coca torna ainda complicado, mesmo mais de dez dias após o acidente, saber se a mancha realmente atingirá o Brasil. Apesar de cautelosos, especialistas tratam como improvável que o óleo cause danos ambientais em território brasileiro.

O vazamento foi provocado por uma ruptura no oleoduto Trans-Equatoriano (Sote) depois de um deslizamento de terra, em 31 de maio. O petróleo escorreu até o rio Coca e depois se deslocou até o Peru através do rio Napo. Como os dois são afluentes do Solimões, há a possibilidade de que chegue ao Brasil. O oleoduto já foi consertado, e o derrame foi contido no último dia 4 .

"Ainda não existem dados oficiais sobre a quantidade de petróleo que caiu no rio Coca. Também não se sabe a dimensão dos danos”, informou por e-mail à DW-Brasil Mercy Castro, porta-voz da EP Petroecuador, empresa responsável pelo oleoduto. “O vazamento foi controlado imediatamente e agora estão sendo realizados os trabalhos de limpeza. O curso do da mancha está sendo observado por terra, ar e rio.”

O deslocamento do petróleo ocorre em função dos ventos e da correnteza dos rios. A mancha já chegou a Loreto, no Peru, região próxima à fronteira com Tabatinga, no Brasil. Os governos equatoriano e peruano uniram forças no trabalho de limpeza.

"Está sendo realizado um trabalho em conjunto com o Peru para que as consequências sejam as menores possíveis", disse o embaixador do Equador na Alemanha, Jorge Jurado.

Barreiras de contenção

Ainda não se sabe se o petróleo será contido nesse local, pois além dos fatores naturais, o deslocamento depende do volume do líquido que vazou para o rio. Para Newton Narciso Pereira, pesquisador do departamento de Engenharia Naval e Oceânica da USP, se os dois países afetados já montaram barreiras de contenção de forma correta e iniciaram os processos de limpeza, a probabilidade de essa mancha chegar ao Brasil é pequena.

"Agora não há como garantir 100% que o petróleo não vai chegar, porque depende do plano de contingência e até agora não sabemos se esses países têm um plano eficiente para quando acontecer um acidente ter uma resposta rápida. Hoje, faz 12 dias que ocorreu o vazamento e a mancha se dispersou. Em termos de volume, não há uma informação correta, a própria companhia não informa a quantidade que caiu na água", afirmou Pereira.

Para o especialista, é difícil calcular o tamanho dos danos que esse vazamento pode causar em uma região como a Amazônia, que possui um ecossistema particular e muitas vezes ainda desconhecido. O petróleo, explica, pode se depositar no fundo do rio e nas encostas, contaminando microorganismos, peixes e aves.

"Os danos ambientais são severos. Mesmo após um processo de recuperação do habitat, sempre vai ficar um dano, porque não é possível retirar uma parcela desse petróleo, principalmente o que vai para o fundo e continua impactando a vida aquática daquela região", observa Pereira.

Segundo Gustavo Endara, coordenador de projetos da Fundação Friedrich Ebert em Quito, as consequências do acidente não são só ambientais, mas também econômicas e sociais. Devido ao vazamento, o abastecimento de água teve que ser cortado no município de Coca até o último fim de semana. O especialista afirma que os custos da limpeza também poderão, de alguma forma, impactar a economia do país.

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