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PF indicia Lula e filho por lavagem de dinheiro

21 de março de 2019

Aberta após delação premiada, investigação aponta que Odebrecht patrocinou empresa de filho do ex-presidente em troca de benefícios durante o governo Dilma. Defesa classifica relatório da PF de opinativo.

Luiz Inácio Lula da Silva
Lula está preso desde abril de 2018 em CuritibaFoto: picture-alliance/AP/A. Penner

A Polícia Federal (PF) indiciou nesta quarta-feira (20/03) o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu filho Luís Cláudio sob suspeita de crimes de lavagem de dinheiro e tráfico de influência envolvendo a empresa Touchdown, de marketing esportivo.

Para o indiciamento, revelado pela TV Globo, a PF investigou pagamentos que somaram mais de R$ 10 milhões feitos por patrocinadores à Touchdown, pertencente ao filho de Lula e com capital social de apenas R$1 mil – apontado como incompatível com seus ganhos. A força-tarefa da Lava Jato em São Paulo está analisando o caso.

O inquérito foi aberto após delação premiada de Alexandrino Alencar, ex-diretor da Odebrecht e que seria pessoa de contato de Lula na construtora. Alencar afirmou que, em troca de benefícios oferecidos por Lula durante o governo Dilma Rousseff, a Odebrecht deveria financiar projetos de Luís Cláudio.

De acordo com o ex-diretor, a empreiteira pagou R$ 2 milhões a uma empresa chamada Concept para que esta prestasse serviços de consultoria à Touchdown. Com sua empresa, o filho de Lula pretendia criar uma liga profissional de futebol americano.

Além dos pagamentos milionários de patrocinadores efetuados à empresa ao longo de anos, a PF apontou que os serviços prestados pela Concept estavam cerca de 600% acima do valor de mercado. O diretor da Concept afirmou em depoimento que a consultoria oferecida à Touchdown custou de R$ 300 mil a R$400 mil.

Em relatório, a PF afirma ainda que uma suposta empresa laranja teria sido usada pelo filho de Lula para movimentar dinheiro ilícito. Somente em 2013, a Touchdown teria pagado R$ 846 mil a uma empresa de festas com capital social de apenas R$ 1.

Em nota, a defesa de Lula afirma que o relatório da PF é um "mero documento opinativo, com enorme fragilidade jurídica e distanciamento da realidade dos fatos, que dá sequencia ao lawfare praticado contra Lula e seus familiares". O termo lawfare é usado para descrever o uso de leis como arma contra um inimigo.

"Lula jamais solicitou ou recebeu, para si ou para terceiros, qualquer valor da Odebrecht ou de outra empresa a pretexto de influir em ato da ex-presidente Dilma Rousseff ou de qualquer outro agente público", diz a nota. "Tampouco teve qualquer atuação nas atividades da Touchdown, empresa de titularidade de seu filho Luís Cláudio que organizava um campeonato nacional de futebol americano."

De acordo com a defesa, o filho do ex-presidente apresentou o contrato firmado entre a Concept e a Touchdown e mostrou ter feito todos os pagamentos pelos serviços prestados, comprovando "serem mentirosas as afirmações de delatores da Odebrecht". Os advogados afirmam que Lula e o filho não praticaram qualquer ato ilícito.

Lula está preso desde 7 de abril de 2018 em Curitiba. Ele foi condenado em segunda instância, em janeiro do ano passado, a 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo que envolve um triplex no Guarujá. O ex-presidente nega as acusações.

No início de fevereiro, Lula foi novamente condenado, em primeira instância, por corrupção e lavagem de dinheiro, desta vez no processo referente a reformas realizadas num sítio em Atibaia, no interior de São Paulo. Ele ainda é réu em outras sete ações penais. Os advogados do petista alegam que o ex-presidente é vítima de perseguição política.

LPF/ots

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