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PF prende ex-ministro e aliado de Temer

6 de junho de 2017

Ex-presidente da Câmara e ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves é acusado de fraudes em construção de estádio e na gestão de recursos na Caixa. Caso também envolve Eduardo Cunha.

Brasilien Henrique Eduardo Alves
Foto: picture-alliance/epa/Mariscal

O ex-ministro e ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) foi preso nesta terça-feira (06/06) pela Polícia Federal por envolvimento em dois diferentes escândalos de desvios de recursos públicos que são investigados em desdobramentos da Operação Lava Jato.

No primeiro caso, o político, que serviu como ministro dos Turismo nos governos Dilma Rousseff e Michel Temer, é acusado de participação em um esquema de desvios na construção da Arena das Dunas, em Natal, uma das sedes da Copa do Mundo de 2014. Segundo a PF, as fraudes alcançam 77 milhões de reais.

Além de Alves, outras quatro pessoas tiveram ordem de prisão decretada pela Justiça Federal do Rio Grande do Norte, incluindo o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que já está preso no Paraná, onde cumpre pena também no âmbito da Lava Jato. Todos são suspeitos de corrupção e lavagem dinheiro. A ação se baseia na delação da empreiteira Odebrecht, que apontou que Cunha e Alves receberam propina em troca de favorecimento na construção do estádio.

Paralelamente ao caso do estádio, Alves e Cunha também são alvos de outros mandados de prisão, desta vez expedidos pela Justiça Federal do Distrito Federal, como parte das operações Sepsis e Cui Boni, que apuram fraudes no FI-FGTS. Alves e Cunha já haviam se tornado réus pelo caso em outubro de 2016. O Ministério Público Federal acusa o ex-ministro e Cunha de integrarem uma quadrilha que cobrava propina de empresas interessadas na liberação do Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS), que é controlado pela Caixa.

O ex-vice-presidente do banco público, Fábio Cleto, que fez acordo de delação premiada, disse que a maior parte da propina ficava com Cunha. Já Alves teria  influenciando na indicação do próprio Cleto para o cargo e recebido repasses que foram depositados na Suíça.

Ambos os pedidos de prisão foram feitos por procuradores do DF e do Rio Grande do Norte. A Polícia Federal no estado nordestino, onde fica a base eleitoral de Alves, resolveu cumprir juntos os dois mandados na manhã desta terça-feira.

Escândalos

Antigo membro do círculo de confiança de Temer, Alves deixou o cargo de ministro do Turismo em junho de 2016, cerca de um mês depois da posse interina do novo governo. À época, seu nome foi citado pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado como beneficiário de propina. Alves entregou sua demissão sob a alegação de que não gostaria de provocar desgaste para Temer, seu amigo pessoal. Foi terceiro ministro a deixar o novo governo.

Em março de 2017, após a revelação da existência de uma conta em seu nome com 833 mil dólares em um banco suíço, Alves admitiu que a conta era sua, mas disse desconhecer quem teria mandado o dinheiro. Segundo as investigações da Lava Jato, o dinheiro foi depositado em três datas, entre outubro e dezembro de 2011.

Histórico

Veterano da política e membro de um influente clã político do Rio Grande do Norte, Alves cumpriu 11 mandatos com deputado federal, sendo um dos deputados mais longevos da história da Câmara. É dono de uma retransmissora da TV Globo no Rio Grande do Norte e diversas rádios.

Entre 2013 e 2015, foi presidente da Câmara dos Deputados. Na ocasião, se notabilizou por usar jatinhos da Forca Aérea Brasileira (FAB) para fins pessoais, inclusive para levar sua noiva e parentes dela de Natal para assistir a um jogo da seleção brasileira no Rio de Janeiro.

O caso levou a imprensa a fazer uma devassa nas viagens de políticos da Câmara, do Senado e do governo Dilma e relevar uma verdadeira farra com os aviões militares. Um dos casos envolvia o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que usou um jato para viajar de Brasília a Recife com o objetivo de se submeter a um implante capilar.

Antes de integrar o governo Temer, Alves também foi ministro do Turismo de Dilma Rousseff entre abril de 2015 e março de 2016. Deixou o cargo na esteira do desembarque do PMDB da administração petista.

A defesa do ex-ministro informou ainda não se manifestou. A operação que prendeu Alves foi batizada como "Manus", uma referência ao provérbio latino "Manus Manum Fricat, Et Manus Manus Lavat": uma mão esfrega a outra, uma mão lava a outra.

Duas semanas atrás, a PF também prendeu temporariamente um antigo membro do círculo de poder do presidente Michel Temer por suspeita de participação em desvios nas obras de outro palco da Copa do Mundo, o Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. Na ocasião, o assessor especial da Presidência Tadeu Filippelli foi preso junto com dois ex-governadores do Distrito Federal - Agnelo Queiroz (PT) e José Roberto Arruda (PR). Filippelli acabou sendo exonerado no mesmo dia.

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