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CriminalidadeBrasil

PF prende suspeitos de mandar matar Marielle Franco

24 de março de 2024

Domingos e Chiquinho Brazão, conselheiro do TCE e deputado federal, além de ex-chefe da Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa, são alvos da operação que apura mandantes do crime.

Cartaz pergunta "Quem mandou matar Marielle Franco?"
Foto: Cris Faga/Zumapress/picture alliance

A Polícia Federal (PF) prendeu neste domingo (24/03) três suspeitos de ordenar o assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol) no Rio de Janeiro em março de 2018. Os detidos foram o deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ), o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE) Domingos Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio.

Os mandados de prisão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ocorrem no âmbito da Operação Murder Inc, que apura os assassinatos de Marielle e do motorista Anderson Gomes, além da tentativa de homicídio da assessora Fernanda Chaves, que estava no carro no momento do crime.

A PF cumpre ainda neste domingo 12 mandados de busca e apreensão, todos na cidade do Rio. Segundo a TV Globo, entre os alvos estão o delegado Giniton Lages, titular da Delegacia de Homicídios na época dos assassinatos e o primeiro a investigá-los. O ministro do STF Alexandre de Moraes teria determinado ainda o afastamento de Lages de sua atual função.

Outro alvo de busca e apreensão, segundo a TV Globo, seria Erica de Andrade Almeida Araújo, mulher de Rivaldo Barbosa, que teve ainda seus bens bloqueados e a suspensão da atividade comercial de sua empresa – segundo a PF, ela lavava dinheiro para o marido.

A ação da PF é realizada em conjunto com a Procuradoria-Geral da República e o Ministério Público do Rio, e tem apoio ainda da Secretaria de Estado de Polícia Civil do Rio e da Secretaria Nacional de Políticas Penais, do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

A operação tem como alvos os autores intelectuais das execuções, um crime que completou seis anos em 14 de março. São apurados ainda os crimes de organização criminosa e obstrução de justiça.

Os presos

Domingos e Chiquinho Brazão são irmãos e sempre negaram envolvimento no assassinato. O primeiro, conselheiro do TCE-RJ, foi mencionado no processo ainda no primeiro ano das investigações, 2018, e prestou depoimento três meses após o crime.

Já Rivaldo Barbosa é hoje coordenador de Comunicações e Operações Policiais da Polícia Civil do Rio e, à época do atentado contra Marielle, atuava como chefe da corporação. 

Ao anunciar a prisão de Barbosa e dos irmãos Brazão neste domingo, autoridades brasileiras reforçaram que a motivação do crime é "complexa", citando, como exemplo, disputas fundiárias envolvendo interesses da milícia.

Rivaldo Barbosa, por sua vez, como chefe da Polícia Civil, é suspeito de ter aceitado não investigar o crime e de ter participado de seu planejamento.

Segundo a imprensa brasileira, os três presos serão encaminhados para Brasília e transferidos para uma penitenciária federal.

As prisões ocorrem dias depois de o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, anunciar a homologação no STF da delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa. Ele está preso desde 2019, acusado de ser o autor dos disparos que mataram Marielle e Anderson.

"Essa colaboração premiada traz elementos importantíssimos que nos levam a crer que brevemente nós teremos a solução do assassinato da vereadora Marielle Franco", disse Lewandowski ao anunciar a homologação. Segundo informações divulgadas pela imprensa, Lessa apontou em sua delação quem teriam sido os mandantes do crime.

Reações

Neste domingo, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã de Marielle, agradeceu o empenho da PF, do governo federal, do Ministério Público e do ministro do STF Alexandre de Moraes.

"Estamos mais perto da justiça", afirmou Anielle nas redes sociais. "Só Deus sabe o quanto sonhamos com esse dia! Hoje é mais um grande passo para conseguirmos as respostas que tanto nos perguntamos nos últimos anos: quem mandou matar a Mari e por quê?"

Em entrevista à emissora GloboNews ao lado da mãe, Marinete Silva, Anielle ainda disse ter ficado surpresa com a prisão de Rivaldo Barbosa, relatando que a relação da família com o delegado era de confiança no início das investigações sobre as mortes.

"A minha filha confiava nele e no trabalho dele. [...] É uma tristeza muito grande ver o nome dele nessa lama", afirmou Marinete, mãe de Marielle. "É um domingo de muita dor mas também para se fazer justiça", acrescentou.

Marcelo Freixo, ex-deputado federal e amigo de Marielle, que foi assessora dele, também comentou as suspeitas sobre Rivaldo Barbosa. "Foi para Rivaldo que liguei quando soube do assassinato da Marielle e do Anderson e me dirigia ao local do crime", disse o hoje presidente da Embratur. "Agora Rivaldo está preso por ter atuado para proteger os mandantes do crime, impedindo que as investigações avançassem. Isso diz muito sobre o Rio de Janeiro."

Já o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, celebrou a operação nas redes. "O governo federal seguirá cumprindo o seu papel para combater essas quadrilhas violentas que cometem graves crimes contra as famílias brasileiras. A continuidade das investigações vai com certeza esclarecer vários outros crimes", disse.

ek/ra (ots, Agência Brasil)

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