Aumento de efetivo visa acelerar investigações e concluir mais de 270 inquéritos envolvendo políticos com foro privilegiado. Reforço é anunciado em meio a desconfianças em relação à troca feita por Temer na chefia da PF.
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A Polícia Federal (PF) quase dobrou nesta quinta-feira (04/01) o número de delegados responsáveis por investigações da Operação Lava Jato envolvendo políticos com foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal (STF).
Com a decisão de aumentar o número de delegados de nove para 17, a Polícia Federal pretende acelerar as investigações para concluir os 273 inquéritos sobre políticos com foro privilegiado no STF. Destes casos, 124 são exclusivos da Lava Jato.
Segundo uma fonte ouvida pela agência de notícias Reuters, a decisão foi tomada em meio a desconfianças de que o presidente Michel Temer poderia usar a recente indicação de Fernando Segóvia, como diretor-geral da PF, para barrar a Lava Jato.
A escolha de Segóvia, candidato avaliado pela mídia brasileira como bem aceito no meio político, por Temer, no início de novembro, ocorreu menos de um mês após a segunda votação da Câmara que pôs fim à denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República contra o presidente.
Após assumir o cargo, Segóvia chegou a minimizar o episódio envolvendo o ex-assessor de Temer Rodrigo Rocha Loures, que foi flagrado com uma mala com 500 mil reais. Segóvia também nomeou como número dois da PF um ex-candidato a deputado pelo PMDB e ainda trocou o delegado responsável por uma investigação que envolve o presidente e suspeitas de corrupção no Porto de Santos.
Em entrevista à TV Globo, o diretor de combate ao crime organizado da PF, Eugênio Ricas, afirmou que os delegados escolhidos devem começar o trabalho na Lava Jato até o fim do mês, em Brasília. Os trabalhos serão liderados por Josélio Azevedo de Souza, que é coordenador de combate à corrupção e ao crime organizado.
CN/rtr/ots
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A corrupção através da história do Brasil
História do país é marcada por episódios de corrupção. Uma seleção com alguns dos mais emblemáticos.
Foto: Reuters/P. Whitaker
As origens
A colonização do Brasil foi baseada na concessão de cargos, caracterizada pelo patrimonialismo (ausência de distinção entre o bem público e privado) e o clientelismo (favorecimento de indivíduos com base nos laços familiares e de amizade). Apesar de mudanças no sistema político, essas características se perpetuaram ao longo dos séculos.
Foto: Gemeinfrei
Roubo das joias da Coroa
Em março de 1882, todas as joias da Imperatriz Teresa Cristina e da Princesa Isabel foram roubadas do Palácio de São Cristóvão. O roubo levou a oposição a acusar o governo imperial de omissão, pois as joias eram patrimônio público. O principal suspeito, Manuel de Paiva, funcionário e alcoviteiro de Dom Pedro 2º, escapou da punição com a proteção do imperador. O caso ajudou na queda da monarquia.
Foto: Gemeinfrei
A República e o voto do cabresto
Em 1881 foi introduzido no país o voto direto, porém, a maioria da população era privada desse direito. Na época, podiam votar apenas homens com determinada renda mínima e alfabetizados. Durante a Primeira República (1889 – 1930), institucionaliza-se no Brasil o voto do cabresto, ou seja, o controle do voto por coronéis que determinavam o candidato que seria eleito pela população.
Foto: Gemeinfrei
Mar de lama
Até década de 1930, a corrupção era percebida comu um vício do sistema. A partir de 1945, a corrupção individual aparece como problema. Várias denúncias de corrupção surgiram no segundo governo de Getúlio Vargas. O presidente foi acusado de ter criado um mar de lama no Catete.
Foto: Imago/United Archives International
Rouba mas faz
Engana-se quem pensa que Paulo Maluf é o criador do bordão "rouba mas faz". A expressão foi atribuída pela primeira vez a Adhemar de Barros (de bigode, atrás de Getúlio), governador de São Paulo por dois mandatos nas décadas de 1940 e 1960. O político ganhou fama por realizar grandes obras públicas, e nem mesmo as acusações constantes de corrupção contra ele lhe impediram de ganhar eleições.
Foto: Wikipedia/Gemeinfrei/DIP
Varrer a corrupção
Em 1960, o candidato à presidência da República Jânio Quadros conquistou a maior votação já obtida no país para o cargo desde a proclamação da República. O combate à corrupção foi a maior arma do político na campanha eleitoral, simbolizado pela vassoura. Com a promessa de varrer a corrupção da administração pública, Jânio fez sucesso entre os eleitores.
Foto: Imago/United Archives International
Ditadura e empreiteiras
Acabar com a corrupção foi um dos motivos usados pelos militares para justificar o golpe de 1964. Ao assumir o poder, porém, o novo regime consolidou o pagamento de propinas por empreiteiras na realização de obras públicas. Modelo que se perpetuou até os dias atuais e é um dos alvos da Operação Lava Jato.
Foto: picture-alliance/AP
Caça a marajás
Mais uma vez um presidente que partia em campanha eleitoral prometendo combater a corrupção foi aclamado com o voto da população. Fernando Collor de Mello, que ficou conhecido como "caçador de marajás", por combater funcionários públicos que ganhavam salários altíssimos, renunciou ao cargo em 1992, em meio a um processo de impeachment no qual pesavam contra ele acusações que ele prometeu combater.
Foto: Imago/S. Simon
Mensalão
Em 2005, veio à tona o esquema de compra de votos de parlamentares aplicado durante o primeiro governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva, que ficou conhecido como mensalão. O envolvimento no escândalo de corrupção levou diversos políticos do alto escalão para a prisão, entre eles, o ex-ministro José Dirceu e o ex-presidente do PT José Genoino.
Foto: picture-alliance/robertharding/I. Trower
Lava Jato
A operação que começou um inquérito local contra uma quadrilha formada por doleiros tonou-se a maior investigação de combate à corrupção da história do país. A Lava Jato revelou uma imensa rede de corrupção envolvendo a Petrobras, empreiteiras e políticos. O pagamento de propinas por construtoras, descoberto na operação, provocou investigações em 40 países.