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CriminalidadeBrasil

PF realiza perícia em barco de suspeito no Amazonas

10 de junho de 2022

Vestígios de amostras biológicas podem ajudar a esclarecer paradeiro de indigenista brasileiro e jornalista britânico. Jornais internacionais, como "New York Times" e outros, pedem que Bolsonaro reforce as buscas.

Lanchas de equipes de resgate participa das buscas por Dom Philips e Bruno Pereira na região do Vale do Javari, no Amazonas
Equipes de resgate participam das buscas por Dom Philips e Bruno Pereira na região do Vale do Javari, no AmazonasFoto: Brazilian Ministry Of Defense/Handout via REUTERS

A Polícia Federal (PF) informou nesta quinta-feira (09/06) que será realizada uma perícia no que acredita ser material genético encontrado na lancha de Amarildo Oliveira, o pescador conhecido como "Pelado", suspeito de envolvimento no desaparecimento do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira.

Amarildo, de 41 anos, foi preso na última terça-feira por posse de "munição de uso restrito, além de chumbinhos e uma substância entorpecente", segundo informações da PM.

Testemunhas disseram aos policiais que o seu barco teria perseguido a embarcação que transportava Pereira e Phillips antes do desaparecimento de ambos.

Phillips e Pereira desapareceram quando percorriam de barco o trajeto entre a comunidade ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte, no vale do Javari, no estado do Amazonas. Eles foram vistos pela última vez na manhã de domingo, quando deixaram São Rafael.

De acordo com a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), da qual Pereira faz parte, a dupla deveria ter chegado em Atalaia do Norte por volta de 8h ou 9h de domingo. A Univaja enviou equipes de busca no mesmo dia, mas sem sucesso.

Histórico de ameaças

De acordo com a Univaja, Amarildo teria histórico de ameaças e atos de violência contra indígenas e indigenistas. O advogado da entidade, Eliésio Marubo, revelou que, no último final de semana, Amarildo teria ameaçado alguns dos integrantes do grupo.

Dias antes da viagem, Marubo, Pereira e outros membros da equipe da Univaja haviam recebido uma carta com ameaças de morte.

Em meados de abril, integrantes da entidade registraram boletim de ocorrência relatando ameaças de pescadores, que juraram assassiná-los em praça pública.

Teria havido ainda uma tentativa de agressão por parte dos pescadores, que disseram que dariam "tiros na cara" deles, além de afirmarem que eles teriam o mesmo fim que um servidor da Funai morto a tiros em 2019.

Os peritos da PF investigam "possíveis vestígios de amostras biológicas e digitais deixadas na lancha, tanto pelo suspeito quanto pelos tripulantes", afirmou a corporação. A perícia poderá resultar na obtenção de uma prova técnica que relacione o suspeito diretamente ao desaparecimento.

Amarildo é uma das seis pessoas que foram ouvidas pelas forças de segurança que atuam nas buscas pelos desaparecidos.

Imprensa internacional pede intervenção de Bolsonaro

Editores de jornais renomados, como o New York Times, The Guardian, Wall Street Journal, Washington Post, juntamente com várias agências de notícias, enviaram uma carta ao presidente Jair Bolsonaro pedindo a intensificação das buscas por Phillips e Pereira.

No documento, assinado também pela Folha de S. Paulo e pelas agências de notícias Associated Press, France Presse, Bloomberg News e outras 18 publicações internacionais, os editores expressaram preocupação com a segurança de Phillips, com quem muitos deles trabalharam.

"Estamos muito preocupados com relatos do Brasil de que os esforços de busca e resgate até agora têm recursos mínimos, com as autoridades nacionais demorando a oferecer assistência mais do que muito limitada", afirmaram os editores. "Dom é um jornalista respeitado globalmente com um profundo amor pelo Brasil e seu povo."

"Pedimos que intensifique com urgência e recorra totalmente ao esforço para localizar Dom e Bruno, e que forneça todo o apoio possível às suas famílias e amigos", escreveram.

rc (ots)

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