Depois de duas semanas sem dar notícias, robô reage a comandos e envia dados sobre cometa. Desafio de pesquisadores agora é descobrir motivo de falhas na comunicação.
Anúncio
Após mais de duas semanas em silêncio, o módulo Philae, que se encontra na superfície do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, voltou a fazer contato, confirmou nesta sexta-feira (10/07) o Centro Aeroespacial Alemão (DLR). A inesperada reação intrigou pesquisadores.
"Nós não temos nenhuma explicação, por que ele se comunicou agora e nos outros dias não", afirmou Koen Geurts, engenheiro da DLR. No último domingo, os pesquisadores tentaram ligar o instrumento científico Consert do robô, mas o módulo não reagiu.
De acordo com o especialista, não houve alteração na órbita da sonda-mãe Rosetta em torno do cometa nas últimas três semanas que pudesse explicar essa mudança. Geurts afirma ainda que, até o momento, o Philae sobreviveu a duras condições e reage aos comandos da DLR. "Essas são notícias extremamente boas para nós", ressaltou.
O recente contato aconteceu na noite de quinta-feira e, apesar de várias interrupções, durou ao todo 12 minutos. Entre os dados enviados, estão alguns recolhidos pelo Consert. "Vimos que o comando enviado no dia 9 de julho ligou com sucesso o instrumento", disse Geurts.
Depois de uma viagem de dez anos pelo espaço, o Philae aterrissou finalmente em novembro no destino, tornando-se o primeiro robô a pousar em um cometa. No entanto, o módulo acabou se fixando em uma área de sombra, dificultando a captação de energia solar e a recarga de sua bateria.
Antes de descarregar, o Philae havia conseguido enviar algumas informações sobre o cometa para Rosetta, a 180 quilômetros de distância. Na medida em que o cometa se aproxima do sol, o Philae está acordando aos poucos.
Após sete meses de hibernação, em meados de junho, o módulo fez o primeiro contato. Porém, as interações com o módulo são sempre irregulares. "Precisamos analisar por que funcionou agora e por que não funcionou em outros momentos. Essa é a dificuldade ainda", afirmou a porta-voz da DLR Manuela Braun, acrescentando que a posição exata do robô continua sendo um mistério e é possível que ele esteja parcialmente coberto.
No dia 13 de agosto o cometa irá atingir o ponto mais próximo do Sol. O projeto tem como objetivo avançar nos estudos da formação do sistema solar.
CN/dpa/apf
Os dez destaques científicos de 2014 na "Science"
Revista especializada "Science" elege as dez mais importantes descobertas e invenções do ano. No topo da lista está a missão Rosetta, com o robô Philae.
Foto: ESA via Getty Images
Significativo como o pouso na Lua
A maior conquista científica do ano foi a missão Rosetta, com o desembarque da sonda Philae no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, em 12 de novembro. Com 20 instrumentos a bordo, a missão visa explorar as origens da vida na Terra e a formação do universo.
Foto: ESA/Rosetta/Philae/CIVA
Primeira pincelada humana
Mesmo que o pincel na época fosse diferente, as primeiras pinturas rupestres conhecidas têm cerca de 40 mil anos de idade. Elas foram descobertas este ano numa caverna de calcário na ilha indonésia de Celebes. Até então, as mais antigas amostras de pinturas humanas eram as da Europa.
Foto: Anthony Dosseto 2013
Primeiro organismo semissintético
Pesquisadores do Instituto Scripps, nos Estados Unidos, conseguiram em 2014 ampliar a sequência química do DNA de uma bactéria. Acrescentando duas bases artificiais às quatro subunidades de uma cadeia de DNA já existente, eles modificaram o material genético de um organismo vivo. Seu objetivo era descobrir se o DNA ampliado também apresenta novas capacidades.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Warmuth
Parentesco entre dinossauros e pássaros
Várias equipes de pesquisa investigaram a conexão entre aves e dinossauros. Uma constatação é que provavelmente os répteis primeiro desenvolveram uma estrutura física mais leve, facilitando sua busca de abrigo e alimento. Numa fase posterior de desenvolvimento, já como aves, conseguiram levantar então voo com a ajuda das asas.
Foto: picture-alliance/dpa
Esperança na terapia da diabetes
Dois grupos de pesquisadores criaram métodos para imitar as células beta. No pâncreas, elas cuidam que a produção de insulina seja suficiente para controlar o nível de açúcar no sangue. Em pacientes com diabetes tipo 1, essas células são destruídas pelo próprio corpo. e por isso eles têm que receber insulina. Agora há esperança de desenvolver um tratamento para a doença.
Foto: Fotolia/Dmitry Lobanov
Fonte da juventude para ratos
Pesquisadores descobriram que quando a proteína GDF11, retirada do sangue de camundongos de laboratório jovens, é injetada em animais mais velhos, os músculos e cérebro destes se regeneram. Outros cientistas, que usaram sangue e plasma, conseguiram provar que a memória das cobaias melhorou. Agora estão sendo feitos experimentos para deter o mal de Alzheimer com a ministração de plasma sanguíneo.
Foto: picture-alliance/dpa/Marks
Cérebro programável
Com um feixe de laser, é possível reprogramar células de memória geneticamente modificadas de camundongos. Através da técnica conhecida como optogenética, foi possível até substituir más experiências por boas. Agora, os pesquisadores de Stanford esperam também poder curar doenças cerebrais dessa maneira.
Foto: psdesign1/Fotolia.com
Cérebro humano num chip
Chips neuromórficos são microprocessadores que imitam o cérebro humano através de circuitos eletrônicos. Especialistas em informática da IBM conseguiram dar um passo importante nesse sentido. O novo chip, chamado TrueNorth, é especializado em reconhecer padrões e identificar objetos.
Foto: gemeinfrei
Robôs inteligentes
Diversos especialistas em informática conseguiram desenvolver robôs munidos de inteligência de enxame. A tal ponto, que as máquinas foram capazes de construir estruturas simples independentemente, sem ajuda humana. Nesse procedimento, o aspecto mais importante é a cooperação dos próprios robôs entre si.
Foto: picture-alliance/dpa
Satélites do laboratório estudantil
Estudantes dão os últimos retoques no minissatélite que construíram. Esses satélites em forma de cubo existem há algum tempo. Mas 2014 foi um ano de sucesso histórico, com 75 deles sendo lançados em órbita terrestre. Os equipamentos são ideais para realizar tarefas de pesquisa bem específicas, mas não têm espaço para muitos instrumentos.