Photokina apresenta as rápidas mudanças no mundo da fotografia
16 de setembro de 2014Soa curioso: a indústria fotográfica diminuiu, mas mesmo assim há otimismo no setor. A previsão é que o faturamento do ano anterior seja repetido em 2014. "Estamos falando de um mercado de 20 bilhões de euros só na Alemanha", diz Christian Müller-Rieker, diretor-executivo da associação da indústria fotográfica alemã.
Essa é uma estimativa conservadora, já que se orienta apenas pelos números relacionados ao hardware. O mercado total é ainda maior. "Temos agora novos serviços, que não ainda não podemos medir de forma concreta: entre eles estão os apps, as mídias sociais, os serviços de computação em nuvem e programas para trabalhar imagens. Eu poderia continuar acrescentando itens a essa lista."
Mudança de foco
No ano de 2014, cerca de 5,2 milhões de câmeras fotográficas deverão ser vendidas na Alemanha, um recuo de 13% em relação ao ano anterior, quando 6 milhões de câmeras foram comercializadas. A queda no faturamento é menor, de 4,6% (1,45 bilhão de euros), já que o recuo está concentrado nas câmeras compactas e de baixo custo. Elas estão sendo pressionadas pelo crescimento do mercado de smartphones. Com isso, a indústria da fotografia muda de foco já em 2014.
"Quem se 'viciou' em tirar fotos ou fazer vídeos com o smartphone vai querer se aprofundar no assunto e pode em algum momento querer comprar uma câmera 'de verdade'", diz Müller-Rieker. Esse cliente não vai se interessar por uma câmera simples, mas deve partir direto para as câmeras que possibilitam a troca de lentes, como as reflex.
As vendas de smartphones aumentam há seis anos consecutivos na Alemanha e já chegam a 24 milhões de aparelhos por ano. Mas os preços caíram por causa da forte concorrência, especialmente dos fabricantes chineses. Para o setor, a queda nos preços significa também queda no faturamento, que deve diminuir de 6 bilhões para 4,5 bilhões de euros no próximo ano.
Esportes e aplicativos
Conectividade com outros aparelhos e com a internet é o tema da Photokina 2014, feira de fotografia e imagem que acontece de 16 a 21 de setembro em Colônia. Além disso, todas as câmeras de alta qualidade também fazem vídeos, o que gera uma demanda por programas de edição de imagem. Segundo Müller-Rieker, isso é o que está impulsionando o mercado.
Ele também vê com otimismo outros setores do mercado, com o das action-cams, utilizadas para registrar a prática de esportes. "Você não sai mais de férias sem ver jovens surfando ou esquiando utilizando uma câmera. Esse é um dos grandes tópicos da Photokina 2014." Com o aumento do número de produtores nesse segmento, cresce também a variedade de modelos.
Aplicativos de fotografia, vídeo e serviços de computação na nuvem também são destaques na edição deste ano da feira. "Estimamos que existem cerca de 50 mil aplicativos nesse setor. Esses pequenos softwares que ampliam as funções das câmeras são um dos tópicos mais importantes este ano."
Impressão 3D e câmeras plenópticas
Durante seus seis dias, a Photokina também mostra tendências como a impressão 3D e as câmeras plenópticas, que utilizam a chamada tecnologia de campo de luz. Com elas, é possível ajustar o foco depois que a foto foi tirada.
Outro destaque são as câmeras com a nova tecnologia 4K, que produz imagens quatro vezes mais nítidas do que as fotos feitas na resolução HD convencional.
Por fim, há ainda o bom e velho papel de parede, mas agora é possível ampliar as próprias fotos ou criar novos motivos para personalizar as paredes da casa.
A indústria também tem grande expectativa em relação aos wearables, pequenos dispositivos de alta tecnologia equipados com câmeras que podem gerar e enviar imagens a todo o tempo. Esses dispositivos são oferecidos em forma de pingentes, óculos, relógios ou broches. De acordo com especialistas, esses aparelhos "usáveis" podem, na próxima década, substituir os smartphones.
Nova função da fotografia
Ainda não se sabe aonde essas novas tendências e tecnologias vão levar a arte de fotografar, mas, nos 175 anos da fotografia, o uso e a função das fotos mudaram. "As imagens não apenas documentam, como antes, mas também têm a função de comunicar", diz Müller-Rieker. "As bilhões de imagens carregadas diariamente nas redes sociais mostram que o boom da imagem ainda deve continuar."
O tamanho desse boom pode ser ilustrado em números: estatísticas mostram que, só na Alemanha, cerca de duas mil fotos são tiradas por segundo.