Pilotos alemães se recusam a participar de deportações
Elizabeth Schumacher fc
4 de dezembro de 2017
Mais de 200 voos planejados são interrompidos por pilotos que não querem fazer parte do controverso retorno de migrantes ao Afeganistão. Alemanha registra número recorde de recursos contra pedidos de refúgio negados.
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Uma série de pilotos na Alemanha vem se recusando a participar de deportações de migrantes que tiveram seus pedidos de refúgio rejeitados, afirmou a mídia local nesta segunda-feira (04/12). Ao mesmo tempo, um número recorde de migrantes vem apelando à Justiça contra ordens de deportação.
Após a legenda A Esquerda pedir informações, o governo alemão afirmou que 222 voos planejados foram interrompidos por pilotos que não queriam fazer parte da controversa deportação de migrantes ao Afeganistão, que foi considerado um "país de origem seguro" em alguns casos, apesar da violência e repressão em curso em partes do país.
Cerca de 85 das recusas, entre janeiro e setembro de 2017, vieram da principal companhia aérea alemã, Lufthansa, e sua subsidiária Eurowings. Cerca de 40 delas ocorreram no aeroporto de Düsseldorf, onde as deportações controversas são acompanhadas regularmente por protestos.
A maioria dos voos cancelados, cerca de 140, deveriam partir do aeroporto de Frankfurt, o maior e mais importante hub – centro de distribuição de voos – da Alemanha.
Apesar de um aumento nas deportações, a Alemanha continua sendo o principal destino de migrantes na União Europeia – tanto que, em 2017, o país processou mais pedidos de refúgio do que os outros 27 países do bloco europeu juntos.
O jornal alemão Die Welt, citando dados do Departamento de Estatísticas da União Europeia (Eurostat), afirmou que o Departamento de Migração e Refugiados da Alemanha (Bamf) decidiu sobre 388.201 pedidos de refúgio nos primeiros seis meses de 2017.
Ao mesmo tempo, à medida que a Alemanha intensifica as deportações, o número de requerentes de refúgio que apelam contra as decisões registrou um aumento significativo. Quase metade das decisões tomadas pelo Bamf no primeiro semestre deste ano foi levada à Justiça.
Isso representa quase o dobro da quantidade de recursos apresentados durante o mesmo período de 2016 – atualmente, estão na Justiça um em cada quatro casos de requerentes de refúgio que apelam quanto a seu status.
De acordo com a emissora de televisão pública NDR, esses processos custaram a Berlim cerca de 19 milhões de euros de janeiro a novembro de 2017, um aumento de 7,8 milhões de euros em relação ao ano anterior.
A fim de reduzir o número de recursos e acelerar as deportações, o governo em Berlim propôs um programa, com início previsto em fevereiro de 2018, que pagaria 3 mil euros para requerentes que tiveram seus pedidos de refúgio rejeitados como incentivo para que aceitem voluntariamente a deportação.
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As imagens que marcaram a crise migratória
Fotos impressionantes do enorme fluxo de migrantes para a Europa em 2015 e 2016 circularam pelo mundo. No Dia Mundial do Refugiado, vale lembrar a perseverança dos que foram forçadas a deixar seus países.
Foto: Getty Images/AFP/A. Messinis
A meta: sobreviver
Uma jornada combinada com sofrimento e perigo para corpo e alma: para fugir da guerra e da miséria, centenas de milhares de pessoas, principalmente da Síria, viajaram pela Turquia para a Grécia em 2015 e 2016. Ainda há cerca de 10 mil pessoas nas ilhas de Lesbos, Chios e Samos. De janeiro a maio deste ano, chegaram mais de 6 mil novos refugiados.
Foto: Getty Images/AFP/A. Messinis
A pé até a Europa
Em 2015 e 2016, milhões de pessoas tentaram, a pé, chegar à Europa Ocidental através da Turquia ou da Grécia até a Macedônia, Sérvia e Hungria. Este fluxo não parou mesmo depois de a chamada rota dos Bálcãs ter sido fechada e muitos países terem bloqueado suas fronteiras. Hoje, a maioria dos refugiados vai para a Europa usando a perigosa rota pelo Mediterrâneo através da Líbia.
Foto: Getty Images/J. Mitchell
Consternação mundial
Esta foto chocou o mundo em setembro de 2015: numa praia da Turquia foi encontrado o corpo do menino sírio Aylan Kurdi, de 3 anos. A imagem se espalhou rapidamente pelas redes sociais e se tornou um símbolo da crise dos refugiados. Depois dela, a Europa não podia mais se omitir.
Foto: picture-alliance/AP Photo/DHA
Caos e desespero
Sabendo que a rota de fuga para a Europa seria fechada, milhares de refugiados tentaram desesperadamente entrar em trens e ônibus na Croácia. Alguns dias depois, em outubro de 2015, a Hungria fechou a fronteira e criou campos com contêineres, onde os refugiados seriam mantidos durante a análise de seu pedido de asilo político.
Foto: Getty Images/J. J. Mitchell
Hostilidades
A indignação foi grande quando uma repórter cinematográfica húngara deu uma rasteira num refugiado sírio que corria com um menino no colo. Ele tentava passar por uma barreira policial na fronteira húngara em setembro de 2015. No auge da crise de refugiados aumentavam as hostilidades contra imigrantes, com ataques xenófobos a abrigos de refugiados também na Alemanha.
Foto: Reuters/M. Djurica
Fronteiras fechadas
O fechamento oficial da rota dos Bálcãs, em março de 2016, gerou tumultos nos postos de fronteira, onde milhares de migrantes não puderam mais avançar e houve relatos de violência policial. Muitos, como estes refugiados, tentaram contornar os postos de fronteira entre a Grécia e a Macedônia.
Uma criança ensanguentada coberta de poeira: a fotografia de Omran, de 5 anos, chocou o público em 2016 e se tornou um símbolo dos horrores da guerra civil da Síria e do sofrimento de seu povo. Um ano mais tarde, novas imagens mostrando o menino bem mais feliz circularam na internet. Apoiadores do presidente sírio afirmam que a primeira imagem foi usada para fins de propaganda.
Foto: picture-alliance/dpa/Aleppo Media Center
Em busca de segurança
Um sírio carrega a filha na chuva em Idomeni, entre a Grécia e a Macedônia. Ele procura abrigo na Europa. Segundo o Regulamento de Dublin, o asilo político precisa ser solicitado no primeiro país da União Europeia a que o refugiado chegou. Por isso, muitos que prosseguem viagem são mandados de volta. Por sua localização fronteiriça, Itália e Grécia são os países onde mais chegam refugiados.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
Esperança
A Alemanha continua sendo o principal destino dos migrantes, embora a política de refugiados e de asilo do país tenha se tornado mais restritiva após o grande afluxo no final de 2015. Nenhum outro país europeu acolheu tantos refugiados como a Alemanha, que recebeu 1,2 milhão de pessoas desde 2015. A chanceler federal Angela Merkel foi um ícone para muitos dos recém-chegados.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Hoppe
Miséria nos campos de refugiados
No norte da França, um enorme campo de refugiados, a chamada "Selva de Calais", foi fechado. Durante a evacuação, em outubro de 2016, houve um incêndio no acampamento. Cerca de 6.500 moradores foram removidos para outros abrigos na França. Meio ano depois, organizações de ajuda relataram sobre muitos refugiados menores de idade que vivem como sem-teto em volta da cidade de Calais.
Foto: picture-alliance/dpa/E. Laurent
Afogamentos no Mediterrâneo
ONGs e guardas costeiras estão constantemente à procura de barcos de migrantes em perigo. Eles preferem atravessar o mar em embarcações precárias superlotadas a viver sem perspectivas na pobreza ou em meio à guerra civil. Só em 2017, a travessia já custou 1.800 vidas. Em 2016 foram registrados 5 mil mortos.
Foto: picture alliance/AP Photo/E. Morenatti
Milhares esperam na Líbia
Centenas de milhares de refugiados da África Subsaariana e do Oriente Médio esperam em campos líbios para atravessar o Mar Mediterrâneo. Muitos estão nas mãos de contrabandistas humanos e traficantes de pessoas. As condições nesses locais são catastróficas, dizem ONGs. Testemunhas relatam casos de escravidão e prostituição forçada. Ainda assim, continua vivo o sonho de chegar à Europa.
Foto: Narciso Contreras, courtesy by Fondation Carmignac