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Teatro-dança

dpa (sm)2 de junho de 2008

Estreou em Wuppertal a mais nova peça de teatro-dança da coreógrafa alemã Pina Bausch. Seis mulheres e três homens revelam-se diante do público, sem se esconder por trás de papéis.

As mulheres estão em primeiro plano no novo espetáculo de Pina BauschFoto: Ulli Weiss

A nova peça da coreógrafa alemã Pina Bausch, recém-estreada em Wuppertal, tem um tema bastante claro: o indivíduo e seu inestimável valor. Só nove membros da companhia atuam em cena: seis mulheres e três homens. A colagem é dividida em dois atos, cada um com 20 episódios. O repertório das músicas gravadas vai de Barry Adamson a Tom Waits.

Dançar a si mesmo

Logo na primeira cena, o tema fica claro. Regina Advento traz um recipiente de metal na mão e o faz soar, passando cuidadosamente uma haste ao longo da borda. Atraídos pelo som, três bailarinos entram em palco e começam a disputá-la. Ela se entrega ao jogo, lisonjeada, mas logo se desvencilha de seu parceiro, deslocando-se até o centro do palco e depois para a rampa, onde começa a falar com o público.

O nome dela é "Redgina" Advento. Não Regina, mas sim REDGINA. Ela pede enfaticamente para o público prestar atenção nisso. Depois dança uma coreografia solo, mostrando sua arte na mais clara luz. Ela se movimenta sobretudo da cintura para cima, movendo os braços com grande expressividade e esboçando nuances delicadas com as mãos.

Regina Advento dança a si mesma. Uma mulher que se deleita por se sentir atraente, mas teme a efemeridade. Uma mulher que ama a vida, mas sabe que não vai durar para sempre. Uma bailarina que sabe que seu valor de mercado depende do reconhecimento: "REDGINA, não Regina!".

Esse modelo também é seguido por outras mulheres – cada uma de seu jeito. Nazareth Panadero faz piadas, mas insiste ainda mais em gravar seu nome na memória do público. E depois as outras – cada solista com um perfil próprio, inconfundível.

Todos iguais perante a dança

Essa é a singularidade da companhia de Pina Bausch. Nas companhias de balé à moda antiga, existem hierarquias: lá em cima, os coreógrafos à semelhança de Deus, as estrelas, e em baixo, o corpo de dança. Na companhia de teatro-dança de Wuppertal, todos são iguais.

Só os homens parecem ser negligenciados, como uma espécie de punição. A figurinista Marion Cito os veste de preto, enquanto as damas brilham em cores vivas e vestidos ostentativos. Os homens auxiliam as mulheres, enquanto elas dançam. Só quando elas querem testar seu poder de atração, eles têm permissão de se aproximar. No final, cada um tem seu solo, mas em primeiro plano estão as mulheres.

Pina Bausch busca se aproximar da realidade da consciência humana. Ela investiga isso por meio do movimento, da dança. Sua fonte de inspiração são os dançarinos. Eles fazem sugestões, ela as aceita ou veta, as modifica e compõe numa peça.

Nesta nova produção, o público tem a chance de conhecer de perto alguns integrantes de sua companhia. Basta observá-los de perto para notar o valor que Pina Bausch confere ao indivíduo. Ninguém é obrigado a se esconder por trás de um papel – os bailarinos dançam a si mesmos.

O primeiro ato é alegre, o segundo mais melancólico. A peça ainda não está pronta. As produções de Pina Bausch são uma espécie de work in progress, no qual a companhia continua trabalhando depois da estréia. Só após a finalização, a peça adquire um nome definitivo.

Na noite da estréia, as aclamações soaram primeiro em italiano, culminando então em entusiasmo africano. Quando Pina Bausch subiu ao palco, para o aplauso final, o público se levantou em standing ovations – para honrar a coreógrafa e sua companhia.

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