Pinacoteca Moderna inaugurada em Munique
17 de setembro de 2002![](https://static.dw.com/image/632528_800.webp)
"Não se trata de uma fazer uma peregrinação enciclopédica pela arte do século 20, mas sim de dialogar sobre arte através da apreciação de obras representativas", argumenta Carla Schulz-Hoffmann, co-diretora da pinacoteca planejada há anos e inaugurada oficialmente nesta segunda-feira (16). Pintura e escultura, instalações de vídeo e fotografia, desenhos e gravuras, maquetes e objetos de design: ao reunir tudo isso sob o mesmo teto, a pinacoteca confronta e associa diferentes tendências das artes plásticas, do design e da arquitetura. A idéia é possibilitar ao visitante uma "contemplação dialógica" das peças expostas, colocando-o no papel ativo de estabelecer relações entre diferentes manifestações artísticas.
Acervo eclético
A expedição pelo século 20 começa com exemplares das vanguardas, rejeitados como "arte degenerada" pelo nazismo. Entre as obras salvas dos atos iconoclastas dos nazistas encontram-se quadros de Klee, Picasso, Kandinsky, Beckmann, Dix, do grupo expressionista "Die Brücke", em torno dos artistas Ernst Ludwig Kirchner e Emil Nolde. Passando pelo futurismo e surrealismo, a coleção chega às gerações do pós-guerra, incluindo Joseph Beuys, Francis Bacon e Andy Warhol, entre muitos outros.
A coleção de 4000 desenhos e gravuras inclui desde Leonardo da Vinci até artistas contemporâneos. O acervo de arquitetura compreende 350 mil esboços, 100 mil fotos e 500 maquetes, do barroco Balthasar Neumann até o contemporâneo Günter Behnisch, passando pelo modernismo de Le Corbusier e Erich Mendelsohn. Com 50 mil objetos de artes aplicadas dos séculos 20 e 21, a seção de design internacional reúne objetos da revolução industrial até o Bauhaus.
"Catedral de luz"
O diretor geral das Coleções Estatais de Pintura da Baviera, Reinhold Baumstark, define o novo museu como uma "catedral de luz". O edifício projetado pelo arquiteto de Munique Stefan Braunfels, com uma marcante rotunda como eixo das salas de exposição, permite uma simbiose singular entre espaço arquitetônico e obras expostas. A iluminação das obras varia bastante de acordo com a incidência da luz externa.
A rotunda, definida pelo teórico de arquitetura Wolfgang Pehnt como uma "turbina de luz", remete à rotunda classicista do Museu Antigo de Berlim, concebido pelo arquiteto Karl Friedrich Schinkel. Seguindo a "lógica de salões apolínicos", como descreve Pehnt, o mais novo projeto arquitetônico de museu na Alemanha dialoga com a tradição dos templos da arte surgidos no século 19, sobretudo em Berlim e Munique.
Mais contemporâneos
O museu construído com ajuda da iniciativa privada, que bancou mais de 10% dos custos de 121 milhões de euros, pretende ampliar sua coleção contemporânea, ainda pouco representativa. Na opinião do restaurador Bernhart Schwenk, responsável pelas obras a partir da década de 50, uma das principais tarefas do museu será incorporar artistas que começaram a atuar nos anos 80. "São artistas que começaram a lidar de forma consciente com a alteração de linguagens visuais, tematizando os mecanismos e as estratégias da mídia."
Já que a prioridade do museu não é organizar exposições temporárias, mas sim concentrar-se sobretudo no próprio acervo, Schwenk considera necessário explorar e dinamizar a coleção através de encomendas de obras de arte, cuja produção seria custeada pelo museu. Para Schwenk, outra forma de relativizar a concepção estática de museu seria experimentar mais com a espacialização da arte no espaço arquitetônico.