Sul-africano é sentenciado por homicídio culposo após matar namorada a tiros. Juíza diz que serviço comunitário não seria apropriado para o atleta, que alegou ter disparado achando que se tratava de um ladrão.
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Após meses de um dos julgamentos mais assistidos dos últimos anos, a sentença do campeão paraolímpico Oscar Pistorius foi anunciada nesta terça-feira (21/10) em Pretória, na África do Sul. O atleta, que já havia sido condenado por homicídio culposo, foi sentenciado a cinco anos de prisão por matar a namorada Reeva Steenkamp.
Antes de anunciar a sentença, a juíza Thokozile Masipa disse que a sugestão da defesa do atleta sul-africano para que ele fosse condenado a três anos de serviços comunitários "não seria apropriada". Diante de um tribunal lotado e de um réu impassível, a juíza afirmou que a sugestão não seria do interesse da Justiça.
"Seria um dia triste para este país se fosse criada uma impressão de que há uma lei para os pobres e desfavorecidos e outra para os ricos e famosos", disse a juíza.
Ao condenar Pistorius, de 27 anos, por homicídio culposo – quando não há intenção de matar – em setembro, Masipa justificou a sentença afirmando que o atleta agiu de forma negligente ao atirar quatro vezes contra a porta do banheiro de sua luxuosa casa em Pretória, matando Steenkamp, no dia 14 de fevereiro de 2013.
Nesta terça-feira, ao discutir a gravidade do crime cometido por Pistorius, Masipa disse que ele foi responsável por uma "grande negligência". "Ao usar uma arma letal, uma arma de fogo carregada, o réu atirou não uma, mas quatro vezes através da porta. O banheiro era um pequeno cubículo e não havia espaço para a pessoa atrás da porta escapar", disse.
Pistorius começara a ser julgado em 3 de março no Tribunal Superior de Pretória. O atleta sempre alegou que disparou achando que se tratava de um ladrão e que a namorada estaria no quarto.
Conhecido como "Blade Runner" por causa de suas próteses de fibra de carbono, Pistorius se tornou um dos maiores nomes do atletismo nas Olimpíadas de Londres de 2012. Na competição, após perder a prova dos 200 metros rasos T44 para o brasileiro Alan Oliveira, o sul-africano alegou que a competição foi injusta e que estava em desvantagem devido ao comprimento das próteses do brasileiro. Depois, Pistorius pediu desculpas a Oliveira.
LPF/rtr/afp
Assassinato ou tragédia? O julgamento de Pistorius
Na África do Sul, o julgamento de Oscar Pistorius chegou ao fim. O velocista, que matou sua namorada Reeva Steenkamp, em 2013, chorou, vomitou e se desculpou. A queda de um campeão paraolímpico.
Foto: picture-alliance/dpa
As alegações finais
No início de agosto, a promotoria do Ministério Público e os advogados de defesa da estrela esportiva sul-africana apresentaram as suas alegações finais. O promotor-chefe Gerrie Nel reiterou a acusação de assassinato, já o defensor de Pistorius, Barry Roux, exigiu a absolvição.
Foto: picture-alliance/dpa
Imputabilidade penal?
Para responder esta questão, o processo foi interrompido para um exame psiquiátrico, pois uma testemunha declarou que Pistorius sofre de um transtorno de ansiedade. Isto pode ter contribuído para que ele tenha atirado em sua namorada Reeva Steenkamp, na noite de 14 de fevereiro de 2013. Pistorius foi examinado por quatro médicos do Hospital Psiquiátrico Weskoppies.
Foto: Mujahid Safodien/AFP/Getty Images
Um dia na psiquiatria
Os médicos realizaram longas entrevistas com Pistorius e o submeteram a testes de personalidade e neuropsicológicos. Se tivesse sido constatado que o atleta não podia distinguir o certo do errado na época da morte de Steenkamp, ele poderia ter sido internado em uma instalação psiquiátrica. Mas os médicos atestaram a plena culpapilidade de Pistorius.
Foto: picture-alliance/dpa
O homem que escreveu história no esporte
Por diversas vezes, o biamputado Pistorius conquistou medalhas de ouro no atletismo nos Jogos Paraolímpicos. Em 2012, o "Blade Runner" competiu nas Olimpíadas de Londres contra atletas sem deficiências e se tornou o primeiro velocista amputado a alcançar as quartas de finais dos 400 metros rasos. Um sucesso aclamado. Mas apenas nove meses depois veio a queda.
Foto: AP
Pistorius é detido
Na noite de 14 de fevereiro de 2013, Pistorius matou sua namorada Reeva Steenkamp com vários tiros. O Ministério Público falou de assassinato premeditado – a defesa de um erro trágico. Pistorius alegou inocência: ele acidentalmente acertou a namorada através da porta fechada do banheiro, porque ele pensou que Steenkamp era um ladrão.
Foto: AFP/Getty Images
A modelo e o velocista
No momento de sua morte, Reeva Steenkamp estava há apenas alguns meses com Oscar Pistorius. Eles formavam um casal com muito glamour. Ele era considerado um dos astros mais atraentes da África do Sul e ela era eleita regularmente entre as "100 mulheres mais sexy do mundo". Mas o relacionamento não era harmonioso. Uma SMS de Steenkamp a Pistorius dizia: "Às vezes tenho medo de você."
Foto: Reuters
Colapso no tribunal
Em três de março de 2014, começou o julgamento de Pistorius em Pretoria. Chorando, o atleta voltou a alegar sua inocência. Durante o depoimento do patologista que fez a autópsia do corpo de Steenkamp, Pistorius entra em colapso e vomita. Porém, o passado do atleta também ostenta momentos com menos compaixão: testemunhas relatam ataques de raiva, tiroteios e infidelidade.
Foto: Reuters
Sob interrogatório
Elementos que são trazidos à tona pelo promotor Gerrie Nel, inclusive no interrogatório. Ele concluiu: "Você humilhou Reeva. Ela tinha medo de você." Com seu questionário, Nel acuou Pistorius, apontando para contradições. Pistorius novamente entrou em colapso e a juíza voltou a adiar o processo, além de advertir o promotor sobre a sua escolha de palavras.
Foto: Reuters
Vizinhos corroboram versão de Pistorius
No início de maio, os vizinhos de Pistorius são interrogados – e corroboram com a versão do atleta. Ninguém ouviu gritos de uma mulher. "Ele gritou, chorou, rezou", contou um homem. A assistente social Yvette van Schalkwyk, que cuidou de Pistorius na noite da morte, também confirmou a consternação do atleta: "Eu vi um homem quebrado, sofrendo emocionalmente."
Foto: picture-alliance/AP Images
Raiva e desconfiança
June Steenkamp, mãe de Reeva, acompanhou todos os dias do julgamento no tribunal. Pistoriu pediu a ela, à família e aos amigos de Reeva, por perdão e classificou os tiros fatais como uma "tragédia". Repetidas vezes ele entrou em colapso, chorou e precisou vomitar. Os familiares da vítima desconfiam de encenações: segundo a irmã de Reeva, Pistorius é um "mentiroso nojento".
Foto: Kim Ludbrook/AFP/Getty Images
Cobertura ao vivo do julgamento
O processo foi acompanhado, desde o início, por um grande interesse da mídia: pela primeira vez na África do Sul, um julgamento de assassinato pôde ser visto na televisão, em grande parte ao vivo. Apenas as declarações do acusado e das testemunhas foram transmitidas exlcusivamente via áudio.