Quem disse que salada é coisa de vegetariano? Os alemães gostam tanto de salsicha que até criaram um prato frio com ela. Na Baviera, além do embutido, a wurstsalat leva cebola e pepino em conserva.
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Fui apresentada à wurstsalat num biergarten, tradicional bar ao ar livre, em Munique, capital da Baviera. Além de um pretzel e da típica pasta de queijo obazda, a amiga bávara que me recebia disse que eu não poderia deixar a cidade sem provar a salada de salsicha – acompanhada de um caneco de cerveja, é claro.
Trata-se de um prato com poucos ingredientes: salsicha e cebola temperadas com azeite, vinagre, uma pitada de açúcar e cebolinha. Algumas receitas também levam pepino em conserva e mostarda.
A wurst (salsicha) utilizada costuma ser do tipo Lyoner ou Regensburger, semelhantes à nossa mortadela. Também é possível preparar a salada com embutido do tipo Bock. A salsicha é cortada em tirinhas ou fatias finas.
E não é que essa salada aparentemente sem graça combina muito bem com cerveja e uma fatia de pão? É por isso que a "bayrischer wurstsalat" é presença garantida em qualquer biergarten bávaro. Ela pode ser servida como entrada ou como lanche entre as refeições, acompanhada de pão ou batatas.
Como os alemães adoram salsicha, a popularidade da wurstsalat não se restringe às fronteiras da Baviera. Ela é popular em quase todo o sul da Alemanha e nas áreas de fronteira nos países vizinhos.
Na região da Suábia, no sudoeste do país, a salada de salsicha também leva morcilha. A wurstsalat também é bastante apreciada na Alsácia – no oeste da França –, na Suíça e na Áustria. As versões conhecidas como schweizer, strassburger ou elsässer wurstsalat levam tirinhas de queijo emental além de salsicha.
Aprenda a receita bávara:
Ingredientes (para 4 pessoas)
500 g de mortadela fatiada
2 cebolas
2 pepinos em conserva
2 colheres (sopa) de azeite
4 colheres (sopa) de vinagre
sal
pimenta-do-reino
açúcar
cebolinha
Modo de preparo
Cortar as fatias de mortadela em tiras. Cortar as tiras em pedaços menores. Descascar a cebolas e cortá-las em fatias finas. Cortar os pepinos em conserva em fatias finas (se desejar, usar mais de dois pepinos). Numa tigela, misturar a mortadela com o pepino e a cebola.
Em outro recipiente, misturar o azeite, o vinagre, uma pitada de sal, pimenta-do-reino, uma pitada de açúcar e uma xícara de água. Despejar a mistura sobre a salada. Deixar a salada coberta, absorvendo o líquido, até o momento de servir (de preferência por cerca de duas horas).
Lavar e secar a cebolinha e cortar em rodelinhas. Polvilhá-la sobre a salada antes de servir.
Toda semana, a coluna Pitadas traz receitas, curiosidades e segredos da culinária europeia, contados por Luisa Frey, jornalista aspirante a mestre-cuca.
Nove tipos de salsichas alemãs
Seja assada, crua ou cozida, feita de carne ou miúdos, a Alemanha é famosa pela grande variedade de salsichas e linguiças. Veja aqui nossas favoritas.
Foto: Fotolia/HLPhoto
Bratwurst, a salsicha assada
Esta é a salsicha alemã por excelência. Há mais de 50 tipos: o tamanho, a textura e os temperos variam em cada região. Mas o ingrediente principal é sempre a carne moída. A salsicha é assada na frigideira ou na churrasqueira, e quase sempre se come com salada de batata ou dentro de um pão com mostarda.
Foto: picture alliance/dpa Themendienst/M. Scholz
Nürnberger Rostbratwürste, de Nurembergue
As salsichas de Nurembergue são menores que as outras, tendo o tamanho de um dedo. Elas fazem parte da culinária alemã há muito tempo. Foram mencionadas pela primeira vez num documento de 1313. Os alemães tradicionalmente comem essas salsichinhas com chucrute, batatas cozidas e mostarda ou raiz-forte.
Foto: picture alliance/chromorange
Currywurst, salsicha com curry
A salsicha com curry é um dos lanches preferidos dos alemães. Ela pode ser encontrada em qualquer barraca de lanches. Não é nada mais que uma salsicha cortada em pedaços num molho de tomate e pó de curry por cima. O molho foi inventado pela cozinheira berlinense Hertha Heuwer e patenteado por ela em 1959. Em Berlim, há até um museu dedicado a esta especialidade.
Foto: Fotolia/koi88
Weisswurst, a salsicha branca
A salsicha branca é típica da Baviera. A cor desta salsicha feita com carne de vitelo e salsinha realmente é branca, mesmo depois de fervida. Antigamente, quando ainda não havia geladeiras, dizia-se que a salsicha branca não pode escutar o toque de sinos do meio-dia. Ela tem de ser consumida antes. Os bávaros a comem com mostarda doce, pretzel e cerveja, e – isso é importante – sem a pele.
Foto: Fotolia
Blutwurst, morcela de sangue
Este embutido é feito de sangue suíno, toicinho e temperos. Pode-se comer frio, mas também quente. Na Renânia, a região próxima ao rio Reno, muitas vezes é servido com purê de maçãs e batatas. Esta combinação se chama "Himmel un Äd" (Céu e terra). Em Berlim, no entanto, as pessoas costumam comer a morcela de sangue com chucrute e batatas. Eles chamam o prato de "Tote Oma" (Avó morta).
Foto: picture-alliance/dpa/CHROMORANGE
Landjäger, "salsicha do caçador"
A salsicha do caçador, em tradução literal, é muito prática para viagens: serve como lanche para soldados, caçadores ou quem faz longas caminhadas. Esta salsicha defumada é seca no ar. Ela é bastante difundida em todas as regiões onde se fala alemão. Pode ser comida pura ou com pão.
Foto: Imago/McPHOTO
Mettwurst, a salsicha crua
Esta salsicha crua é feita de carne de boi e de carne suína. Na maioria das vezes, é defumada, ou, dependendo da região, também seca no ar. Geralmente tem um sabor forte. Há tipos mais moles, para passar no pão, e outros de cortar, como salame.
Foto: Maria.P./Fotolia
Leberwurst, o patê de fígado
O patê de fígado é amado tanto por crianças quanto por adultos. Há muitas variações, mas o fígado, seja suíno, de vitelo, de caça ou de peru, é sempre o ingrediente principal.
Foto: picture-alliance / KPA/Zeller, Renate
Teewurst, para passar no pão
A teewurst, literalmente "salsicha do chá", é parecida com o patê de fígado, mas é um pouco avermelhada, tem um sabor levemente ácido e possui 40% de teor de gordura. O nome provavelmente se originou do fato de este patê ser passado no pão nas refeições acompanhadas de chá ou café, pela manhã ou à noite.