À base de ovos e batatas, prato símbolo da culinária da Espanha está presente nos lares, bares e restaurantes do país. Apesar da simplicidade dos ingredientes, há alguns segredos para preparar a receita.
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A tortilha de batata é uma das receitas mais características da cozinha espanhola. Servida no café da amanhã, no almoço, no jantar ou como lanche, o simples prato com ovos, batatas, cebola e azeite é muito apreciado em seu país natal e no exterior. Ele costuma figurar na lancheira das crianças e diz-se que se trata da tapa mais pedida em bares e restaurantes de todas as províncias espanholas.
A tortilha é tão popular na Espanha que há até uma expressão com o nome do prato: "dar la vuelta a la tortilla", que quer dizer inverter as circunstâncias ou mudar totalmente a situação – algo como virar o jogo.
Na minha última viagem à Espanha, constatei que os espanhóis chamam a tortilha de batatas de tortilla española, e o que para nós é simplesmente omelete, eles chamam de tortilla francesa.
Para mim, a cebola era essencial na tortilha de batatas, mas descobri que o ingrediente divide opiniões na Espanha. Muitas vezes também se acrescentam outros itens, como pimentão, jamón ou chorizo. Eles podem ser misturados ao ovo e à batata, servir de recheio ou cobrir a tortilha, que pode ser cortada em fatias triangulares ou quadradinhos.
Quanto à origem do prato típico, há muitas versões. De acordo com o recente livro La patata en Espanã - Historia y Agroecología del Tubérculo Andino, a tortilha de batatas teria sido inventada no final do século 18 na localidade de Villanueva de la Serena, no oeste da Espanha, durante a busca por um alimento barato e nutritivo para lutar contra a fome da época.
Outra versão diz que uma dona de casa da comunidade autônoma de Navarra inventou o prato por acidente. A tal senhora teria preparado ovos batidos com batatas e cebola durante a visita de um general. O militar gostou tanto do prato que acabou difundindo-o entre seus pares e, então, a tortilha acabou se popularizando.
Seja qual for a versão correta, fato é que a receita foi um sucesso. Apesar da simplicidade em termos de ingredientes, não é tão fácil assim preparar a tortilha perfeita. O importante é conseguir desgrudá-la da frigideira e girá-la.
Uma dica é usar uma frigideira antiaderente pequena, com cerca de 25 centímetros de diâmetro, e se possível, aquecê-la sobre uma chama a gás – essencial para formar as bordas da tortilha e impedir que elas quebrem, diz a revista de gastronomia Lucky Peach. Para virar a tortilha, é preciso adotar movimentos firmes e não hesitar.
Aprenda a receita clássica, com cebola*:
Ingredientes (para 4 pessoas)
Azeite de oliva
3 cebolas grandes, picadas
½ kg de batata
Sal
6 ovos
Modo de preparo
Numa frigideira média, coloque bastante azeite e a cebola picada e deixe murchar. Retire e deixe escorrer sobre uma toalha de papel. Corte as batatas em pedaços pequenos e frite no mesmo azeite. Espalhe a batata com uma colher de pau para que fique toda coberta pelo azeite. Cubra a frigideira com uma tampa e deixe a batata bem abafada. Quando estiver macia, retire e escorra sobre uma toalha de papel.
Coloque a cebola e a batata numa tigela, misture e tempere com sal a gosto. Bata bem os ovos e misture com a batata e a cebola. Coloque azeite numa frigideira e aqueça bem. Despeje a mistura de batata, cebola e ovo na frigideira e cozinhe por alguns minutos, em fogo baixo, sacudindo a frigideira para não grudar.
Quando a parte inferior da omelete estiver firme e dourada, coloque um prato sobre a frigideira e vire a tortilha sobre ele. Então, deslize a tortilha, com a parte dourada para cima, de volta para a frigideira. Deixe dourar e sirva.
*Receita adaptada do livro A Cozinha Espanhola, de Marta Waldman
Toda semana, a coluna Pitadas traz receitas, curiosidades e segredos da culinária europeia, contados por Luisa Frey, jornalista aspirante a mestre-cuca.
San Sebastián: praia, gastronomia e cultura
Fãs da culinária, surfe, arte e cultura vão ter agenda cheia em San Sebastián, na costa atlântica da Espanha. Junto com Wrocław, na Polônia, a cidade celebra a honra de ser uma das capitais europeias da cultura de 2016.
Foto: San Sebastian Turismo
A vida é uma praia
A família real espanhola escolheu San Sebástian como residência de verão mais de 100 anos atrás. Na época, o sofisticado resort à beira mar, com seus spas em estilo "belle époque", hotéis e cassinos, era um destino popular para a nobreza europeia. Hoje em dia, milhares se dirigem às praias nos arredores da cidade – a famosa Baía de la Concha e a Ilha de Santa Clara.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Etxezarreta
Seis quilômetros de calçadão
Entre o litoral e a cidade, uma avenida beira-mar onde não circulam carros se estende ao longo de seis quilômetros. Saindo da praia de surfistas La Zurriola, ele contorna o Monte Urgull, com suas ondas gigantes, e passa pela escultura "Construcción vacía", de Jorge Oteiza. E há mais esculturas continuando ao longo da Baía de la Concha em direção ao Monte Igueldo.
Foto: San Sebastian Turismo
Gastronomia na cidade velha
No mapa, a zona antiga da cidade é estruturada como um tabuleiro de xadrez, pois ela precisou ser completamente reconstruída após um incêndio em 1813. A rua Fermín Calbetón, coração gastronômico de San Sebastián, atrai numerosos visitantes. Nos muitos bares, os balcões estão abarrotados de iguarias locais, dos peixinhos "boquerones" no pão branco ao "chorizo".
Foto: San Sebastian Turismo
Delícias no espeto, cozinha masculina
"Pintxos" são petiscos servidos em espetinhos de madeira. É uma maneira simples e engenhosa de desfrutar de camarões, lulas, pimentões frito ou carnes deliciosamente preparados. As "sociedades gastronómicas", clubes de cozinha exclusivamente masculinos, são parte da história da culinária local. Calcula-se que existam cerca de 200 dessas instituições, criadas do século 19.
Foto: picture-alliance/Robert B. Fishman
Tradições locais
A Plaza de la Constitución, localizada no centro do bairro antigo de San Sebastián, é onde são realizados as grandes festividades. As fachadas das casas lembram que o lugar já foi uma arena de touradas. Os números pintados nas varandas correspondiam aos ingressos dos espectadores.
Foto: San Sebastian Turismo
Cidade festiva
Desde 2012 o sangrento espetáculo das touradas é proibido em San Sebastián. Mas ainda se veem muitos bonecos de touros durante as grandes festividades, como a "Semana Grande". Todos os anos, em agosto, a cidade marca o dia de Santa Maria com sua maior celebração, incluindo concertos, eventos esportivos e uma gigantesca queima de fogos de artifício.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Etxezarreta
Marco atlântico da cidade
Aos pés do Monte Urgull está a escultura "O pente do vento", do artista basco Eduardo Chillida (1924-2002), composta por duas imponentes estruturas de ferro maciço lembrando pinças, que se movem uma em direção a outra através da violenta rebentação do Oceano Atlântico. O artista amava sua cidade natal e a presenteou com várias obras. O povoado vizinho Hernani mantém um museu dedicado a Chillida.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Etxezarreta
Paraíso dos surfistas
Entre a primavera e o outono europeus, surfistas de todo o mundo vão à praia La Zurriola. E onde os amigos da prancha se reúnem, sempre há festa. Como o Festival Olatu Talka, realizado este ano de 20 a 22 de maio. Uma vantagem adicional para os surfistas é a proximidade de San Sebastián a outras duas praias populares da região basca, Mundaka e Zarautz, assim como a Biarritz, na vizinha França.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Etxezarreta
Palcos e concertos ao ar livre
O festival anual de jazz Jazzaldia é um dos destaques culturais de San Sebastián. Estrelas como Ella Fitzgerald, Miles Davis, Diana Krall ou Keith Jarrett já brilharam nele. Em 2016, ano da cidade como Capital Europeia da Cultura, o evento transcorre de 20 a 25 de julho. Os concertos ao ar livre na praia têm entrada franca.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Etxezarreta
Panorama de tirar o fôlego
O Monte Igueldo oferece a mais bela vista sobre La Concha, a baía em forma de meia-lua, com sua Ilha Santa Clara. Especialmente para as celebrações da Capital Europeia da Cultura, foi criada uma nova rota de trekking com 32 palcos. Em diferentes lugares ao longo dela, os caminhantes se depararão com instalações e eventos-surpresa.