Pitadas: Kalter Hund, bolo alemão de bolacha com chocolate
Luisa Frey
21 de março de 2017
Popularizado na Alemanha na segunda metade do século 20, doce é hoje considerado retrô. Sobremesa fria em camadas não vai ao forno e, apesar do nome, não tem nada a ver com cachorro.
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O Kalter Hund (que literalmente significa "cachorro frio") é algo entre pavê e bolo. Feito em fôrma de pão, o doce consiste em camadas de bolacha e creme de chocolate, e não vai ao forno, mas somente à geladeira.
Isso talvez explique parte do nome da sobremesa alemã, que teria ganhado popularidade no fim dos anos 1960 e início dos 1970. Mas o que o quitute tem a ver com cachorro? Nada. O termo Hund não significa apenas cão, mas também designa a vagoneta usada em minas (também chamada de Hunt). O formato do bolo lembra o do carrinho, e por isso o doce teria sido batizado assim.
A receita costuma ser preparada com manteiga de coco (kokosfett), que deixa um aftertaste e pode ser substituída por manteiga comum. Na Alemanha se utilizam bolachas de manteiga Leibniz, da marca Bahlsen, e no Brasil podem ser usados biscoitos maisena.
Já nos anos 1920 a marca alemã Bahlsen teria divulgado uma receita de um bolo de chocolate com seus biscoitos Leibniz. O Kalter Hund, no entanto, é mais associado ao milagre econômico da Alemanha no pós-guerra, a partir da década de 1950 – momento em que a população tinha novamente acesso a alimentos antes escassos, como carne, leite e manteiga.
Semelhante ao salame de chocolate da Itália, o doce alemão é hoje considerado uma sobremesa retrô, sendo servido em cafés pelo país. O nome da sobremesa tem variações regionais, como Tote Oma (vó morta) e Zebrakuchen (bolo zebra).
O Kalter Hund pode ser preparado na véspera ou até três dias antes de servir. Confira a receita:
Ingredientes
200 g de chocolate ao leite ou amargo
200 g de manteiga de coco ou manteiga comum
3 ovos
150 g de açúcar de confeiteiro
1 colher (sopa) de açúcar de baunilha
Sal
100 g de chocolate em pó
4 colheres (sopa) de leite
220 g de bolacha maisena
Modo de preparo
Picar o chocolate, quebrar a manteiga em pedaços. Derreter ambos numa panela em banho-maria e deixar esfriar um pouco.
Bater os ovos, os açúcares de confeiteiro e de baunilha e uma pitada de sal durante cinco minutos, até ficar bem cremoso. Acrescentar o leite e o chocolate em pó.
Adicionar aos poucos a mistura de chocolate e manteiga. Cobrir uma fôrma de pão de 25 centímetros de comprimento com papel-manteiga. Passar um pouco da mistura de chocolate no fundo e nas laterais.
Distribuir na fôrma as bolachas e a massa de chocolate em cerca de sete camadas alternadas. Colocar os biscoitos bem juntos uns dos outros, quebrando-os em pedaços menores se necessário. Terminar com uma camada de chocolate. Deixar o bolo na geladeira de um dia para o outro.
Retirar o bolo da fôrma e remover o papel-manteiga com cuidado. Servir cortado em fatias grossas.
Toda semana, a coluna Pitadas traz receitas, curiosidades e segredos da culinária europeia, contados por Luisa Frey, jornalista aspirante a mestre-cuca.
Dez sobremesas populares na Alemanha
O que comem os alemães para adoçar a vida? Do tradicional apfelstrudel ao creme bávaro, conheça alguns doces que você deve provar no país.
Foto: picture-alliance/J. Haas
Rote Grütze
Compota de frutas vermelhas é uma das sobremesas mais queridinhas dos alemães. A receita clássica de Rote Grütze leva framboesa e groselha, mas também podem-se incluir morangos, cerejas, amoras, mirtilos. Doce e azeda na medida certa, a sobremesa costuma ser servida com sorvete de creme, molho de baunilha ou chantilly.
Foto: picture-alliance/J. Haas
Kalter Hund
Esta sobremesa – feita de camadas de bolacha de manteiga e creme de chocolate – chama a atenção por causa do nome, que literalmente significa "cachorro frio". Mas o que a sobremesa tem a ver com o animal? Nada. Na verdade, além de significar cachorro o termo Hund também designa a vagoneta usada em minas, que lembra o formato do doce.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Pilick
Creme bávaro
Feito de creme de leite batido, gelatina, gemas, baunilha e açúcar, o creme bávaro é usado como recheio de bolos ou servido com calda de frutas vermelhas. A sobremesa tem consistência firme, entre a de um pudim e uma musse. Apesar de o nome remeter à região da Baviera, no sul da Alemanha, não é clara a origem do creme bávaro, também conhecido como crème bavaroise.
Foto: picture-alliance/dpa/
Apfelstrudel
Popular na Alemanha e na vizinha Áustria, o Apfelstrudel é feito de maçãs, passas e canela, envoltas por uma crosta de massa folhada polvilhada com açúcar de confeiteiro. Costuma ser servido quente, com sorvete ou molho de baunilha. A imperatriz Maria Teresa teria contribuído para a popularização do doce no Império Austro-Húngaro.
Foto: Colourbox/M. Saprunova
Kaiserschmarren
A especialidade austríaca é também muito apreciada na Alemanha. Trata-se de panquecas rasgadas em pedaços e polvilhadas com açúcar. Elas podem ou não conter passas e ser acompanhadas de compota de frutas, como de maçã. Às vezes, o doce é servido como sobremesa, mas há quem diga que é gostoso demais para ser comido em pequena quantidade e concede a ele o status de prato principal.
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Bratapfel
Maçãs assadas e recheadas são muito apreciadas no inverno alemão, particularmente no período natalino. O recheio pode conter amêndoas, marzipã, nougat, pinoli ou uvas passas, por exemplo. Cravo e canela também são bem-vindos, tornando o aroma da Bratapfel irresistível. A sobremesa pode ser servida com sorvete ou molho de baunilha.
Foto: Fotolia/Barbara Pheby
Milchreis
Semelhante ao nosso arroz doce, o Milchreis (milch=leite e reis=arroz) é bastante apreciado pelos alemães e costuma ser servido com açúcar e canela ou compota de cereja. Enquanto no Brasil prepara-se o arroz com leite condensado, na Alemanha ele é feito apenas com leite, baunilha e pouco açúcar. O curioso é que às vezes os alemães comem Milchreis não como sobremesa, mas como prato principal.
Foto: Colourbox
Erdbeerbecher
Basta começar a temporada de morangos – que na Alemanha vai de maio a agosto –, e os restaurantes e sorveterias do país já incluem suas pomposas taças de morango no cardápio. A fruta vermelha costuma vir acompanhada de sorvete de baunilha e chantilly – preparado com pouquíssimo ou nenhum açúcar.
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Marillenknödel
Esta especialidade da cozinha austríaca e tcheca é bastante apreciada na Alemanha, sobretudo no sul do país. Trata-se de damascos (conhecidos na região da Baviera e na Áustria como Marillen) envoltos numa massa de farinha. As bolinhas (knödel) são cozidas, empanadas em farinha de rosca e polvilhadas com açúcar de confeiteiro.
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Waffel
Importado da vizinha Bélgica, o Waffel (ou waffle) é um dos doces favoritos dos alemães. No café da manhã ou da tarde, como sobremesa ou nos mercados de Natal, a massa prensada é muitas vezes servida somente com açúcar de confeiteiro. Mas também há versões com nutella, morango, cereja, calda de frutas vermelhas – muitas vezes acompanhadas de sorvete de baunilha ou chantilly.