Creme que leva camembert e páprica é presença garantida em biergartens do sul da Alemanha, na companhia de pão, pretzel e a indispensável caneca de cerveja. Aprenda a receita.
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Depois de falar sobre pretzel na última coluna, me pareceu oportuno falar nesta semana sobre o obazda, um dos principais parceiros do pão em formato de nó na Baviera. Trata-se de uma pasta de queijo temperada, que, como boa representante do sul da Alemanha, leva cerveja.
De cor alaranjada e sabor marcante, o obazda – também grafado obatzda ou obatzter – é presença garantida em biergartens de Munique e de outras cidades da Baviera.
A pasta é composta em sua maior parte por um queijo mole – com maior frequência camembert, de origem francesa, mas que também é fabricado na Alemanha. Há também versões com brie ou limburger, de origem belga.
A consistência pastosa é obtida com a adição de frischkäse, que no Brasil pode ser substituído pelo cream cheese, e manteiga. A páprica dá a cor característica e é indispensável para o sabor do obazda, que ainda leva cebola e pimenta-do-reino.
Uma das versões para a origem do obazda é a de que surgiu há mais de 150 anos com o intuito de se aproveitar restos de camembert e brie, que começaram a ser fabricados na região naquela época. A pasta de queijo teria sido popularizado nos anos 1920, tornando-se indispensável nos biergartens bávaros.
Além de pretzel, o obazda é muitas vezes servido com pão preto e vegetais, como rabanete – e na companhia de uma caneca de cerveja, é claro. Aprenda a receita:
Ingredientes (para 4 pessoas)*
350 g de queijo camembert
175 g de cream cheese
6 colheres (sopa) de manteiga
Sal
Pimenta-do-reino
½ colher (chá) de kümmel (alcarávia) moído (opcional)
½ colher (chá) de páprica doce em pó
2 cebolas
3 colheres (sopa) de cerveja
Modo de preparo
Espremer o camembert com um garfo. Misturar bem com o cream cheese. Acrescentar a manteiga e os temperos.
Descascar e picar bem as cebolas. Adicioná-las à pasta de queijo. Por fim, regar com a cerveja e misturar tudo. Servir com pão ou pretzel.
*Receita traduzida e adaptada do livro Deutsche Küche: Die besten Rezepte aus allen Bundesländern
Toda semana, a coluna Pitadas traz receitas, curiosidades e segredos da culinária europeia, contados por Luisa Frey, jornalista aspirante a mestre-cuca.
A história de amor dos alemães com a batata
Conhecida como "erdapfel" (maçã da terra) ou "grundbirne" (pera do chão) em algumas regiões alemãs, a "kartoffel" (batata) tem um lugar especial no coração – ou melhor, no estômago – dos alemães.
Foto: Stefan Nöbel-Heise
Hortaliça versátil
Seja qual for a forma de preparo, a batata é indispensável na cozinha alemã. Em forma de sopa, frita, gratinada, cozida ou assada, as estatísticas apontam que o consumo per capita de batata na Alemanha está diminuindo. Se em 1950 ainda ultrapassava 180 quilos, nos últimos anos não chegou a 60 quilos.
Foto: Colourbox
O rei e a batata
O tubérculo originário dos Andes só chegou ao que é hoje a Alemanha em 1630. O rei Frederico 2º da Prússia viu nele uma forma de compensar safras ruins de cereais e assim acabar com a fome. Para convencer os agricultores a cultivar a planta até então desconhecida, ele a cultivou em seu jardim, sob a vigilância de soldados. O truque funcionou, pois, afinal, frutos proibidos são mais gostosos.
Foto: Bildarchiv Preußischer Kulturbesitz
Classificação pela consistência
Entre as mais de 5 mil variedades de batata na Alemanha, é importante saber escolher a mais adequada para a receita que se quer preparar. As batatas são classificadas de acordo com o teor de amido, o que determina a consistência após a cozedura. Elas podem ser "festkochend" (firmes depois de cozidas) ou "mehligkochend", mais farinhenta, e adequada para purês, por exemplo.
Foto: picture-alliance/dpa/H. Hollemann
Em saladas
A salada de batatas é muito popular, e não pode faltar em bufês de festas. Há dois tipos principais: um, feito com maionese e pepino em conserva, e outro morno, com caldo de carne e bacon.
Foto: Fotolia/Printemps
Em bolinhos
Carne assada tipicamente alemã é acompanhada por Klösse, os bolinhos de batata cozidos na água, feitos com batata, gemas e fécula de batata.
Foto: Quade/Fotolia
Batatas chips...
Grande parte do consumo de batata na Alemanha deve-se às batatas chips. Para um quilo de chips, são necessários quatro quilos da hortaliça e 330 gramas de óleo de cozinha. Aliás, 300 gramas de chips suprem a nossa necessidade diária de calorias.
Foto: etiennevoss - Fotolia
Com currywurst
A famosa salsicha com curry e molho de tomate é impensável sem o acompanhamento de batatas fritas em forma de palito. A batata frita é um lanche rápido e barato, vendido em estádios, quermesses e festas populares. Cerca de 300 mil toneladas de batatas fritas em palito são consumidas por ano na Alemanha.
Foto: Fotolia/koi88
Cozida
E ela também pode ser comida com casca. Os alemães chamam esta especialidade "pellkartoffel" (batata com a casca). Servida com creme de requeijão e ervas, e uma salada, é uma refeição completa.
Foto: picture-alliance/Lars Halbauer
Ralada e frita
O "Reibekuchen" é outra especialidade alemã feita com batatas. As batatas raladas fritas em forma de panqueca, servidas com purê de maçã ou salmão defumado, são oferecidas tanto em restaurantes como em festas de rua.
Foto: picture-alliance/dpa/W. Thieme
Expressão idiomática
A relação com a hortaliça é tão forte que ela faz parte de um ditado alemão: "Os agricultores mais burros colhem as batatas mais graúdas." Ou ainda, "há coisas que descartamos como uma batata quente". Inclusive expressões do inglês já aparecem no idioma alemão. Pessoas preguiçosas muitas vezes são chamadas "couch potato", em alusão a quem passa muito tempo no sofá comendo batatas chips.
Foto: Igor Kovalchuk - Fotolia.com
Relação entre parceiros
Muitos jovens na Alemanha provavelmente nunca ouviram falar, mas há uma expressão para designar quem mora junto mas não quer assumir o compromisso conjugal: "Bratkartoffelverhältnis".
Foto: Colourbox
Vestir um saco de batatas
Os alemães são conhecidos pelo seu amor à funcionalidade na hora de se vestirem e muitas vezes preferem a comodidade à última moda. Existe até uma observação desdenhosa: "Que saco de batatas que você está vestindo?"