Surgido há centenas de anos, prato entre nhoque e macarrão é hoje um dos símbolos da culinária alemã. Pode ser servido como acompanhamento ou prato principal, acompanhado de queijo e cebola.
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O spätzle, fundamento da cozinha da Suábia, região histórica no sudoeste da Alemanha, surgiu há centenas de anos. Hoje é difícil ir a um restaurante tipicamente alemão – na Alemanha, no Brasil ou em outro lugar do mundo – e não encontrar a massa no menu.
O spätzle é comparado por alguns ao nhoque, mas é menor e, diferentemente do primo italiano, não é preparado com batata – apesar de o tubérculo ser um item básico da culinária alemã. Para mim ele é mais algo entre o nhoque e o macarrão.
Assim como a proporção dos ingredientes, a forma do spätzle também pode variar, sendo mais redondinho e próximo de um nhoque ou mais compridinho e parecido com macarrão. A diferença com o macarrão é que a massa do spätzle é mais líquida. Em algumas regiões, o spätzle em sua variante mais redondinha é chamado de knöpfle.
O spätzle pode ser cortado com uma tábua e uma faca, à moda antiga, ou com a ajuda de uma máquina de spätzle, semelhante a um ralador. Há um tempo também descobri o spätzle-shaker, um copo de plástico com as medidas (farinha, ovos, água) indicadas, bolinhas metálicas dentro para ajudar a misturar na hora de chacoalhar o shaker, uma tampa fechada e outra com furinhos para espremer os nhoquinhos na água. Muito prático!
Geralmente servido como acompanhamento – de goulash, por exemplo –, o spätzle também pode ser apreciado como prato principal na forma de kasespätzle, coberto de queijo gratinado (emental, por exemplo) e cebola frita. Essa receita é muito popular no sul da Alemanha.
Eu conhecia o spätzle dos almoços de domingo da minha avó, como acompanhamento de carne assada com molho, por exemplo. A versão com queijo e cebola experimentei na Alemanha e foi impossível não aprová-la. Às vezes é impressionante como algo tão simples pode ser tão gostoso.
A massa é tão apreciada na Alemanha que tem até um museu em sua homenagem: o SpätzleMuseum, em Bad Waldsee, no estado de Baden-Württemberg, no sul da Alemanha.
Aprenda a receita básica:
Ingredientes
500 g de farinha de trigo
5 ovos
1 colher (chá) de sal
¼ l de água morna
3 colheres (sopa) de manteiga
Modo de preparo
Numa tigela, misturar todos os ingredientes menos a manteiga até obter uma massa lisa e homogênea. Bater a massa até que se formem bolhas. Deixar descansar um pouco e voltar a trabalhar a massa. Colocar um pouco da massa sobre uma tábua umedecida, alisá-las com a ajuda de uma faca e ir cortando pedacinhos de massa com 0,5 cm de largura sobre água fervente com sal. Entre uma tábua e outra ir passando a faca sob água fria. Quando osspätzle boiarem, retirá-los da água com uma escumadeira e passá-los rapidamente por água fria. Derreter a manteiga numa frigideira e aquecer os spätzle na hora de servir.
Para fazer o kasespätzle, alternar camadas de spätzle e 200 g de queijo emental ralado numa forma ou refratário untado com manteiga e levar ao forno preaquecido a 220°C por cerca de dez minutos. Fritar uma cebola grande cortada em rodelas em 80 g de manteiga até dourar e jogar por cima dos spätzle.
Toda semana, a coluna Pitadas traz receitas, curiosidades e segredos da culinária europeia, contados por Luisa Frey, jornalista aspirante a mestre-cuca.
A origem de 10 alimentos que hoje são globalizados
A maioria do que se coloca no prato diariamente procede de lugares espalhados pelo mundo. Um novo estudo do Centro Internacional para a Agricultura Tropical (CIAT) identificou a origem de alimentos considerados globais.
Foto: picture-alliance/Ch. Mohr
Manga, verde, amarela ou rosa – e asiática
Ela é tropical e parece bem brasileira, mas originalmente surgiu no Sul da Ásia. A manga, assim como o coco, foi trazida para o Brasil com a colonização portuguesa e se adaptou bem ao clima. Ela faz parte da dieta de alimentos não nativos, que vem crescendo no mundo em consequência de preferências culturais, desenvolvimento econômico e urbanização, conforme comprovou o estudo do CIAT.
Foto: DW/A. Chatterjee
Arroz para meio mundo
O arroz vem originalmente da China mas virou item básico da dieta de mais da metade da população mundial. A produção de cada quilo exige de 3 mil a 5 mil litros de água. Em alguns países produtores, a contaminação por arsênico dos lençóis freáticos é tão forte, que a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) alertou para as consequências do consumo do cereal.
Foto: Tatyana Nyshko/Fotolia
Trigo nosso de cada dia
O trigo já era cultivado há mais de 7 mil anos na região do Mar Mediterrâneo. Na forma de pão ou de outras massas, como o macarrão, é um dos alimentos mais importantes do mundo. Cultivado em enormes campos de monocultura, o cereal é também usado para alimentar animais . Os campeões do cultivo são China, Índia, Estados Unidos, Rússia e França.
Foto: Fotolia/Ludwig Berchtold
Milho, dos astecas aos transgênicos
Originário do Centro do México, o milho hoje é plantado em todos os continentes. Apenas 15% da safra vai parar nos pratos, pois a maior parte serve como ração para animais. A indústria o aproveita, ainda, para fabricar xarope de glucose e produzir combustível. Nos Estados Unidos, cerca de 85% da produção é de milho transgênico, e outros países vão pelo mesmo caminho.
Foto: Reuters/T. Bravo
Batata, dos Andes para a Europa
As batatas consumidas hoje em dia são variações de espécies silvestres dos Andes, na América do Sul. Só há cerca de 300 anos o tubérculo passou a ser cultivado em grande escala na Europa, sendo fundamental na dieta de países como a Alemanha e Irlanda. Atualmente, porém, o cultivo da batata no continente está em declínio, enquanto cresce nos maiores centros de produção: China, Índia e Rússia.
Foto: picture-alliance/dpa/J.Büttner
Açúcar, de cana ou beterraba
A cana-de-açúcar vem do Oeste da Ásia, embora não se saiba exatamente de onde. Já há mais de 2.500 anos era usada para adoçar. O Brasil é atualmente o principal produtor, com grande parte da safra destinada ao bioetanol, também para exportação. A colheita é um trabalho árduo e, em geral, mal pago. O açúcar de cana é mais barato no mercado mundial do que o de beterraba, originário da Europa.
Foto: picture-alliance/RiKa
Banana, a preferida global
Cheia de vitaminas, a banana engorda menos do que reza sua fama. Fruta preferida em escala mundial, ela tem origem no Sudoeste Asiático. Hoje é cultivada principalmente na América Latina e Caribe, a custos tão baixos que saem mais baratas na Alemanha do que as maçãs cultivadas no próprio país. As condições para os trabalhadores rurais costumam ser ruins e há uso intensivo de pesticidas.
Foto: Transfair
Café, prazer com reflexos sociais
Procedente da Etiópia, o café é a segunda bebida mais consumida e principal fonte de renda de cerca de 25 milhões de produtores no mundo. Contando-se as famílias, são 110 milhões de pessoas dependentes das flutuações do mercado mundial. Contudo vem ganhando espaço a negociação por cooperativas e empresas de comércio justo. Mais de 800 mil pequenos agricultores já aderiram a esse sistema.
Foto: picture-alliance/dpa/N.Armer
Chá, relíquia colonialista
O chá vem da China e era servido aos imperadores. Tirando a água pura, é a bebida mais consumida do planeta: a cada segundo, mais de 15 mil xícaras são ingeridas. Considerado bebida nacional na Inglaterra, o chá ainda hoje é produzido principalmente nas antigas colônias do Império Britânico, como o Quênia, Índia e Sri Lanka. As condições do trabalho no campo são catastróficas.
Foto: DW/Prabhakar
Cacau, presente dos deuses
Os astecas, na atual América Central, usavam os grãos de cacau como moeda e oferenda. Também preparavam com eles uma bebida que diziam vir dos deuses. Não é difícil de acreditar: hoje o chocolate é amado no mundo inteiro. Produzido numa estreita faixa próxima ao Equador, o cacau sofre flutuações de preço no mercado mundial que afetam duramente os pequenos agricultores.