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Plano de reestruturação da Siemens causa indignação entre funcionários

Dirk Kaufmann (md)1 de outubro de 2013

Multinacional alemã anunciou 15 mil demissões. Decisão já era motivo de especulações, mas empregados reclamam que não foram consultados antes da divulgação da medida.

Foto: picture-alliance/AP

Para os funcionários, a Siemens está indo bem – e gera lucros. Para acionistas e analistas, porém, a situação é outra. Eles dizem que ainda há possibilidade de melhorar o crescimento e a rentabilidade. E a liderança da multinacional, com seu recém-lançado programa de reestruturação, parece concordar.

Stefan Schöppner, analista do Commerzbank, diz que é evidente que a coisa não podia continuar como estava na Siemens. Para ele, o evento crucial foi o que também levou à renúncia de Peter Löscher, antecessor do atual diretor-executivo, Joe Kaeser. "A Siemens falhou ao deixar de cumprir, em julho, os objetivos de médio prazo. A Siemens deve ser rentável e eficiente", opina.

O especialista diz não ter ficado surpreso com a proposta de Kaeser para eliminar 15 mil postos de trabalho, 5 mil deles na Alemanha. O anúncio foi feito pela empresa no domingo (29/10).

O diretor-executivo Joe Kaeser: reestruturação provoca controvérsiaFoto: Christof Stache/AFP/Getty Images

"A notícia de fortes cortes de custos já estava circulando há muito tempo", comenta. "A Siemens quer economizar 6 bilhões de euros. Para um observador do mercado financeiro, é claro que isso não é possível sem que haja cortes de postos de trabalho. E isso também devia estar claro para os empregados."

Problema de comunicação

Os representantes dos trabalhadores dizem que a mensagem foi clara. Porém, não esperavam que tantos funcionários fossem afetados. "Esses números nos deixaram muito surpresos", garante Jürgen Kerner, membro da diretoria da central sindical IG Metall. "Nós não fomos consultados nem comunicados sobre isso."

Não só os números provocaram indignação entre os funcionários, mas também a forma como eles foram divulgados. Stefan Schöppner afirma que as reações dos trabalhadores são compreensíveis. Para ele, a perplexidade com o anúncio de Kaeser foi provocada por falhas na comunicação interna da empresa.

"Foram divulgados números agora que talvez não tenham sido antes levados ao conhecimento dos empregados", afirma.

O corte de 15 mil postos de trabalho em todo o mundo afeta quase o mesmo número de famílias. Entretanto, a Siemens emprega cerca de 370 mil pessoas. Os cortes atingiriam menos de 5% dos empregados do grupo. E mesmo que um terço desses 15 mil empregos estejam só na Alemanha, isso pode ser compensado pelo não preenchimento de cargos vagos e outras soluções, como planos de aposentadoria ou demissão voluntária. Os representantes dos trabalhadores, no entanto, duvidam que a diretoria do conglomerado possa cumprir sua promessa de não demitir.

Os funcionários questionam, em especial, a intenção da companhia de aumentar a eficiência às custas dos trabalhadores. "Os sindicatos não teriam nada contra uma reestruturação interna ou uma revisão dos processos de trabalho. Eles teriam até colaborado com eles", argumenta Jürgen Kerner. "Mas nós sempre fomos contra um programa de cortes."

O sindicalista lamenta que a Siemens não considere outras opções. "Quando você reduz o tema melhoria de eficiência e melhoria de processos a um puro corte de postos de trabalho, assina um atestado de incompetência", conclui.

Peter Löscher deixou o comando do grupo em julhoFoto: John MacDougall/AFP/Getty Images

Recuperação da credibilidade

"A ideia e a abordagem do programa Siemens 214 são muito bons", avalia Stefan Schöppner. "Mas do ponto de vista do mercado de capitais, sempre vimos que a Siemens teve ideias convincentes, mas que falha na implementação delas."

Ele acredita que o grupo alemão deve trabalhar para restaurar sua credibilidade diante dos mercados financeiros. "Será que a Siemens realmente é capaz de implementar todas estas novidades e cumprir o que promete? Se isso acontecer, será algo que repercutirá bem", acredita.

Os representantes dos trabalhadores não teriam nada contra uma retomada de credibilidade e da eficiência na Siemens. Mas, na opinião deles, o caminho escolhido não é o certo. Jürgen Kerner deseja que a situação volte a ficar tranquila, o que, acredita, ficou improvável de ocorrer depois de um anúncio de demissões realizado sem consulta prévia aos empregados.

"É necessário que o caminho seja trilhado juntamente com os empregados. Isso fica difícil quando ocorrem anúncios como o de domingo", afirma.

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