Platini oficializa candidatura à presidência da Fifa
29 de julho de 2015
Ex-jogador francês e presidente da Uefa anuncia intenção de suceder Joseph Blatter, que anunciou sua renúncia ao comando da entidade máxima do futebol. Eleição será realizada em 26 de fevereiro de 2016.
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O presidente da Uefa, Michel Platini, confirmou nesta quarta-feira (29/07) sua intenção de concorrer à presidência da Fifa como sucessor de Joseph Blatter.
Em comunicado divulgado no site da confederação que rege o futebol europeu, Platini afirmou ter escrito para todos os 209 países-membros da Fifa declarando sua candidatura e pedindo apoio à tentativa de liderar a entidade máxima do futebol mundial.
"Esta foi uma decisão muito pessoal, considerada cuidadosamente, na qual pesei o futuro do futebol com o meu próprio futuro", disse o ex-jogador francês. "Também fui guiado por estima, apoio e encorajamento que muitos de vocês têm me mostrado. Há momentos na vida em que é preciso tomar as rédeas do próprio destino. Estou num daqueles momentos decisivos, na minha vida pessoal e devido aos acontecimentos que estão moldando o futuro da Fifa", afirmou.
"Durante este último meio século, a Fifa teve apenas dois presidentes", prosseguiu Platini, se referindo a Blatter, mandatário desde 1998, e João Havelange, que comandou a entidade entre 1974 e 1998. "Os recentes acontecimentos forçam o órgão máximo do futebol a virar a página e a repensar sua direção."
Platini, de 60 anos, é presidente da Uefa desde 2007 e membro do comitê executivo da FIFA desde 2002, mas se recusou a desafiar Blatter à presidência da Fifa no congresso realizado em Zurique, em 29 de maio deste ano. Em meio a investigações realizadas por autoridades americanas e suíças, dirigentes e ex-funcionários da Fifa foram presos poucos dias antes da eleição – entre eles o ex-presidente da CBF José Maria Marin.
Quatro dias após ser reeleito, Blatter anunciou sua renúncia. Posteriormente, a Fifa anunciou novas eleições para fevereiro de 2016. Todos os candidatos devem declarar a intenção de concorrer até 26 de outubro.
Além de Platini, o ex-jogador brasileiro Zico, o presidente da federação de futebol da Libéria, Musa Bility, e o ex-vice-presidente da Fifa Chung Mong-joon já mostraram intenção de concorrer, mas ainda precisam receber o apoio de suas federações nacionais. Além disso, o ex-craque argentino Diego Maradona declarou interesse, sem anunciar sua pré-candidatura oficialmente.
PV/dpa/afp
O escândalo de corrupção na Fifa
A entidade máxima do futebol vive a maior crise de sua história, pressionada por investigações nos Estados Unidos e na Suíça sobre corrupção envolvendo seus membros. Entenda o caso.
A Fifa começou a viver, um dia antes da abertura de seu congresso anual em Zurique, a maior crise de sua história. A Justiça americana indiciou por corrupção e lavagem de dinheiro 14 pessoas ligadas à entidade, sete delas foram presas pela polícia suíça. Entre os detidos, o ex-presidente da CBF José Maria Martin. Joseph Blatter não foi indiciado, mas o escândalo o colocou sob pressão.
Foto: Reuters/A. Wiegmann
Os detidos
Sete cartolas foram presos, seis deles funcionários diretamente ligados à Fifa. Os de maior destaque são: José Maria Marin, ex-presidente da CBF, e os vice-presidentes da Fifa Eugenio Figueredo e Jeffrey Webb. Também foram detidos os dirigentes esportivos Eduardo Li (Costa Rica), Julio Rocha (Nicarágua), Rafael Esquivel (Venezuela) e Costas Takkas (Reino Unido).
Foto: picture-alliance/epa
O esquema
Cartolas, sobretudo de federações da América Latina, vendiam direitos de propaganda e transmissão de competições a empresas de marketing esportivo, que conseguiam o apoio deles com propina. Essas empresas, depois, revendiam o direito de transmissão a emissoras. O esquema, segundo a Justiça americana, teria movimentado mais de 150 milhões de dólares em dinheiro sujo ao longo de 24 anos.
Foto: Getty Images/AFP/D. Emmert
O modelo de negócios da Fifa
Como associação de utilidade pública sem fins não lucrativos, a Fifa se compromete a reinvestir no futebol todos os seus lucros. Seu modelo comercial é simples: ela lucra com a exploração, sobretudo, da Copa do Mundo – o país-sede lhe garante isenção de impostos. A fatia mais gorda das rendas da Fifa são os direitos de transmissão televisiva e os patrocínios oficiais ao Mundial.
Foto: Reuters/R. Sprich
Jurisdição sobre o caso
Os Estados Unidos têm jurisdição sobre o caso porque boa parte da propina foi paga ou recebida usando instituições americanas, como os bancos Delta, JP Morgan Chase, Citibank e Bank of America. Além disso, o dinheiro sujo teria sido movimentado em filiais nos EUA de instituições estrangeiras, como os brasileiros Itaú e Banco do Brasil. Na foto, investigadores apresentam caso à imprensa.
Foto: picture-alliance/epa/J. Lane
Brasileiros na mira
O Brasil tem dois envolvidos além de Marin (foto): o dono da empresa de marketing Traffic, José Hawilla, e o intermediário José Margulies (argentino naturalizado brasileiro). A Copa do Brasil e o contrato da CBF com a Nike estão sob investigação. Marin, que presidiu a CBF entre 2012 e 2015, aparece em dois dos 12 esquemas listados. Ele teria recebido, só da Traffic, 2 milhões de reais por ano.
Foto: dapd
A investigação
O FBI (a polícia federal americana) começou a investigação sobre a Fifa há três anos. O processo teve início devido à escolha de Rússia e Catar como países-sede das Copas de 2018 e 2022, mas acabou expandida para analisar os acordos da entidade nos últimos 20 anos. Os Mundiais, então, acabaram sendo deixados de lado na investigação.
Foto: picture-alliance/dpa/P. B. Kraemer
Copas da Rússia e do Catar
O Ministério Público da Suíça anunciou ter aberto uma investigação criminal sobre um possível esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo as escolhas das sedes das Copas de 2018 e 2022, que ocorrerão na Rússia e no Catar (foto). A investigação corre paralelamente ao processo judicial aberto nos Estados Unidos. Os nomes dos investigados não foram divulgados.