Em entrevista ao diário esportivo "L'Equipe", cartola afirma não ter como concorrer à presidência estando impedido de fazer campanha. Francês quer se concentrar em sua defesa contra o banimento de oito anos do futebol.
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O suspenso presidente da Uefa, Michel Platini, retirou sua candidatura à presidência da Fifa, segundo informou o diário esportivo francês L'Equipe nesta quinta-feira (07/01). Em dezembro, o dirigente foi banido por oito anos do futebol pelo Comitê de Ética da entidade máxima do futebol, juntamente de seu ainda presidente Joseph Blatter. Posteriormente, a Corte Arbitral do Esporte (CAS) manteve a suspensão do francês.
Ao jornal esportivo, Platini insistiu não ter feito nada de errado e disse que ainda estava esperando ganhar um recurso a tempo de ser autorizado a participar da eleição presidencial, marcada para 26 de fevereiro, mas que agora mudou de ideia.
"Eu retiro minha candidatura. Não posso mais seguir [com isso]. Não tenho nem o tempo, nem os meios para visitar eleitores, para me reunir com pessoas e lutar contra os outros [candidatos]", disse Platini em entrevista ao L'Equipe.
"Ao retirar [a candidatura], eu escolhi me concentrar totalmente em minha defesa", justificou o ex-meia francês. "É uma questão de agenda, mas não só isso. Como se pode ganhar uma eleição se está impedido de fazer campanha?"
Platini e Blatter foram banidos pelo Comitê de Ética da Fifa de qualquer atividade relacionada ao futebol por oito anos, devido à conduta antiética relacionadas a um pagamento de 2 milhões de francos suíços. O dinheiro seria referente a serviços de consultoria prestados por Platini a Blatter durante 1999 e 2002.
O comitê disse que o pagamento foi feito num momento em que Blatter estava buscando a reeleição, apresentava falta de transparência e conflitos de interesse. Os dois dirigentes, no entanto, negam irregularidades.
PV/efe/afp/rtr
O escândalo de corrupção na Fifa
A entidade máxima do futebol vive a maior crise de sua história, pressionada por investigações nos Estados Unidos e na Suíça sobre corrupção envolvendo seus membros. Entenda o caso.
A Fifa começou a viver, um dia antes da abertura de seu congresso anual em Zurique, a maior crise de sua história. A Justiça americana indiciou por corrupção e lavagem de dinheiro 14 pessoas ligadas à entidade, sete delas foram presas pela polícia suíça. Entre os detidos, o ex-presidente da CBF José Maria Martin. Joseph Blatter não foi indiciado, mas o escândalo o colocou sob pressão.
Foto: Reuters/A. Wiegmann
Os detidos
Sete cartolas foram presos, seis deles funcionários diretamente ligados à Fifa. Os de maior destaque são: José Maria Marin, ex-presidente da CBF, e os vice-presidentes da Fifa Eugenio Figueredo e Jeffrey Webb. Também foram detidos os dirigentes esportivos Eduardo Li (Costa Rica), Julio Rocha (Nicarágua), Rafael Esquivel (Venezuela) e Costas Takkas (Reino Unido).
Foto: picture-alliance/epa
O esquema
Cartolas, sobretudo de federações da América Latina, vendiam direitos de propaganda e transmissão de competições a empresas de marketing esportivo, que conseguiam o apoio deles com propina. Essas empresas, depois, revendiam o direito de transmissão a emissoras. O esquema, segundo a Justiça americana, teria movimentado mais de 150 milhões de dólares em dinheiro sujo ao longo de 24 anos.
Foto: Getty Images/AFP/D. Emmert
O modelo de negócios da Fifa
Como associação de utilidade pública sem fins não lucrativos, a Fifa se compromete a reinvestir no futebol todos os seus lucros. Seu modelo comercial é simples: ela lucra com a exploração, sobretudo, da Copa do Mundo – o país-sede lhe garante isenção de impostos. A fatia mais gorda das rendas da Fifa são os direitos de transmissão televisiva e os patrocínios oficiais ao Mundial.
Foto: Reuters/R. Sprich
Jurisdição sobre o caso
Os Estados Unidos têm jurisdição sobre o caso porque boa parte da propina foi paga ou recebida usando instituições americanas, como os bancos Delta, JP Morgan Chase, Citibank e Bank of America. Além disso, o dinheiro sujo teria sido movimentado em filiais nos EUA de instituições estrangeiras, como os brasileiros Itaú e Banco do Brasil. Na foto, investigadores apresentam caso à imprensa.
Foto: picture-alliance/epa/J. Lane
Brasileiros na mira
O Brasil tem dois envolvidos além de Marin (foto): o dono da empresa de marketing Traffic, José Hawilla, e o intermediário José Margulies (argentino naturalizado brasileiro). A Copa do Brasil e o contrato da CBF com a Nike estão sob investigação. Marin, que presidiu a CBF entre 2012 e 2015, aparece em dois dos 12 esquemas listados. Ele teria recebido, só da Traffic, 2 milhões de reais por ano.
Foto: dapd
A investigação
O FBI (a polícia federal americana) começou a investigação sobre a Fifa há três anos. O processo teve início devido à escolha de Rússia e Catar como países-sede das Copas de 2018 e 2022, mas acabou expandida para analisar os acordos da entidade nos últimos 20 anos. Os Mundiais, então, acabaram sendo deixados de lado na investigação.
Foto: picture-alliance/dpa/P. B. Kraemer
Copas da Rússia e do Catar
O Ministério Público da Suíça anunciou ter aberto uma investigação criminal sobre um possível esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo as escolhas das sedes das Copas de 2018 e 2022, que ocorrerão na Rússia e no Catar (foto). A investigação corre paralelamente ao processo judicial aberto nos Estados Unidos. Os nomes dos investigados não foram divulgados.