Um ano depois de remover as imagens de mulheres nuas de suas páginas, edição americana da revista anuncia retorno às origens. Decisão é tomada após herdeiro de Hugh Hefner, fundador da publicação, assumir a direção.
Os diretores da empresa consideraram que a decisão tomada pelo ex-CEO da revista foi equivocada.
"Serei o primeiro a admitir que a forma como a revista retratava a nudez estava ultrapassada, mas eliminá-la totalmente foi um erro", afirmou através do Twitter Cooper Hefner, herdeiro do célebre fundador da revista, Hugh Hefner, e diretor de criação da Playboy.
"A nudez nunca foi o problema, porque a nudez não é um problema. Hoje nós recuperamos nossa identidade e reivindicamos quem somos", completou o executivo. A Playboy comemorou o retorno da nudez no Twitter e no Facebook com o hashtag #NakedIsNormal ("o nu é normal").
Em 2015, ao tomar a decisão de banir as imagens de nudez de suas páginas, a direção da revista se baseou na realidade imposta pela internet, onde não falta conteúdo sexual acessível gratuitamente em todo o mundo.
"Ao longo dos anos, a Playboy evoluiu em algo muito maior do que Hugh Hefner podia imaginar, e o coelho [a marca da revista] se transformou em uma espécie de teste de Rorschach da atitude das pessoas em relação ao sexo. O que se vê neste coelho diz mais sobre você do que qualquer outra coisa", escreveu Cooper Hefner em texto publicado no Twitter.
Ele afirma que a revista, em seus 63 anos de existência, promoveu uma "conversa saudável" sobre o sexo, além de encorajar o debate sobre opiniões sociais, políticas e religiosas. Segundo o herdeiro, a Playboy em sua história também lutou pelos direitos civis e liberdade de expressão.
Cooper, de 25 anos, substituiu há poucos meses seu pai Hugh, de 90, como chefe de criação da revista. A edição da Playboy correspondente aos meses de março e abril terá como capa a modelo Elizabeth Elam.
RC/efe/ap
"Spiegel": 70 anos de críticas e jornalismo
A revista acompanha a República Federal da Alemanha desde a criação do país. Seu jornalismo investigativo, apontando para escândalos e maracutaias na política e na sociedade, conquistou respeito também fora da Alemanha.
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A primeira edição
Ao ser lançada, em 4 de janeiro de 1947, a revista "Der Spiegel" custava 1 Reichsmark. Na capa, o austríaco Friedrich Kleinwächter, que negociava em Washington a soberania política e econômica da Áustria no pós-Guerra.
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O editor
O fundador e editor da revista "Der Spiegel", Rudolf Augstein, foi o jornalista mais influente da Alemanha: derrubou políticos e impulsionou a liberdade da imprensa como ninguém. Aos 23 anos, fundou o semanário "Der Spiegel", do qual foi redator-chefe durante décadas e editor até a morte. Impôs à publicação desde o início um rumo definido ("somos um órgão liberal de esquerda").
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Lema: Não se intimidar
Em 1962, Augstein e sua publicação foram pivôs de uma grande crise na então ainda jovem República Federal da Alemanha. Depois de publicar um artigo crítico sobre a política de defesa do país e a Otan, ele sofreu pressão do então ministro alemão da Defesa, Franz-Josef Strauss. Mas a revista resistiu, e o ministro acabou caindo.
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Sob pressão
O escândalo durou semanas. Vários jornalistas, inclusive Augstein, foram presos sob a acusação de traição à pátria. A Promotoria Pública ocupou as redações por várias semanas. Augstein ficaria na prisão por mais de cem dias. Ao fim, a democracia saiu fortalecida no Estado que se constituíra 13 anos antes. E a Alemanha ganhou um novo conceito de liberdade de imprensa.
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Nos tempos da RAF
Em 1977, a Alemanha enfrentou uma de suas piores crises. Membros da organização terrorista Fração do Exército Vermelho (RAF, da sigla em alemão) sequestraram o então presidente da Confederação das Associações de Empregadores da Alemanha, Hans-Martin Schleyer, que é morto após algumas semanas. A revista mancheteia: "Guerra de assassinos contra o Estado".
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A aura do poder
Do ponto de vista político, Augstein tinha uma orientação social-democrata. Ele manteve uma estreita relação com o futuro chanceler federal Willy Brandt (à direita), que conhecera em 1948. Em trocas regulares de correspondência, eles manifestavam seus pontos de vista. Na foto, um encontro em 1972.
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Modernidade em laranja
Não só de redações vive uma revista. Legendária é a cantina, concebida pelo arquiteto dinamarquês Verner Panton em 1969. Sob o ponto de vista estético, ela foi algo revolucionário, pois representou a chegada da modernidade. Hoje, 80 metros quadrados da cantina decorada com elementos em cor laranja fazem parte de um museu em Hamburgo.
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Crescimento
Com o passar do tempo, a "Der Spiegel" se tornou a principal e mais vendida revista na Alemanha. O êxito se reflete na nova sede da revista, que após 40 anos se mudou para um prédio novo (centro) no bairro HafenCity de Hamburgo. Hoje em dia, assim como outros veículos de comunicação impressos, a "Der Spiegel" luta contra a perda de leitores para a internet.
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Manchetes e ilustrações da capa
As fotos de capa e reportagens de capa do semanário costumam se destacar por beleza, ousadia ou provocação. Como nesta capa, durante a guerra em Kosovo: "Guerra contra os assassinatos".
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A raiva dos outros
Os repórteres investigativos da revista estão entre os melhores. O legado de Augstein, editor até morrer, em 2002, é o jornalismo mordaz. Isso se reflete também nos xingamentos e críticas à revista, como espelha a capa da edição de aniversário, com frases dos últimos cinco chefes de governo alemães. Em destaque, "Dieses Scheissblatt" (Este jornal de merda), de Willy Brandt.