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Playboy não publicará mais fotos de mulheres nuas

13 de outubro de 2015

Executivo diz que nudez se tornou algo "ultrapassado", já que fotos de mulheres sem roupa podem ser encontradas com facilidade na internet. Mudança vale para o mercado americano, a partir de março.

Hugh Hefner ao lado de duas garçonetes do Playboy Club, em LondresFoto: Carl Court/AFP/Getty Images

Em março de 2016, os leitores da Playboy americana verão uma revista um pouco diferente. Isso porque o fundador da publicação, Hugh Hefner, concordou em mudar a estratégia da marca a fim de adaptá-la aos novos tempos. A sugestão, vinda do editor Cory Jones no mês passado, era drástica: parar de publicar fotos de mulheres nuas.

Em entrevista publicada pelo jornal The New York Times na terça-feira (13/10), o presidente da Playboy Enterprises, Scott Flanders, diz que a nudez se tornou algo "ultrapassado" para uma revista como a Playboy, já que fotos de mulheres sem roupa podem ser encontradas com facilidade na internet.

Os editores, no entanto, ainda estão discutindo o novo layout da edição impressa, que terá um "estilo mais limpo, mais moderno". Flanders adianta que o veículo continuará mostrando mulheres em poses provocantes, mas que elas não estarão mais totalmente nuas.

Alteração semelhante foi feita no site da revista, onde a nudez foi banida em agosto de 2014 para evitar problemas com redes sociais, como o Facebook, o Twitter e o Instagram. Depois da mudança, a audiência quadruplicou, passando de 4 milhões para 15 milhões de visitantes únicos por mês, e a idade média do usuários caiu de 47 para 30 anos, segundo executivos Playboy Enterprises.

Marilyn Monroe na capa da primeira "Playboy"Foto: AP

Segundo Jones, a revista terá uma colunista "mulher e pró-sexo" e seguirá com sua tradição de um jornalismo investigativo, entrevistas com profundidade e ficção. "Não me entenda mal", diz Jones, justificando sua sugestão. "Meu eu de 12 anos está muito decepcionado com o meu eu de hoje. Mas essa é a coisa certa a fazer."

Queda nas vendas

A Playboy, que já trouxe grandes personalidades em sua capa – como Marilyn Monroe, na estreia da revista, em 1953 –, está adotando mudanças depois de sua circulação ter caído drasticamente. Em 1975, eram impressos 5,6 milhões de exemplares por mês, ante os cerca de 800 mil impressos atualmente.

A revista também tem sido alvo de críticas feministas, que acusam o veículo de reduzir mulheres a simples objetos sexuais. Por outro lado, foi defendida por intelectuais como Kurt Vonnegut, Vladimir Nabokov, Joyce Carol Oates e Alex Haley, que dizem comprar a Playboy não só pelas fotos – a revista, por exemplo, já publicou entrevistas com Fidel Castro, Martin Luther King Jr. e John Lennon.

Esforços anteriores para levantar a publicação não foram muito bem sucedidos. Desta vez, diante do desafio de competir com veículos mais jovens e modernos, Flanders disse que procurou responder uma pergunta básica: "Se tirarmos a nudez, o que sobra?".

EK/rtr/ap/dpa/afp