Diretor de empresa líder em pesquisas para desenvolvimento de imunização à covid-19 diz que substância pode estar pronta no segundo semestre de 2020. "Brevemente vamos iniciar os testes clínicos", destaca.
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O bioquímico Friedrich von Bohlen é membro do conselho de supervisão da empresa de biotecnologia CureVac, que está na vanguarda das pesquisas para desenvolver uma vacina contra o novo coronavírus na Alemanha e que o presidente dos EUA, Donald Trump, teria tentado levar para seu país, segundo um relato não confirmado na imprensa alemã e que irritou o governo em Berlim.
Em entrevista à DW, Von Bohlen afirma que um produto para imunização contra a covid-19 pode estar pronto já no segundo semestre de 2020. "Brevemente vamos iniciar os testes clínicos", destaca. O processo total, incluindo a aprovação, pode durar cerca de um ano.
DW: Existe uma corrida global por uma vacina contra o coronavírus. Sua empresa está na vanguarda desses esforços. Como anda o projeto?
Friedrich von Bohlen: Talvez seja necessário primeiro entender o que está acontecendo. Vacinas são a única maneira de proteger as pessoas contra infecções. Além disso, é possível também desenvolver medicamentos para pacientes que já foram afetados. Atualmente, há também muita atividade nesse sentido. E também já foi possível observar que uma forma agressiva desta covid-19 pode levar a uma infecção pulmonar muito grave. Com o desenvolvimento de outras drogas estão sendo feitas tentativas para controlar essas infecções mais graves e, assim, ajudar os pacientes que são mais severamente afetados.
O melhor, claro, seria uma vacinação. Existem várias abordagens diferentes. Estamos usando a abordagem do uso do chamado mRNA (RNA mensageiro) como fonte de informação para desenvolver uma vacina. Brevemente poderemos iniciar os testes clínicos [em pessoas]. Penso que esta é uma boa classe de substância para obter uma boa imunização.
O senhor pode ser um pouco mais preciso? Muitas pessoas estão perguntando: quanto tempo devem levar essas medidas de isolamento? Quanto tempo deve durar esse estado de emergência? O senhor teria uma previsão?
Não sou clarividente, e isso também depende de muitos fatores que estão além do meu conhecimento. Provavelmente, no que depender de medicamentos, levará mais alguns meses. Quanto às vacinas, mais precisamente quanto à disponibilidade delas, também alguns meses. No que diz respeito à liberação para aplicação em humanos, devemos falar em coisa de um ano, em termos de vacinas.
Que quantidade sua empresa poderia produzir dessa vacina?
A grande incógnita atualmente, no tocante à vacina, é que ninguém sabe quanta imunização é necessária nos seres humanos para realmente prevenir uma infecção. Isso não dá para simplesmente prever ou testar em seres humanos de maneira descontrolada. É por isso que as medidas que conduzem a isso são definidas pelos órgãos reguladores. E tem que ser assim, porque devemos proteger os voluntários que são submetidos aos testes. Leva um certo tempo até que consigamos obter esse conhecimento. Isso só pode ser parcialmente acelerado.
No que diz respeito à disponibilidade da vacina, o mRNA tem uma enorme vantagem. Por exemplo, sabemos, por causa de outra abordagem de imunização da CureVac, contra a raiva, que podemos imunizar totalmente uma pessoa com apenas um micrograma. Isso significa ser possível vacinar um milhão de pessoas com um grama de mRNA.
Para comparação: com medicamentos convencionais, geralmente são necessários 500 miligramas de substância; nesse caso, um grama só é suficiente para duas porções. O mRNA é muito potente, é possível obter uma imunização muito boa com pouco material. Isso significa que o material pode estar disponível em um prazo muito curto. Na segunda metade do ano, acho que seria possível ter material suficiente. Mas não sei se até lá ele já estaria aprovado.
O silêncio ocupa os principais pontos turísticos das capitais europeias, devido às restrições de contato social por causa da pandemia do novo coronavírus. Veja como estão alguns lugares da Europa.
Desde domingo, quando a chanceler federal Angela Merkel anunciou mais restrições à circulação de pessoas na Alemanha, as ruas de Berlim e outras cidades alemãs estão mais vazias. O plano de nove pontos anunciado pelo governo proíbe encontros públicos de mais de duas pessoas, a não ser familiares. Todos devem manter uma distância de 1,5 metro dos outros e ir para a rua somente se necessário.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Zinken
Estrangeiros barrados, fronteiras fechadas
Além de limitar o movimento interno, a Alemanha reforçou as restrições à entrada de estrangeiros no país. Como resultado, o tráfego no aeroporto mais movimentado do país, em Frankfurt, teve uma queda significativa.
Foto: picture-alliance/nordphoto/Bratic
Os bávaros devem ficar em casa
Na Baviera, estado mais meridional da Alemanha, as pessoas estão proibidas de sair às ruas para evitar a propagação do novo coronavírus. Sob as medidas que estarão em vigor por pelo menos duas semanas, as pessoas não podem se reunir no exterior em grupos e os restaurantes foram fechados. As ruas de Munique ficaram vazias.
Foto: picture-alliance/Zuma/S. Babbar
Paris isolada
A atividade nas ruas normalmente movimentadas de Paris parou completamente depois que a França anunciou um bloqueio nacional na semana passada. As pessoas não podem sair de casa, a menos que seja para como comprar comida, visitar um médico ou ir ao trabalho. O prefeito de Paris, no entanto, pediu medidas de confinamento mais rigorosas à medida que o número de infecções aumenta em todo o mundo.
Foto: picture-alliance/AP Photo/T. Camus
Capital britânica ficou mais vazia
O Reino Unido fechou todos os bares, pubs e restaurantes para combater a ameaça do coronavírus. O primeiro-ministro, Boris Johnson, exortou todos os cidadãos a evitar qualquer viagem e contatos não essenciais com outras pessoas.
Foto: picture-alliance/R. Pinney
Milão, no coração da pandemia
No norte da Itália, só os pombos se atrevem a fazer aglomerações na rua. A catedral de Milão ergue-se solitária para o céu numa praça deserta. Na Itália, as pessoas só podem sair de suas casas para trabalhar ou fazer compras.
Foto: picture-alliance/dpa/AP/L. Bruno
Vaticano fechado ao público
Embora um número esmagador de casos de coronavírus tenha sido registrado na região da Lombardia, no norte da Itália, Roma e o Vaticano também foram forçadas a restringir severamente as reuniões públicas. Toda a Itália está sob quarentena. As lojas fecharam e os turistas deixaram o país. A Praça de São Pedro, no Vaticano, está bloqueada. Em Roma, museus e pontos turísticos estão fechados.
Foto: picture-alliance/dpa/Zuma/G. Galazka
Espanha, um país fortemente atingido pela crise
O governo espanhol prorrogou até 11 de abril o estado de emergência no país. A Espanha tem o segundo maior número de casos de doenças pelo novo coronavírus na Europa, atrás da Itália. Barcelona e Madri são particularmente atingidas.
Os cidadãos austríacos também já não podem circular livremente. Desde meados de março, todos os bares e restaurantes estão fechados. O marco de Viena - a Catedral de Santo Estêvão - está fechada aos turistas, os serviços na igreja são realizados sem fiéis e são transmitidos por rádio. Também a praça em frente à catedral, normalmente bastante movimentada, está deserta.
Foto: picture-alliance/dpa/W. Gredler-Oxenbauer
República Tcheca se fecha
A tradicional Ponte Carlos, em Praga, normalmente visitada por multidões de turistas, agora está em silêncio. A República Tcheca declarou estado de emergência por causa da pandemia do novo vírus e impôs uma extensa proibição de entrada e saída. Todas as ligações transfronteiriças de trens e ônibus também foram suspensas. A liberdade de circulação dos habitantes foi rigorosamente restringida.