Autora do célebre diário escreveu as linhas para uma amiga em 1942, meses antes de se esconder das tropas nazistas em Amsterdã. Segundo a casa de leilões, interesse pelo manuscrito extremamente raro é muito grande.
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Um raro poema escrito à mão por Anne Frank num álbum de poesias de 1942 vai a leilão nesta quarta-feira (23/11) na Holanda.
Então com 12 anos de idade, a garota judia escreveu as linhas em 28 de março no álbum de uma amiga, poucos meses antes de ela e sua família terem de se esconder das tropas alemãs que ocuparam Amsterdã, disse Thijs Blankevoort, da casa de leilões Bubb Kuypers, em Haarlem.
O codiretor da casa de leilões disse ainda que o interesse pelo manuscrito extremamente raro é muito grande. "Apresentaram-se interessados de quase todo o mundo." Para o leilão desta quarta-feira, o lance inicial está estipulado em 30 mil euros (cerca de 108 mil reais), disse Blankevoort, acrescentando que espera obter ofertas muito mais altas.
O poema de oito linhas foi dedicado a "Cri-Cri". Esse era o apelido de Christiane van Maarsen, irmã mais velha de Jacqueline, melhor amiga de Anne Frank. As primeiras quatro linhas do poema provêm de uma revista de 1938. Para os quatro versos restantes não foram identificadas fontes.
"Provavelmente foram escritos pela própria Anne Frank", afirmou Blankevoort, O poema é assinado com "em lembrança de Anne Frank."
Anne e sua família emigraram em 1934 da Alemanha para a Holanda. A partir de julho de 1942, eles passaram a se esconder dos nazistas num anexo secreto de um prédio em Amsterdã, onde Anne escreveu o seu famoso diário. Dois anos mais tarde, foram denunciados e deportados para campos de concentração nazistas.
Anne Frank morreu de tifo no campo de concentração de Bergen-Belsen no início de 1945. Ela tinha 15 anos de idade. Como único sobrevivente da família, seu pai, Otto Frank, publicou o diário de sua filha após a guerra.
CA/dpa/afp
Quem foi Anne Frank?
Jovem alemã escondeu-se na Holanda durante 25 meses, até que a família foi descoberta e deportada para Auschwitz, em 4 de agosto de 1944. Graças a seu diário, ela ainda é conhecida mundo afora.
Foto: picture-alliance/dpa
Margot, a irmã mais velha
Anne (na frente, à esquerda) tinha uma irmã três anos e meio mais velha, Margot (no fundo, à direita). O pai Otto Frank tirou esta foto no aniversário de oito anos de Margot, em fevereiro de 1934, quando a família já estava na Holanda.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Escondidos em Amsterdã
Em Amsterdã, o pai de Anne assumiu a filial da empresa Opekta (foto). Quando a perseguição aos judeus começou, ele montou um esconderijo nos fundos da casa. De 1942 a 1944, os quatro membros da família viveram no local junto com outros quatro judeus. No esconderijo, Anne escreveu seu famoso diário. Desde 1960, a casa é um museu.
Foto: Daniel Kalker/picture alliance
O esconderijo
No museu em Amsterdã, os visitantes podem visitar hoje uma réplica do antigo esconderijo nos fundos da casa. Por meses, Anne dividiu um quarto apertado com o dentista judeu Fritz Pfeffer, que no diário ganha o nome "Albert Dussel". À direita, vê-se a escrivaninha sobre a qual ela escrevia quase todos os dias.
Foto: DW/H. Mund
Diário como confidente
O diário tornou-se uma espécie de amiga e confidente de Anne, que ela batizou de Kitty. A vida no esconderijo era totalmente diferente da que a jovem levava antes dele. "O melhor de tudo é que ao menos posso escrever o que penso e sinto, senão, ficaria completamente sufocada", diz um trecho do diário.
Foto: Ade Johnson/picture alliance/dpa
Morte no campo de concentração
Em 30 de outubro de 1944, Anne e a irmã Margot foram levadas de Auschwitz para Bergen-Belsen, onde mais de 70 mil pessoas morreram. Após a libertação do campo de concentração sob a supervisão de soldados britânicos, caminhões transportaram as vítimas para valas comuns. Anne, que tinha apenas 15 anos, e a irmã estavam entre os mortos, em decorrência do tifo.
Foto: picture alliance/dpa
Vida interrompida
Em Bergen-Belsen, há uma lápide com os nomes de Margot e Anne, que imaginava que a própria vida correria de maneira diferente. "Não quero ter vivido em vão como a maioria das pessoas. Quero ser útil e trazer alegria para as pessoas que vivem à minha volta e não me conhecem. Quero continuar viva, mesmo depois da morte", diz um trecho do diário do dia 5 de abril de 1944.
Foto: Julian Stratenschulte/picture alliance/dpa
Famosa pelo diário
O sonho de Anne era ser jornalista ou escritora. Graças ao pai, seu diário foi publicado pela primeira vez em 1947, com o título "Das Hinterhaus"("A casa dos fundos"). Depois, vieram diversas edições e traduções, e Anne tornou-se símbolo das vítimas do nazismo. "Todos vivemos com o objetivo de sermos felizes. Vivemos de maneira diferente e igual ao mesmo tempo", escreveu em 6 de julho de 1944.