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Polícia alemã descobre rede de pornografia infantil

Rebecca Staudenmaier cn
26 de novembro de 2019

Até agora, oito homens foram presos acusados de abusar de crianças e postar imagens em grupos de até 1.800 membros. Vítimas têm entre 12 meses e 14 anos. Dimensões do caso podem ser ainda maiores.

Polícia em frente à casa de suspeito
Polícia faz operação de busca na casa de um dos suspeitos em AlsdorfFoto: picture-alliance/dpa/dmp press/D. Meyer-Roeger

Autoridades do estado da Renânia do Norte-Vestfália, no oeste da Alemanha, estão analisando uma grande quantidade de dados após descobrirem uma vasta rede na internet na qual suspeitos trocavam imagens de pornografia infantil por meio de chats de mensagens.

O maior dos inúmeros grupos descobertos possuía mais de 1.800 membros. A promotoria de Colônia disse à DW que as autoridades estão investigando 15 suspeitos. As vítimas têm entre 12 meses e 14 anos. Segundo a imprensa local, acredita-se que, na maioria, as vítimas são filhos ou enteados dos participantes do grupo.

Até agora, oito homens foram presos e indiciados por abusar sexualmente de crianças e de distribuir pornografia infantil na internet. Autoridades estimam que o número de envolvidos possa ser muito maior.

"Ainda não é possível estimar quão grande o caso será", afirmou o diretor da polícia criminal da Renânia do Norte-Vestfália, Frank Hoever, ao jornal alemão Rheinische Post. Segundo ele, o número de agressores e vítimas aumenta à medida que as autoridades analisam evidências encontradas na casa de suspeitos.

O volume de dados é tão grande que levou à polícia a contratar especialistas externos para avaliar as imagens e vídeos. "Temos que ser capazes de dizer pelas imagens se os abusos continuam acontecendo. Por isso, precisamos analisar os dados de forma abrangente, mesmo se apenas 30% deles seja suficiente para a Promotoria acusar um suspeito", disse Hoever.

O estopim para o caso foi a prisão, em 22 de outubro, de um suspeito de 42 anos, acusado de abusar sexualmente de menores e postar vídeos dos atos na internet. Durante a busca na casa do detido na cidade de Bergisch Gladbach, a polícia encontrou vários terabytes de vídeos e imagens. Cães treinados foram usados para encontrar o material digital que estava escondido no quintal do imóvel. Promotores disseram à DW que pelo menos 7 terabytes de dados foram recuperados na casa do suspeito.

Ao analisar o celular do suspeito, a polícia descobriu grupos em aplicativos de mensagens nos quais centenas de participantes trocam imagens e vídeo. Depois disso, houve uma série de prisões no estado, com a detenção de sete homens em cidades próximas de Aachen, Duisburg, Colônia, Dortmund e Düsseldorf.

Com o decorrer das investigações e sua expansão para outras regiões da Alemanha, mais dois suspeitos foram detidos. O caso só se tornou público no fim de outubro, e o tamanho da investigação, que continua a crescer, só foi revelado em novembro.

Pornografia falsa

O caso levanta várias questões, incluindo como esses grandes grupos de mensagens passaram despercebidos pelas autoridades. De acordo com o diretor da unidade de crime cibernético da Renânia do Norte-Vestfália, Sven Schneider, é difícil para a polícia ter acesso a esses grupos sem antes publicar imagens ou vídeos.

Ao jornal Rheinische Post, Schneider aprovou os planos da Alemanha de dar a investigadores disfarçados o poder de usar pornografia infantil falsa para detectar e identificar pedófilos. "Não é permitido e não queremos usar imagens reais. Fotografias geradas por computador atualmente são proibidas, e legalmente não podemos usá-las."

No caso em questão, as autoridades locais foram duramente criticadas por não ter agido mais cedo para deter um dos suspeitos, apesar de obterem informações sobre ele meses antes da operação. O homem de 26 anos foi detido alguns dias após a prisão do primeiro suspeito, no fim de outubro, apesar de ter admitido à polícia, em junho e julho, que consumira pornografia infantil e que tocara os próprios filhos de maneira inapropriada várias vezes.

De acordo com a emissora de televisão WDR, a promotoria de Kleve havia recebido evidências da polícia contra o suspeito em meados deste ano, mas considerou as provas insuficientes para justificar um mandado de busca e prisão. Na época, o escritório do promotor teria dito que enfrentava uma escassez de pessoal e estava sobrecarregado de casos. Dois homens foram condenados em setembro, acusados de abusar sistematicamente de pelo menos 32 crianças ao longo de 20 anos num camping na cidade de Lüdge.

O caso pressionou as autoridades estaduais devido aos erros cometidos antes e durante as investigações. A polícia perdeu indícios e autoridades responsáveis por proteção ignoraram vários alertas de possíveis abusos.

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