Inquérito analisa se marca utiliza símbolos inconstitucionais banidos na Alemanha. Além de rótulo, bebida é comercializada a 18,88 euros, números que são códigos entre neonazistas para Adolf Hitler e Heil Hitler.
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A polícia alemã abriu um inquérito para apurar a venda de uma cerveja com símbolos do Terceiro Reich numa loja de bebidas na cidade de Bad Bibra, no estado de Saxônia-Anhalt. As autoridades investigam se a marca utilizou símbolos inconstitucionais, que são banidos na Alemanha.
Apesar da investigação, autoridades do estado vizinho, a Turíngia, onde a cerveja é produzida, disseram que a águia do Reich e a Cruz de Ferro, que aparecem no rótulo da bebida, não são símbolos inconstitucionais.
A marca Deutsches Reichsbräu (Cervejaria do Reich Alemão) pertence ao ex-político neonazista Tommy Frenck, que lançou a cerveja no início deste ano. A bebida é vendida principalmente numa loja online ao lado de outras variedades de produtos com conotações extremistas.
Frenck também é proprietário de um bar na cidade de Kloster Vessra, na Turíngia, que, de acordo com a imprensa local, costuma realizar eventos neonazistas. Em 2014, ele concorreu nas eleições estaduais pelo extremista de direita Partido Nacional Democrático (NPD).
Além dos símbolos do rótulo, o preço da cerveja também chamou a atenção. Vendida a 18,88 euros, o valor remete a números que são o código para Adolf Hitler e Heil Hitler nos círculos neonazistas. Esses números correspondem à posição no alfabeto das letras iniciais destas palavras.
A venda da cerveja foi denunciada na quinta-feira (23/01) pelo político conservador Götz Ulrich, que postou uma imagem do produto nas redes sociais. Ele afirmou estar com vergonha e chocado que o produto estava quase esgotado.
Ao jornal Tagesspiegel, Ulrich disse que comprou uma das últimas garrafas para levar a um evento que lembrará os 75 anos da libertação do campo de extermínio de Auschwitz como símbolo da ameaça da extrema direita que ainda está muito presente.
A cerveja nazista estava sendo vendida numa franquia da Getränke Quelle, que afirmou na sexta-feira que a loja em Bad Bibra era independente e que não sabia da venda do produto. A franquia disse ainda que estava encerrando a parceria com o local e pediu a remoção do artigo.
Em 15 de abril de 1945, tropas britânicas chegaram a Bergen-Belsen. No aniversário dos 73 anos da libertação do campo, exposição lembra as 3.500 crianças que estiveram presas no lugar, incluindo Anne Frank.
O campo nazista de Bergen-Belsen abrigou um número excepcionalmente alto de crianças durante seu funcionamento, entre 1943 e 1945. As experiências traumáticas são descritas na exposição "Crianças no Campo de Concentração de Bergen-Belsen". Algumas nunca conseguiram falar sobre o horror sofrido. Outras relataram por escrito suas experiências para a posteridade.
Foto: Stiftung niedersächsische Gedenkstätten
Cara a cara com o passado
O que os visitantes pensam ao ver o retrato de um sobrevivente? Se eles também aprenderam a fazer contas contando cadáveres? Se também brincavam de adivinhar que era o próximo a morrer no barracão? O que parece macabro era apenas a triste realidade das crianças prisioneiras do lugar.
Lous Steenhuis tinha três anos quando chegou a Bergen-Belsen, vinda do campo de concentração de Westenbork e levando sua boneca, Mies. A garotinha, da cidade de Bussum, na Holanda, estava sozinha, sem pais, família ou conhecidos.
Hoje, Lous Steenhuis-Hoepelman tem 76 anos. E ainda guarda contigo sua antiga companheira de campo de concentração. Ela não acha que Mies seja uma boneca bonita. Mas, sem dúvida, o brinquedo a ajudou a suportar os traumas da época.
Foto: Stiftung niedersächsische Gedenkstätten
A vítima mais famosa
Anne Frank morreu em fevereiro de 1945 no campo de concentração de Bergen-Belsen, aos 15 anos de idade. A alemã emigrou para a Holanda, com seus pais judeus. Quando os nazistas invadiram o país, Anne teve que viver em um esconderijo junto com a família. Mas eles foram denunciados. Os textos da menina são um importante documento histórico daquela época.
O número total de prisioneiros que estiveram em Bergen-Belsen é estimado em até 120 mil. Tropas britânicas encontraram cerca de 60 mil presos. Quase um quarto deles morreu depois da libertação. Cerca de 50 mil prisioneiros morreram no lugar, incluindo por volta de 600 crianças. As valas comuns no campo de concentração são testemunhas silenciosas da crueldade do domínio nazista.