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Polícia analisa imagens de atentado contra Porta dos Fundos

26 de dezembro de 2019

Câmeras registraram momento em que homens encapuzados lançaram coquetéis molotov contra produtora. Grupo que diz seguir o integralismo reivindicou ataque.

Symbolbild: Zivilpolizei in Brasilien
Foto: Agência Brasil/T. Rêgo

A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga a participação de um grupo que diz seguir o integralismo – um antigo movimento extremista brasileiro dos anos 1930 inspirado no fascismo italiano – no atentado contra a sede da produtora do canal Porta dos Fundos. O ataque ocorreu na madrugada de terça-feira (24/12).

Na quarta-feira, integrantes de um grupo que se autointitula "Comando de Insurgência Popular Nacionalista da Família Integralista Brasileira”  divulgaram um vídeo em que reivindicam o atentado. O vídeo mostra três homens com rostos cobertos por toucas à frente de uma bandeira com o símbolo do integralismo. Um deles, sentado atrás de uma mesa onde está estendida um antiga bandeira do Império brasileiro, lê uma espécie de manifesto.

A leitura é acompanhada de imagens de homens lançando coquetéis molotov contra a fachada de um prédio. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, as imagens são mesmo do ataque contra a produtora.

No mesmo vídeo, um homem encapuzado lê com uma voz distorcida uma declaração em que o grupo reivindica a autoria do atentado, afirmando que foi uma "ação direta revolucionária” que ''buscou justiçar o povo brasileiro contra a atitude blasfema, burguesa e antipatriótica''.

"Temos o prazer de declarar que as inquietações advindas do espírito popular hoje foram parcialmente satisfeitas. O Porta dos Fundos resolveu fazer um ataque contra a fé do povo brasileiro se escondendo atrás do véu da liberdade de expressão”, diz um trecho do manifesto.

O grupo de humor vinha sendo alvo de críticas de religiosos nas últimas semanas após a produção do Especial de Natal do Porta dos Fundos, exibido pelo serviço de streaming Netflix. No especial, que foi levado ao ar no dia 3 de dezembro, os humoristas satirizam Jesus e Maria. O fundador do cristianismo é retratado como um homossexual. Maria, como adúltera e usuária de drogas. O fato de Jesus ter sido retratado como gay despertou a ira de vários grupos religiosos.

Após a divulgação do especial, surgiram petições para retirar o programa do ar. Vários líderes religiosos entraram com ações pedindo a suspensão. Um pedido chegou a ser endossado por uma promotora do Rio de Janeiro, mas acabou sendo negado por um juiz.

Ataque

Na noite de terça-feira, véspera de Natal,  dois coquetéis molotov foram atirados contra a da sede da produtora do grupo de humor, no Rio de Janeiro. O Porta dos Fundos informou que o fogo foi contido graças à ação rápida de um segurança do edifício, que conseguiu controlar o incêndio. Ninguém ficou ferido.

Segundo o UOL, Imagens de câmeras de segurança registraram o ataque. Eles mostram o momento em que pelo menos três pessoas – duas em uma caminhonete, uma em uma motocicleta – atiram os coquetéis molotov.

Após o ataque, o humorista Fábio Porchat, um dos integrantes do grupo, disse, em sua conta no Twitter, que o ataque não vai intimidar os comediantes. "Não vão nos calar. Nunca! É preciso estar atento e forte”.

Já a assessoria do grupo informou que o "Porta dos Fundos condena qualquer ato de ódio e violência e, por isso, já disponibilizou as imagens das câmeras de segurança para as autoridades, para o secretário de Segurança, e espera que os responsáveis pelos ataques sejam encontrados e punidos”.

JPS/ots

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