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Distúrbios no Reino Unido

9 de agosto de 2011

Criticada no passado tanto por inação como por excesso de repressão, polícia londrina pensa em empregar balas de borracha contra vândalos. Premiê Cameron promete severas punições. Distúrbios fazem primeira vítima fatal.

Edifício em chamas no sul de LondresFoto: dapd

Após uma conferência do Gabinete de Segurança nesta terça-feira (9/8), o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, condenou os distúrbios nas ruas do país, anunciando um reforço substancial das forças de segurança. Somente para a capital, Londres, estão designados para a noite desta terça-feira 16 mil policiais, quase o triplo do dia anterior.

Voluntários ajudam a limpar as ruas em Hackney, LondresFoto: dapd

Cameron prometeu que tudo será feito para restituir a ordem às ruas. Em meio ao clamor por uma ação mais eficiente, a polícia considera até mesmo utilizar munição de impacto, não letal, contra os vândalos. "É uma tática que será utilizada pela Metropolitan Police, caso se julgue necessário", declarou à imprensa o vice-comissário Stephen Kavanagh.

Por outro lado, Hugh Orde, presidente da Associação de Chefes de Polícia, descartou as exigências de alguns observadores de que se empreguem canhões de água. Estes "seriam totalmente inapropriados e, mais importante, totalmente ineficientes", devido a sua pouca mobilidade. No geral, os agentes têm permissão para "ir mais longe do que puderam ontem", informou Orde.

Primeira morte

A polícia britânica tem sido criticada por seu procedimento repressivo nos protestos estudantis e sindicais em novembro e março últimos, os quais também culminaram em violência. O mesmo se aplicou ao procedimento "mão pesada" dos agentes durante a cúpula do G20, em abril de 2009, que resultou na morte do cidadão Ian Tomlinson.

A presente onda de destruição urbana na Inglaterra iniciou-se no domingo último, no bairro de Tottenham. Dois dias antes, o motorista de táxi Mark Duggan, de 29 anos, fora morto por um policial, aparentemente durante uma troca de tiros. Em protesto, grupos de vândalos saíram às ruas do bairro socialmente carente, incendiando escritórios, casas, supermercados e veículos.

Ealing, na zona oeste da capital britânicaFoto: dapd

Neste meio tempo, a onda se alastrou por outras cidades, inclusive Liverpool, Birmingham e Bristol. Na madrugada de terça-feira, a violência atingiu um ápice "sem precedentes" em Londres, tomando de surpresa a Metropolitan Police, comentaram policiais.

Além de numerosas residências, armazéns e lojas incendiados, assim como centenas de vitrines quebradas, foi registrada a primeira morte. Em Croydon, no sul da capital, um rapaz de 26 anos de idade morreu no hospital após ser alvejado durante os distúrbios. Em Brent, três pessoas foram detidas sob suspeita de tentativa de homicídio, depois de uma colisão envolvendo um carro da polícia, durante um confronto. Um policial ficou ferido, porém sua condição é estável, declararam as autoridades.

Centro de distribuição da Sony, em Enfield, norte da capitalFoto: dapd

Medidas preventivas e Olimpíadas

O comissário-chefe da polícia londrina, Tim Godwin, apelou à população para que evite as ruas durante a noite. Os pais devem igualmente impedir que seus filhos saiam de casa, acrescentou. Segundo a imprensa, entre os responsáveis pelos distúrbios encontram-se também grupos de menores, entre dez e 14 anos.

Cameron ameaçou os vândalos com punição severa. Quem tem idade para cometer delitos também a tem para ser punido, comentou durante seu comunicado à nação nesta terça-feira. Segundo porta-voz da Scotland Yard, somente na noite passada foram detidas 200 pessoas, e o total de detenções ultrapassa 520. Alguns dos detidos já respondem a inquérito.

"Lamentando profundamente", a federação inglesa de futebol cancelou a partida amistosa contra a Holanda programada para a quarta-feira no Estádio de Wembley, em Londres: a gravidade dos distúrbios de rua exigiria a mobilização de todos os agentes de segurança disponíveis. Dois outros jogos do campeonato inglês tiveram igualmente que ser cancelados. A onda de violência preocupa observadores, devido aos Jogos Olímpicos que começam em Londres em menos de um ano.

AV/dpa/afp/rtr
Revisão: Roselaine Wandscheer

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