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Polícia sul-africana mata 34 em protesto mais brutal desde fim do apartheid

17 de agosto de 2012

Agentes policiais alegaram autodefesa em confronto com mineiros grevistas em Marikana, noroeste do país. Outras 78 pessoas ficaram feridas e 259 foram detidas no pior incidente das últimas décadas na África do Sul.

Foto: Reuters

Os confrontos começaram nos terrenos próximos da mina de platina da britânica Lonmin, na tarde de quinta-feira (16/08) quando um grupo de mineiros armados, segundo a polícia sul-africana, investiu contra a força policial.

Como as imagens do tiroteio circularam constantemente na televisão, a comissária nacional de Polícia, Riah Phiyega, afirmou nesta sexta-feira que os oficiais apenas utilizaram munição real depois de esgotarem todas as negociações e táticas de controle de multidões.

"O grupo de militante atacou na direção da polícia, disparando tiros e empunhando armas perigosas", disse a comissária Phiyega.

A greve

Mineiros sul-africanos armados com lanças artesanaisFoto: picture-alliance/dpa

Os trabalhadores da mina em Marikana estavam em greve há uma semana exigindo a triplicação do salário de 4.000 rands (cerca de 400 euros) por mês.

A situação está particularmente tensa para os mineiros, que viram várias minas de platina fecharem este ano, com as empresas lutando para lidar com o baixo preço do metal no mercado.

Joseph Mathunjwa, presidente da Associação de Mineiros e Trabalhadores da Construção (AMCU), comparou o tiroteio de quinta-feira com o notório massacre de Sharpeville, em 1960, nos dias mais sombrios da era do apartheid, quando a polícia matou 69 manifestantes negros.

Esta foi a ação policial mais violenta desde 1985, quando mais de 20 negros foram mortos pela polícia do apartheid na Cidade do Cabo, em um ato para marcar o 25º aniversário de Sharpeville.

Desta vez, os tiros vieram de uma polícia composta majoritariamente por negros, que dispararam contra mineiros pobres, também negros, cujas condições de vida pouco melhoraram nos últimos 18 anos, desde que o fim do apartheid prometeu democracia para todos.

"Eu sempre pensei que o massacre de Sharpeville tivesse ficado na história e nunca iria acontecer novamente. O que vivemos ontem, sob o governo democrático foi semelhante ao de Sharpeville", afirmou Mathunjwa.

AFN/afp/lusa
Revisão: Francis França

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