Polícia de Berlim apreende supostas pinturas de Hitler
25 de janeiro de 2019
Apreensão ocorre em casa de leilões que venderia as peças. Após denúncia, polícia abriu investigação sobre a autenticidade das obras e dos certificados.
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A polícia de Berlim apreendeu nesta quinta-feira (24/01) três supostas pinturas de Adolf Hitler que seriam leiloadas. A apreensão ocorreu na casa de leilões Kloss poucas horas antes da venda.
A polícia abriu a investigação após receber uma denúncia de que as obras seriam falsificadas. De acordo com a porta-voz da polícia, Patricia Brämer, a casa de leilões é suspeita de fraude e falsificação de documentos.
Datadas de 1910 e 1911, as três pinturas são assinadas com A. Hitler e retratam paisagens montanhosas. As obras possuíam supostos certificados de autenticidade.
Os certificados foram emitidos por um especialista britânico em caligrafia chamado Frank Garo entre novembro de 2017 e abril de 2018. Como Hitler não chegou a desenvolver um estilo artístico próprio, é difícil provar a autenticidade das pinturas que levam sua assinatura, argumentam especialistas em arte. O lance inicial para cada pintura era de 4 mil euros.
A polícia investiga também a origem dos quadros. A casa de leilões não divulgou o nome do proprietário das pinturas.
Antes da apreensão, o porta-voz da casa de leilões, Heinz-Joachim Maeder, declarou que as pinturas não tinham valor artístico. "O valor destes objetos e o interesse da imprensa são por causa do nome na parte inferior. Na beira do rio Sena [em Paris], há 100 artistas e 80 são melhores que esse".
Antes de se tornar líder da Alemanha nazista, Hitler tentou ganhar a vida como pintor na década de 1920. Certos historiadores acreditam que ele poderia ter abandonado suas ambições políticas caso tivesse tido mais sucesso com os pincéis.
CN/afp/rtr/ots
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Seja por terem sido roubadas, proibidas ou por terem pertencido a Hitler, além da qualidade artística, outros motivos podem colaborar para a celebridade de uma pintura.
"Madona Sistina"
Todos os anos, centenas de milhares de pessoas vão a Dresden ver a "Madona Sistina", uma das principais obras do Renascimento, pintada por Rafael Sanzio em 1512. Em 1754, o rei Augusto 3° a comprou de monges italianos, trazendo-a para a Saxônia. Após a guerra, a obra foi levada para Moscou, onde permaneceu por mais de uma década. A fama da pintura, no entanto, se deve a outro motivo.
Foto: picture-alliance/dpa
Anjos rafaelitas
Na parte inferior do quadro, Rafael pintou seus famosos anjos, de forma bastante humana, quase como crianças sem fazer nada e dando espaço a várias interpretações. E logo os querubins apareceram em caixinhas de joias, ou até mesmo como dois porquinhos na propaganda de um açougue em Chicago no fim do século 19, sem falar de camisetas, papéis de carta, bolas de natal, embalagem de chocolate...
Foto: picture-alliance/dpa
"Autorretrado com orelha cortada"
Na véspera de Natal de 1888, Vincent van Gogh foi encontrado ensanguentado em sua casa no sul da França. Ele havia cortado parte da orelha esquerda e entregue a uma prostituta em Arles, onde dividia um ateliê com Paul Gauguin. Este autorretrado foi pintado em 1889 e testemunha o desequilíbrio de Van Gogh diante da partida do amigo. Pela posição da orelha, o quadro foi feito diante de um espelho.
"A arte da pintura"
Jan Vermeer foi um mestre da encenação, não somente pela cortina em "A arte da pintura", onde retrata a si mesmo e a Clio, musa da história, e um mapa da antiga Holanda unida. Um apelo nostálgico, pois o quadro foi pintado entre 1664 e 1673, após a divisão do país. A obra pertenceu a Adolf Hitler, que a havia comprado de um conde austríaco. Após a guerra, foi devolvida à Áustria pelos americanos.
Foto: Wikipedia/Gemeinfrei
"Mona Lisa"
Desde o fim do séc. 18, a "Mona Lisa" está no Museu do Louvre. Mas de lá sumiu em 1911. E a suspeita recaiu sobre Pablo Picasso e o poeta Apollinaire, que estiveram envolvidos num furto de esculturas do museu. Mas a culpa deles não pôde ser comprovada e o quadro foi encontrado só dois anos depois. Ele fora roubado por um operário italiano que trabalhava no Louvre e que tentou vendê-lo na Itália.
Foto: Imago/Cinema Publishers Collection
"Mar de gelo"
Apesar de ter vivido há 200 anos, o fato de ter produzido quadros completamente artificiais faz do alemão Caspar David Friedrich um pintor muito moderno em tempos de mundos virtuais. Sua pintura "Mar de gelo", executada em 1823/1824, poderia ter saído da tela de um computador e comprova que o Romantismo está mais atual do que nunca numa sociedade marcada pela necessidade de segurança e intimidade.
Foto: picture-alliance/akg-images
"A lição de anatomia"
Diz-se que a violência é para nossos dias o que a sexualidade foi para época vitoriana: outra obra icônica e bastante atual é "A lição de anatomia", pintada em 1632 por Rembrandt. Na época, só era permitida uma dissecação pública por ano, realizada no inverno para melhor conservação do corpo, que tinha de ser de um criminoso executado. Por serem raros, tais eventos eram acontecimentos sociais.
Foto: cc
"Melancolia"
Na Idade Média, a melancolia foi um pecado capital. Ela abatia não só pessoas normais, mas também religiosos, que não conseguiam encontrar mais em Deus a resposta para todos os seus problemas. Assim, nada mais que um anjo caído e triste na gravura "Melancolia I", executada em 1514 por Albrecht Dürer, para anunciar o Renascimento e o fato de, a partir daí, a humanidade estar estregue à sua sorte.
Foto: Biblioteca Digital Hispánica
"A origem do mundo"
Gustave Courbet pintou este quadro em 1866 para um diplomata turco e não se sabe quem lhe serviu de modelo. Mas retratar seus órgãos genitais sem nenhum filtro mitológico foi ato decisivo rumo ao modernismo. A obra pertenceu ao psicanalista francês Jacques Lacan e foi mostrada ao público pela primeira vez somente em 1988. Ela está hoje no Museu d'Orsay, em Paris, com direito a vigilante próprio.
Foto: Reuters/P. Wojazer
"Guernica"
Picasso retratou em "Guernica" o bombardeio da cidade basca pelos alemães em 1937. Consta que, ao ver uma pequena foto do quadro no estúdio do pintor em 1944 na Paris ocupada, um oficial alemão perguntou: "Foi você que fez isto?", no que ele respondeu: "Não, foram vocês." Picasso determinou que a obra ficasse sob a guarda do MoMA de Nova York até que a democracia fosse restaurada em seu país.
"Abaporu"
Pintado em 1928 por Tarsila do Amaral, o "Abaporu" (homem que comem gente, em tupi-guarani) não é somente a representação pictórica do modernismo brasileiro, mas também o carro-chefe do acervo do museu Malba, em Buenos Aires. É triste, mas é verdade. Ele não está mais no Brasil. Foi vendido em 1995 para um colecionador argentino, já que na época, não se encontrou um comprador brasileiro.