Polícia de Berlim posta gatos para afastar rumores
Christian Wolf pv
21 de dezembro de 2016
Para evitar boatos e especulações na internet sobre atentado a um mercado natalino na capital alemã, autoridades adotam tática já usada em Bruxelas: fotos de felinos no Twitter.
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Antes mesmo de os investigadores terem oficialmente iniciado a caça contra um novo suspeito pelo atentado em Berlim, já circulavam imagens de um homem na mídia. A fotografia com uma tarja preta na altura dos olhos mostrava o que seria o suposto suspeito.
Para manifestar a desaprovação das autoridades em relação à divulgação da imagem, a polícia de Berlim fez uma postagem nada convencional no Twitter nesta quarta-feira (21/12), com a foto de um gato e a hashtag #AusGruenden (por razões, em tradução livre)
Com a mensagem, a polícia local quer deixar claro algo que já fora repetido diversas vezes desde o ataque desta segunda-feira: as pessoas não devem publicar imagens da cena do crime e, principalmente, não disseminar especulações e rumores sobre um suposto autor – por razões de privacidade e segurança e para não prejudicar as investigações.
Muitos usuários do Twitter apoiaram a medida da polícia e publicaram, desde então, fotografias de gatos com a hashtag #KatzenstattSpekulation (gatos em vez de especulações). Outros elogiaram o trabalho das autoridades. Um usuário escreveu, por exemplo: "Uau. Vocês são os melhores! Obrigado pelo compromisso."
Esta não é a primeira vez que fotos de gatos em redes sociais são utilizadas na luta contra as especulações desordenadas. No ano passado, foram espalhados rumores sobre operações policiais em Bruxelas com a hashtag #BrusselsLockdown. Para conter isso e ajudar a polícia belga, usuários então começaram a postar imagens de gatos, e a ação viralizou na internet.
O que se sabe sobre a tragédia em Berlim
Reunimos os principais fatos sobre o ataque com um caminhão à feira de Natal na praça Breitscheidplatz, no bairro de Charlottenburg, em Berlim.
Foto: Reuters/P. Kopczynski
O local
Por volta das 20h (hora local) de segunda-feira (19/12), um caminhão avançou contra uma feira de Natal na praça Breitscheidplatz, no bairro de Charlottenburg, em Berlim. A praça diante da Igreja Memorial do Imperador Guilherme é um destino turístico conhecido. Próximos dali ficam a Estação Zoo e a famosa avenida Kurfürstendamm.
Foto: Google Earth
O que ocorreu
O caminhão invadiu a calçada e avançou cerca de 80 metros sobre a feira de Natal, atropelando pessoas e destruindo barracas. As autoridades dizem não haver dúvidas de que se trata de um atentado e partem do princípio de que seja um ato terrorista.
Foto: Reuters/F. Bensch
As vítimas
Ao menos 12 pessoas morreram e outras 56 ficaram feridas, 30 das quais em estado grave. Oito dos mortos foram identificados como alemães, um homem é polonês, uma mulher é israelense, uma segunda é italiana e um outra é da República Tcheca.
Foto: Reuters/P. Kopczynski
A vítima polonesa
A primeira vítima do atentado foi o polonês Lukasz U., de 37 anos, motorista do caminhão sequestrado pelo autor do ataque. Segundo investigadores, o polonês foi esfaqueado diversas vezes, sugerindo que teria tentado reassumir o volante do veículo. Após a autópsia, contudo, constatou-se que Lukasz fora fuzilado horas antes do ataque. A polícia encontrou o corpo do polonês na cabine do veículo.
Foto: picture alliance/AP Photo/Str
As investigações
As investigações foram encaminhadas à Procuradoria Federal, responsável por casos de terrorismo. Os motivos do atentado ainda são desconhecidos, mas ele é investigado como sendo um atentado terrorista. Investigadores falam que várias pessoas podem estar envolvidas. Uma operação de busca foi realizada pela polícia num abrigo de refugiados de Berlim.
Foto: Reuters/P. Kopczynski
O primeiro suspeito
O refugiado paquistanês detido por suposto envolvimento no ataque foi solto pelas autoridades. A Procuradoria Federal comunicou que não foi expedido nenhum mandado de prisão contra o jovem de 23 anos, que entrou no país como refugiado em 31 de dezembro de 2015. As investigações não conseguiram provar que ele esteve na cabine do caminhão. Não havia, por exemplo, manchas de sangue na roupa dele.
Foto: Reuters/H. Hanschke
O segundo suspeito
Anis Amri, um tunisiano de 24 anos, é o principal suspeito. Ele foi morto por policiais italianos quatro dias depois do ataque. Amri chegou à Alemanha em 2015 e teve pedido de refúgio negado em junho de 2016. Como não pôde ser deportado por questão burocrática, passou a ser "tolerado". Ele circulava entre Berlim e o estado da Renânia do Norte-Vestfália. Um documento dele foi encontrado na cabine.
Foto: picture-alliance/dpa/Bundeskriminalamt
Os responsáveis
O tunisiano Anis Amri, de 24 anos, é o suspeito de ser o condutor do caminhão. Ele foi morto por policiais italianos na madrugada desta sexta-feira. Um documento dele, de "refugiado tolerado" na Alemanha, foi encontrado na cabine do caminhão. O "Estado Islâmico" assumiu a autoria do ataque.