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LIxo atômico

7 de novembro de 2010

Forças policiais removem mais de 3.500 manifestantes dos trilhos e comboio com lixo nuclear avança até o entreposto de Dannenberg, perto do destino final. Conflitos entre ativistas e policiais foram violentos no domingo.

Ativistas e policiais: confronto no meio da florestaFoto: AP

O trem com os 11 contêineres de lixo atômico chegou na manhã desta segunda-feira (08/11) a Dannenberg, última estação antes do destino final, o depósito de Gorleben.

Durante a madrugada, o avanço do trem fora impedido pelas maiores barreiras da história dos comboios "Castor", como são chamados os trens que trazem o lixo atômico da França para a Alemanha.

Pela manhã, a polícia dispersou os manifestantes que impediam a passagem do comboio. Mais de 3.500 pessoas passaram a noite sobre os trilhos, algumas até mesmo dormiram lá. O comboio já está mais de 24 horas atrasado.

Neste domingo, ocorreram tumultos em grande escala entre manifestantes e policiais ao longo do trecho percorrido pelos contêineres contendo lixo atômico, originários da usina de reprocessamento La Hague, na França, e destinados ao depósito de Gorleben, no sudoeste alemão.

Os conflitos ocorreram principalmente nas proximidades de Dannenberg. O trem com os resíduos atômicos só está conseguindo seguir para seu destino com enormes atrasos. Durante a tarde, 300 ativistas conseguiram danificar boa parte dos trilhos nas proximidades de Grünhagen, cidade por onde o trem contendo lixo atômico passa.

Novo grau de violência

O presidente do Sindicato da Polícia, Konrad Freiberg, afirmou que os protestos contra o transporte do lixo atômico atingiram "um novo grau de violência". Segundo ele, os manifestantes incendiaram viaturas com policiais dentro.

"Isso deve ter sido algo planejado e preparado", disse Freiberg ao jornal Rheinische Post. Manifestantes jogaram combustível numa viatura e a incendiaram a seguir. O fogo foi, contudo, apagado a tempo e os policiais nada sofreram.

Foto: dapd

Freiberg criticou a decisão do atual governo de prorrogar o tempo de atividade das usinas nucleares na Alemanha. "Deve estar claro para todo mundo: quem quebra um consenso, desencadeia um conflito social", disse ele.

No meio da floresta

Os tumultos envolvendo manifestantes e a polícia aconteceram também no meio da floresta próxima à região. Enquanto os ativistas tentavam colocar obstáculos nos trilhos, a polícia reagiu com uso de cassetetes e spray de pimenta. "A floresta está cheia de gás lacrimogêneo", afirmou Mischa Aschmoneit, porta-voz da organização antinuclear Castor Schottern.

Em Wendland, na região, os protestos reuniram no último sábado (06/11) um total de aproximadamente 50 mil manifestantes (de acordo com os organizadores) e 25 mil (de acordo com a polícia) – todos portando bandeiras avessas ao uso da energia nuclear no país.

"Como na época da queda do Muro"

No domingo, contudo, os conflitos com as forças policiais se acirraram. "Como na época da queda do Muro de Berlim, nós temos muito poder de influência", afirmou um ativista de 44 anos. Em uma grande manifestação antinuclear na cidade de Splietau, localizada na região, o clima foi, apesar do frio e da chuva, de entusiasmo, com milhares de pessoas munidas de balões, cestos de piquenique, instrumentos de percussão e música.

Foto: dapd/Felix Quittenbaum / PubliXviewin

A opinião geral entre os manifestantes é a de que a participação nos protestos não se limita mais a determinados grupos de ativistas, mas passou a reunir gente de todas as classes sociais e de todas as regiões da Alemanha, afirmou Jochen Stay, porta-voz da Organização Antinuclear.

"Viemos para ficar", comentou, por exemplo, Miriam Krell, de 31 anos e natural de Freiburg. A polícia enviou à região em torno de Gorleben, destino final do lixo atômico, mais de 10 mil homens na tentantiva de manter o controle da situação.

SV/dpa/ap/afp
Revisão: Alexandre Schossler

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