Polícia faz buscas em residências do copiloto do voo 4U-9525
26 de março de 2015
Investigadores revistam casa de Andreas Lubitz e de seus pais na Alemanha em busca de explicação para tese de que ele teria derrubado avião da Germanwings. Autoridades descartam extremismo ou fanatismo religioso.
Desde o começo da tarde desta quinta-feira (26/03), policiais revistam a sua residência na cidade de Düsseldorf, na Renânia do Norte-Vestfália, na busca por indícios. Também a casa dos pais de Lubitz, em Montabaur, na Renânia-Palatinado, está sob forte isolamento policial.
"As buscas são especialmente para encontrar e confiscar documentos pessoais a fim de obter provas para desvendar o que estaria por trás da ação", comunicou o Ministério Público de Düsseldorf. O FBI (a polícia federal americana) ofereceu ajuda aos investigadores europeus. "Estamos prontos para atender qualquer pedido por informação ou assistência dos investigadores, já que trabalhamos com países parceiros cujos cidadãos foram afetados por essa tragédia", disse uma porta-voz.
Até agora, não há uma explicação concreta. As autoridades de segurança de França e Alemanha descartam terrorismo e afirmam que, com todas as informações que puderam recolher sobre Lubitz, ele não era extremista, nem fanático religioso ou político. Além disso, nenhuma organização terrorista reivindicou autoria pela aparente colisão deliberada.
Segundo comunicado do governo de Düsseldorf, o copiloto passou por três verificações de segurança em janeiro. Em todas, não foi constatada qualquer anomalia em seu comportamento. No entanto, é conhecido que Lubitz interrompeu a sua formação de piloto na escola da Lufthansa em Bremen, em 2008, para passar por um tratamento contra depressão.
A Lufthansa, da qual a Germanwings é subsidiária, confirmou a interrupção, mas reiterou que ele estava "apto a voar sem qualquer restrição".
Lubitz tinha 27 anos e era natural da cidade de Montabaur, na região de Westerwald, no estado alemão da Renânia-Palatinado. Ele trabalhava desde 2013 para a Germanwings. Segundo a agência de notícias AP, Lubitz teria voltado a Montabaur há pouco tempo para, supostamente, renovar sua licença para pilotar planadores.
De acordo com o membro do aeroclube de planadores LSC Westerwald, Peter R., Lubitz era "uma pessoa legal, divertida e, às vezes, um pouco calada". Ele era benquisto e bem integrado no ambiente social do clube, tendo alguns amigos e não sendo, de forma alguma, uma pessoa solitária. "Ele estava feliz com seu emprego na Germanwings e estava bem", disse.
O agora já deletado perfil no Facebook de Lubitz mostrava um jovem com cabelo castanho e sorriso aberto posando na ponte Golden Gate, em San Francisco, nos EUA. Ele expressava simpatia por música eletrônica, era um venerado corredor de meias-maratonas, gostava de arborismo e jogar boliche.
PV/ots/dpa
Cronologia do desastre do voo 4U-9525
Airbus A320 da Germanwings caiu nos Alpes franceses 40 minutos após decolar de Barcelona, numa tragédia que investigadores tratam como um ato deliberado do copiloto. Uma cronologia com base nas primeiras investigações.
Foto: D. Bois/AFP/Getty Images
Decolagem com atraso
O voo 4U-9525, da companhia aérea alemã Germanwings, decola do aeroporto de Barcelona por volta das 10h00 (horário local), de 24 de março de 2015, com cerca de 20 minutos de atraso. O Airbus A320-211, com 24 anos de uso, deveria chegar às 11h55 em Düsseldorf. Havia 150 pessoas a bordo, a maioria delas alemães e espanhóis.
Foto: picture-alliance/dpa/Ole Spata
Vinte minutos sem problemas
Durante os 20 primeiros minutos, o voo é normal. O ambiente entre piloto, copiloto e tripulação foi descrito pelos investigadores franceses, com base no áudio de uma das caixas-pretas, como descontraído e relaxado.
Foto: picture-alliance/dpa/Ole Spata
Voo de cruzeiro
Às 10h20, o avião da Germanwings alcança a altitude de cruzeiro, de 38 mil pés (11,5 quilômetros). É a fase na qual a aeronave viaja de forma reta e nivelada, na velocidade máxima que pode atingir de modo a consumir o mínimo de combustível possível.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Vennenbernd
Último contato
Às 10h30, o avião faz o último contato com o controle aéreo. Um dos pilotos diz: "Direção IRMAR. Obrigado, 18G." A sigla é uma indicação de que a cabine recebeu dos controladores a autorização para prosseguir a rota direta até "IRMAR", próximo ponto em que o A320 deveria fazer contato. Já 18G é a abreviatura do indicador de rádio do voo.
Foto: picture-alliance/dpa/Airbus_Industrie
Piloto trancado fora da cabine
Às 10h31 o avião começa a perder altitude, quando deveria manter-se em fase de cruzeiro. Na cabine fechada, estava apenas o copiloto Andreas Lubitz, de 28 anos. A caixa-preta registra chamadas de interfone, em que o piloto se identifica tentando entrar, mas sem receber qualquer resposta. Captada pelos microfones, a respiração de Lubitz é normal.
Foto: Reuters/L. Foeger
Copiloto em silêncio
Às 10h35, a agência de aviação civil francesa lança um sinal de alerta, ao perceber a perda de altitude contínua da aeronave. Um caça Mirage 2000 decola da base militar de Orange para alcançar o voo da Germanwings. Durante cerca de cinco minutos, o piloto golpeia a porta da cabine, de forma cada vez mais violenta, na tentativa de entrar. O copiloto (foto) se mantém em silêncio.
Foto: picture alliance/AP Photo
Desespero de passageiros
O transponder do A320, que envia automaticamente informações sobre sua localização, para de emitir sinais às 10h40. A caixa-preta registra a ativação do sistema de alerta sonoro do avião, que indica impacto imediato. Nos instantes finais, passageiros começam a gritar.
Foto: picture-alliance/dpa/F. Christiansen
Queda nas montanhas
Cerca de 40 minutos após decolar, o A320 se choca contra o maciço de Trois Evêchés, numa zona não habitada dos Alpes franceses. Todos os 144 passageiros e seis tripulantes morrem, num dos maiores desastres aéreos da história na Europa. Entre os mortos, estão pessoas de 15 nacionalidades, incluindo 16 adolescentes da mesma escola de uma pequena cidade no oeste da Alemanha.