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Polícia Federal descarta edição em áudio de Temer

24 de junho de 2017

Laudo pericial de gravação feita por Joesley Batista mostra interrupções causadas pelo próprio gravador. Em áudio, presidente teria dado aval a empresário da JBS para o pagamento de uma mesada pelo silêncio de Cunha.

Defesa de Temer contestou áudio por suposta manipulação
Defesa de Temer contestou áudio por suposta manipulaçãoFoto: Getty Images/AFP/E. Sa

A Polícia Federal (PF) concluiu que não houve edição no áudio da gravação da conversa entre o empresário da JBS, Joesley Batista, e o presidente Michel Temer. A perícia, feita pelo Instituto Nacional de Criminalística (INC), foi finalizada nesta sexta-feira (23/06).

Na gravação que causou um terremoto político, Temer daria a Joesley o aval para o pagamento de uma mesada ao ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) em troca do silêncio deste na prisão. O áudio, gravado em março, fazia parte do acordo de delação premiada firmada por Joesley e seu irmão Wesley Batista com a Procuradoria-Geral da República.

De acordo com o jornal Folha de São Paulo, os peritos teriam identificado mais de 180 interrupções "naturais" no áudio. Essas pausas teriam sido causadas pelo aparelho utilizado para gravar a conversa, que possui um mecanismo de economia de bateria que interrompe automaticamente a gravação em momentos de silêncio.

Desta forma, os peritos descartaram edições no áudio. Quatro gravações foram analisadas. O laudo será entregue na próxima semana ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Áudio da conversa entre Temer e Joesley Batista

02:26

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O resultado da perícia era ainda aguardado pela PF para a conclusão do inquérito sobre Temer que analisa as denúncias de organização criminosa e obstrução de Justiça. Em relatório parcial, o presidente foi acusado pelo crime de corrupção passiva.

Guerra de interpretações

Após a divulgação do áudio, a imprensa brasileira foi tomada por uma guerra de interpretações envolvendo uma suposta manipulação do seu conteúdo. As primeiras questões sobre eventuais edições no registro da conversa entre Temer e Joesley foram levantadas nos dias seguintes à divulgação do áudio.

Além de dar aval a Joesley para o pagamento de uma mesada a Cunha, na mesma ocasião, Temer indicou ainda o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB) para resolver uma questão da J&F Investimentos, holding que controla a JBS. Posteriormente, Loures foi filmado recebendo uma maleta com 500 mil reais que teriam sido enviados por Joesley.

Durante o encontro com Joesley, Temer agiu com naturalidade. O presidente foi posteriormente acusado de não ter agido ao tomar conhecimento das ações do empresário para afetar investigações em andamento.

Após a divulgação dos áudios, Temer afirmou que a gravação era fraudulenta e sua defesa contratou um perito para analisá-la. Os advogados do peemedebista alegam que foram identificados "70 pontos de obscuridade" na gravação, o que revelaria que o material seria imprestável.

Com a conclusão do inquérito da PF, a decisão de denunciar Temer ao Supremo, com base nas investigações, caberá ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

CN/ots