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Polícia Federal vai ampliar segurança de presidenciáveis

7 de setembro de 2018

Após ataque a Bolsonaro, governo federal decide aumentar em 60% o efetivo de agentes que reforçam as campanhas presidenciais. Ministro diz que candidato do PSL não seguiu orientações de segurança da PF em Juiz de Fora.

Jair Bolsonaro
Titular da Segurança Pública alerta ser difícil garantir segurança se candidato "se lança sem controle sobre a massa"Foto: Imago/Agencia EFE

Após o ataque a faca ao candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) em Minas Gerais, o governo federal vai ampliar em 60% o efetivo da Polícia Federal que faz a segurança dos presidenciáveis, anunciou nesta sexta-feira (07/09) o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann.

Segundo o ministro, atualmente um total de 80 agentes da Polícia Federal fazem a segurança de cinco candidatos ao Palácio do Planalto que solicitaram o serviço. Desses, 21 oficiais – mais de um quinto – foram destacados para a campanha de Bolsonaro, informou Jungmann.

A proteção de agentes federais está prevista em resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas não é automática e precisa ser solicitada pelas campanhas, a partir do momento em que as candidaturas são oficializadas nas convenções eleitorais.

Além de Bolsonaro, solicitaram o reforço os presidenciáveis Alvaro Dias (Podemos), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede).

Jungmann evitou revelar quantos agentes da Polícia Federal estão disponíveis para os demais candidatos. Segundo ele, a campanha de cada presidenciável passa por uma análise de risco que determina o número de policiais necessários.

Em resposta à determinação do governo federal para um aumento do efetivo, o diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, tem uma reunião marcada para este sábado em Brasília com as equipes de campanha dos presidenciáveis, a fim de definir esse reforço na segurança.

O ministro afirmou que, no momento do ataque em Juiz de Fora na quinta-feira, 13 policiais federais faziam a segurança de Bolsonaro, além de 50 policiais militares.

Ele ainda fez uma comparação com o efetivo disponibilizado ao ex-presidente francês François Hollande durante visita ao Brasil em 2016, para os Jogos Olímpicos do Rio. "O presidente da França, que esteve aqui e era considerado de alto risco, contava com nove agentes da PF", disse.

Segundo Jungmann, Bolsonaro não seguiu completamente as orientações de segurança da Polícia Federal durante o ataque na véspera. O ministro acrescentou que a corporação já havia expressado preocupação com a exposição ao risco do candidato durante atos de campanha.

"Já tinha se conversado com a coordenação de campanha e com a própria família de que ficaria muito difícil fazer a segurança do candidato quando ele se lançava à multidão e era carregado nos braços. Se vocês verem a cena do acontecido, vão ver que há um enorme tumulto e fica praticamente impossível fazer a segurança", argumentou.

Um vídeo compartilhado nas redes sociais mostra o momento da agressão. Bolsonaro aparece sendo erguido nos ombros por um de seus apoiadores, em meio a uma multidão nas ruas de Juiz de Fora, quando sofre um golpe na região do abdômen.

Jungmann defendeu que os candidatos façam atividades de corpo a corpo com os eleitores durante atos de campanha, mas observando as medidas de segurança da Polícia Federal.

"Tem que evitar atitudes como se tornar alvo extremamente visível, não se lançar sem controle sobre uma massa. Existem equipamentos, percursos, visibilidade que devem ser evitados. É preciso, de todos os candidatos, a corresponsabilidade e o compromisso em obedecer as recomendações."

Suspeito indiciado

O autor da facada em Bolsonaro, identificado como Adélio Bispo de Oliveira, de 40 anos, foi preso em flagrante na quinta-feira. Jungmann informou que ele seguirá preso em Juiz de Fora até ser ouvido pela juíza em custódia, mas, se houver necessidade, ele pode ser transferido para algum presídio federal.

A Polícia Federal instaurou um inquérito para apurar as circunstâncias do crime. Segundo o ministro, a investigação aponta para um ato isolado – o que se chama de "lobo solitário" –, mas não está descartado o envolvimento de pelo menos outras duas pessoas no ataque. Um segundo suspeito chegou a ser detido e interrogado, mas já foi liberado.

Oliveira foi indiciado pela acusação de infringir o artigo 20 da Lei de Segurança Nacional, sancionada em 1983, no fim da ditadura militar. A lei estabelece uma série de crimes motivados por "inconformismo político", incluindo "praticar atentado pessoal".

A Polícia Federal informou que, em seu depoimento, o próprio acusado admitiu ter agido por razões políticas ou religiosas. A legislação prevê pena de três a dez anos de prisão, podendo ser ampliada para seis a 20 anos se o crime envolver "lesão corporal grave".

Estado é estável

Bolsonaro foi atingido por um golpe de faca na região do abdômen na tarde desta quinta-feira, durante um ato de campanha na cidade mineira de Juiz de Fora.

Ele foi socorrido e encaminhado à Santa Casa do município, onde os médicos constataram lesões numa artéria, no intestino grosso e no intestino delgado. As lesões foram reparadas durante uma cirurgia.

Nesta sexta-feira, o candidato foi transferido de helicóptero para o hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde passou por uma série de exames. Segundo o mais recente boletim médico, ele está consciente e "em boas condições clínicas".

"O paciente está internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) onde realizou exames laboratoriais e de imagens e foi avaliado por equipe multiprofissional", acrescenta o parecer do hospital na capital paulista.

Em mensagem de vídeo gravada por correligionários, o candidato aparece deitado no leito do hospital, cercado de familiares e apoiadores. "Nunca fiz mal a ninguém", afirmou, após agradecer à equipe médica que o atendeu. Mais tarde, em mensagem no Twitter, Bolsonaro escreveu: "Estou bem e me recuperando!".

EK/abr/ots

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