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Polícia francesa revela detalhes macabros sobre atentado

28 de junho de 2015

Principal suspeito teria tirado foto com patrão decapitado e a enviado por WhatsApp a um número estrangeiro. Autoridades internacionais investigam possível conexão entre ataques na França, Tunísia e Kuwait.

Foto: Getty Images/AFP/P. Desmazes

O dia seguinte à série de atentados – de fundo terrorista islâmico confirmado ou presumido – continua sendo de luto e de choque, mas também de investigações intensificadas.

A grande pergunta permanece em aberto: se os ataques em Tunísia, França e Kuwait foram coordenados e se estão relacionados ao primeiro ano da autoproclamação do "Estado Islâmico" (EI) como "califado", em 29 de junho. Um argumento a favor dessa teoria é o fato de os atos criminosos terem sido cometidos quase simultaneamente, apesar de separados por grande distância geográfica.

O presidente do Conselho Central Muçulmano na Alemanha, Aiman Mazyek, considera possível ter havido uma ação coordenada, "uma combinação entre os terroristas". Diversos órgãos nacionais e internacionais estão investigando, entre eles o Ministério Público Federal alemão, sediado em Karlsruhe.

Ao contrário do massacre na Tunísia e do ataque suicida no Kuwait, até o momento nenhum grupo jihadista reivindicou o crime na França. O presidente François Hollande convocou neste sábado (27/06) uma reunião urgente com o primeiro-ministro Manuel Valls.

Suspeito é interrogado

A polícia francesa continua interrogando o suspeito do ataque à fábrica americana de produtos químicos Air Products & Chemicals em Saint-Quentin-Fallavier, a cerca de 40 quilômetros de Lyon.

Yassin Salhi, de 35 anos, é responsabilizado por causar uma explosão ao invadir, com uma caminhonete de entregas, um depósito contendo recipientes de substâncias químicas perigosas. Um promotor comentou que, ao ser contido por bombeiros, o suspeito tentava abrir bujões de acetona, possivelmente com o fim de causar uma explosão ainda mais grave.

Segundo o promotor François Molins, não há qualquer indicação de que Salhi tenha agido com um cúmplice. A polícia francesa também interroga um segundo homem por acusações relacionadas a terrorismo, mas não está claro se ele estaria envolvido no atentado de Saint-Quentin-Fallavier.

Usina da Air Products & Chemicals em Saint-Quentin-FallavierFoto: Getty Images/AFP/J.-P.Ksiazek

Ligações salafistas

O ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, informou que, mesmo não sendo fichado na polícia, Yassin Salhi estava na mira dos serviços de segurança desde o início dos anos 2000.

Ele havia sido investigado devido a ligações com salafistas radicais, mas nunca houve indícios de que planejava um atentado. Devido aos sinais de radicalização, em 2006 abriu-se um inquérito contra Salhi, que foi fechado dois anos mais tarde, relatou o ministro.

Um colega de trabalho o descreveu à rádio francesa RTL como "lobo em pele de cordeiro", comentando que Salhi teria o procurado para falar sobre o "Estado Islâmico", embora sem tentar recrutá-lo.

Selfie com cabeça cortada

Um detalhe especialmente macabro do atentado na França foi o achado de uma cabeça decepada, cravada numa cerca próxima. Segundo o promotor Molins, ela estava ladeada por duas bandeiras ilustradas com o Shahada, a profissão de fé muçulmana.

A vítima era Hervé Cornara, de 54 anos, dono da firma de entregas em que Yassin Salhi trabalhava. Fontes próximas às investigações revelaram à imprensa que ele teria tirado uma selfie com o decapitado, enviando-a, pelo serviço de mensagens instantâneas WhatsApp, a um número no Canadá, cuja auntenticidade está sendo investigada.

A forma de execução de Cornara, única vítima do ato, reforça as suspeitas de conexões com o "Estado Islâmico", que adotou a decapitação como uma de suas marcas registradas em vídeos de recrutamento e intimidação. Além de suas bases no Iraque e na Síria, o grupo jihadista também age no Norte da África.

A França está atualmente envolvida em diversas campanhas militares, tanto em países africanos eminentemente muçulmanos como contra a o EI, no norte Iraque. Isso tem tornado o país, que possui a maior população islâmica da Europa Ocidental, alvo frequente de fundamentalistas.

AV/afp/rtr/ap/dpa

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