Perícia conclui que lesões são superficiais e podem ter sido feitas pela adolescente ou com consentimento dela. Delegado diz que houve automutilação, e advogada de defesa reafirma convicção de que jovem foi atacada.
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A Polícia Civil de Porto Alegre (RS) indiciou nesta quarta-feira (24/10) uma mulher de 19 anos por falsa comunicação de crime. No início do mês, a jovem registrou uma ocorrência relatando que teria sido agredida por três homens que teriam feito uma suástica com canivete no seu corpo.
A imagem do ferimento foi divulgada pela imprensa, e o caso teve repercussão nacional. No entanto, para a Polícia Civil gaúcha há indícios de que o ferimento foi feito ou pela própria mulher ou por uma outra pessoa com o consentimento dela. O caso foi encaminha para a Justiça em Porto Alegre.
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No dia 8 de outubro, a jovem registrou uma ocorrência relatando que teria sido agredida no dia anterior, o domingo do primeiro turno da eleição presidencial. De acordo com o boletim de ocorrência, ela teria na mochila adesivos do movimento LGBT e da campanha #EleNão, que é contrária ao candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL). Dois homens a teriam imobilizado no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, e um terceiro teria desenhado uma suástica na barriga dela, segundo o relato.
O delegado responsável pelo caso, Paulo Cesar Jardim, disse nesta quarta-feira que os investigadores analisaram câmeras da região onde a mulher afirma ter sido abordada e que ela não aparece nas imagens. Além disso, a Polícia ouviu mais de 20 pessoas e "ninguém viu nada".
Jardim disse ainda que a jovem faz tratamento psiquiátrico e toma remédios. "É uma fragilidade emocional", acrescentou, descartando que ela tenha forjado a situação com intenções políticas. Para ele, houve automutilação.
Um laudo do Instituto Geral de Perícias (IGP) aponta a existência de lesões superficiais, contínuas, uniformes e sem profundidade, em área de fácil acessão do corpo. De acordo com a perícia, a jovem não apresenta sinais de que tenha reagido à agressão, o que seria de se esperar.
"Nesse sentido, pode afirmar-se que as lesões foram produzidas: ou pela própria vítima ou por outro indivíduo com o consentimento da vítima ou, pelo menos, ante alguma forma de incapacidade ou impedimento da vítima em esboçar reação", afirma o laudo.
A advogada da adolescente, Gabriela Souza, destacou que o laudo não descarta a hipótese de as lesões terem sido feitas por uma outra pessoa, "inclusive mediante incapacidade de defesa da vítima". Segundo ela, a perícia reafirma a convicção da defesa de que a jovem foi vítima de um ataque. Ao site G1, ela criticou o que chamou de tentativa de desqualificar a palavra da jovem.
O caso foi encaminhado para a Justiça e a mulher deve responder pelo delito de falsa comunicação de crime. É uma infração de baixo poder ofensivo, com pena prevista de seis meses a um ano.
A imagem do ferimento estampou diversos sites. No dia 12 de outubro, o candidato Fernando Haddad (PT) citou a ocorrência em na sua primeira propaganda eleitoral televisiva no segundo turno. Na peça, relacionava os diversos casos de agressão que ocorreram no Brasil nas últimas semanas ao discurso de incitação à violência de Bolsonaro.
Ao saber do indiciamento, Bolsonaro criticou nas redes sociais a campanha de Haddad e afirmou que se trata de uma notícia falsa.
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1989: a primeira eleição direta da redemocratização
Os brasileiros voltaram a escolher diretamente um presidente depois de 27 anos. Um total de 22 candidatos se apresentou – até hoje um recorde. O pleito foi marcado por debates na TV e acusações de manipulação jornalística. Fernando Collor, filiado a um partido nanico, largou na frente ao se apresentar como “caçador de marajás”. No final, Collor derrotou o líder sindical Lula (PT) no 2° turno.
Foto: Radiobras/Roosewelt Pinheiro
1994: o início da era tucana
No início de 94, o pleito tinha um favorito: Lula. No entanto, alguns meses antes da eleição foi lançado o Plano Real, bem-sucedido em conter a inflação. A popularidade de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), um dos autores do plano, disparou. Lula, que havia criticado o real, afundou nas pesquisas. FHC acabou vencendo a eleição ainda no 1° turno. Era o início de oito anos de hegemonia do PSDB.
Foto: Acervo FHC
1998: a reeleição entra em cena
Em 1997, foi aprovada a emenda da reeleição– com denúncias de compra de votos –, abrindo caminho para FHC disputar mais um mandato. Mais uma vez seu adversário foi Lula, que indicou Leonel Brizola, seu antigo rival na esquerda, como vice. Durante a campanha, o governo omitiu que o real estava sobrevalorizado. FHC foi eleito no 1° turno. Depois da posse, o real sofreu uma desvalorização recorde.
Foto: Acervo FHC/Secretaria de Imprensa
2002: o início da hegemonia petista
Lula chegou à eleição com uma nova imagem: se comprometeu a apoiar o plano real, nomeou um empresário como vice e recorreu a marqueteiros. A estratégia para acalmar o mercado deu certo. Ciro Gomes chegou a despontar em segundo lugar, mas afundou após uma série de declarações que repercutiram mal. No final, Lula derrotou o candidato do governo FHC, José Serra, no segundo turno, com 61% dos votos.
Foto: Agência Brasil/M. Casal Jr.
2006: escândalos não impedem reeleição de Lula
Lula se candidatou novamente após a eclosão do escândalo do Mensalão. Parecia destinado a vencer no 1° turno, mas a prisão de assessores do PT na reta final abalou sua campanha. No 2° turno, os petistas contra-atacaram. Rotularam o tucano Geraldo Alckmin de privatista e de ser contra o Bolsa Família. Alckmin acabou recebendo menos votos no 2° turno do que na primeira rodada, e Lula foi reeleito.
Foto: Instituto Lula/R. Stuckert
2010: a primeira presidente mulher
Com alto índice de popularidade, Lula apresentou Dilma Rousseff como candidata à sucessão. Os tucanos voltaram a lançar José Serra, e a ex-ministra Marina Silva disputou pela primeira vez. A campanha de Serra tentou encurralar Dilma ao acusá-la de ser favorável ao aborto. No final, pesou a popularidade de Lula, e a petista ganhou no 2° turno, se tornando a primeira mulher a chegar à Presidência.
Foto: Agência Brasil/W. Dias
2014: a campanha mais cara e acirrada
Nova polarização entre PSDB e PT: Dilma disputou um novo mandato com Aécio Neves. Após a morte de Eduardo Campos (PSB), Marina Silva entrou na corrida, mas desabou nas pesquisas após ataques do PT. Dilma foi reeleita com apenas 3,28 pontos percentuais a mais que Aécio no 2° turno. A petista e o tucano gastaram R$ 570 milhões - com muitas doações de empresas acusadas de corrupção na Lava Jato.
Foto: Reuters/R. Moraes
2018: polarização entre PT e Bolsonaro
Após uma campanha que acirrou ânimos e dividiu o país, Jair Bolsonaro (PSL) foi eleito com 55,13% dos votos, contra 44,87% de Fernando Haddad (PT). A vitória do ex-capitão defensor do regime militar marcou a volta da extrema direita brasileira ao poder e representou um fracasso para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que nesse pleito estava preso por corrupção e impedido de se candidatar.
Foto: Reuters/P. Whitaker/N. Doce
2022: inédita disputa entre presidente e ex-presidente
Os candidatos mais bem posicionados nas pesquisas são o presidente Jair Bolsonaro (PL), que disputa reeleição, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que recuperou os direitos políticos. Bolsonaro ampliou benefícios sociais às vésperas da campanha e vem questionando o sistema eleitoral. Já Lula busca aliança ampla contra extrema direita e capitalizar sua experiência anterior no governo.