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Polícia londrina sob pressão após supostas falhas

6 de junho de 2017

Forças de segurança sofrem críticas por não ter agido contra autor de atentado que apareceu em documentário televisivo sobre extremistas britânicos. Terceiro suspeito de ataque é identificado.

Policiais patrulham a ponte London Bridge
Policiais patrulham a ponte London Bridge, local do ataque de sábadoFoto: Reuters/P. Nicholls

A polícia britânica tem sido alvo de críticas por não ter conseguido impedir um extremista conhecido das autoridades – inclusive com aparição na televisão – de executar um ataque terrorista em Londres no último fim de semana, que resultou na morte de sete pessoas.

Nesta terça-feira (06/06), líderes políticos continuaram a questionar por que as autoridades não conseguiram deter Khuram Shazad Butt, um dos três suspeitos do atentado de sábado. A polícia anunciou que ele era conhecido pelos serviços de segurança e pelo MI5, a agência de espionagem doméstica do Reino Unido.

Leia mais: O que se sabe sobre o ataque em Londres

"Essas perguntas não estão sendo feitas sem motivo. Estou certo de que a polícia examinará do que ela tinha conhecimento, o que ela poderia ter feito, o que efetivamente fez e se algo poderia ter sido feito de forma diferente", disse o prefeito de Londres, Sadiq Khan.

As autoridades não explicaram como Butt, um cidadão britânico nascido no Paquistão, chamou a atenção dos agentes da lei, mas a imprensa local divulgou que o suspeito apareceu em 2016 num documentário da emissora Channel 4 sobre extremistas britânicos intitulado The Jihadis Next Door (Os Jihadistas na Porta ao Lado, em tradução livre).

"O que precisamos fazer é garantir que façamos essas perguntas e que a polícia e os serviços de segurança reajam e respondam às perguntas legítimas que todos nós estamos nos fazendo", acrescentou Khan.

A polícia disse que apesar de Butt ter sido conhecido pelas autoridades, "não havia inteligência que sugerisse que esse ataque estava sendo planejado e a investigação foi priorizada de acordo".

"Peço que qualquer pessoa com informações sobre esses homens, seus movimentos nos dias e nas horas antes do ataque e os lugares que frequentavam se apresente à polícia", disse o chefe da polícia nacional antiterrorista, Mark Rowley, em comunicado.

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"Paralelamente, o MI5 e a polícia conduzem cerca de 500 investigações ativas, envolvendo três mil objetos de interesse. Além disso, existem cerca de 20 mil indivíduos que foram alvos de interesse, cujo risco permanece sujeito a revisão pelo MI5 e seus parceiros", explicou Rowley. Ele afirmou que os serviços de segurança britânicos frustraram 18 atentados desde 2013, incluindo cinco nos últimos dois meses.

Terceiro suspeito

A polícia londrina identificou os três suspeitos. Além de Butt, de 27 anos, participou do ataque Rachid Redouane, de 30 anos e que detém as nacionalidades de Líbia e Marrocos. Nesta terça-feira, autoridades confirmaram relatos da imprensa italiana de que o terceiro agressor é Youssef Zaghba, um cidadão ítalo-marroquino de 22 anos.

Butt e Redouane – que também usava o nome Rachid Elkhdar,  sob qual estava listado com 25 anos de idade – eram do bairro multiétnico de Barking, no leste de Londres, onde a polícia realizou operações pouco depois dos ataques de sábado.

Autoridades britânicas afirmaram que Zaghba não estava no radar policial ou da inteligência. O diário italiano Corriere della Sera publicou que Zaghba foi detido no aeroporto de Bolonha em 2016, quando tentava voar para a Síria, e que as autoridades italianas repassaram ao Reino Unido informações sobre seus movimentos.

Na época, a polícia encontrou vídeos de propagando do grupo jihadista "Estado Islâmico" (EI) em seu smartphone, mas, após uma investigação, não conseguiu obter provas suficientes de vínculos com o terrorismo para processá-lo e ele foi libertado. Filho de mãe italiana e pai marroquino, Zaghba nasceu na cidade marroquina de Fez em 1995 e detém ambas as nacionalidades.

Os três suspeitos foram mortos a tiros pela polícia poucos minutos após o ataque, que começou com eles atropelando pedestres com uma van na ponte London Bridge. A seguir, os homens saíram do veículo munidos de facas e esfaquearam pessoas em bares e restaurantes nas proximidades. Sete pessoas morreram e dezenas ficaram feridas, sendo que 36 pessoas ainda estão em tratamento em hospitais, algumas em estado grave.

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Pedidos por renúncia de May

O mais recente ataque em solo britânico ocorreu poucos dias antes das eleições parlamentares previstas para quinta-feira. A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, tem sofrido ataques de seu principal adversário político e de alguns setores da mídia por cortes à força policial que ela fez durante seu tempo como ministra do Interior.

O líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, expressou apoio àqueles que pedem a renúncia de May devido ao seu papel na redução do quadro policial, mas ele afirmou que o melhor remédio seria tirá-la do cargo por meio do voto.

"Há uma eleição na quinta-feira, essa é a chance", disse, citando um corte "assustador" nos departamentos policiais. "Estamos pedindo uma restauração dos números da polícia, e há reivindicações para que ela saia por causa do que fez aos números da polícia."

A premiê, porém, retrucou, afirmando que Corbyn não é capaz de proteger a segurança do Reino Unido num momento de maior ameaça. "Demos maiores poderes à polícia para podermos lidar com terroristas – poderes a que Jeremy Corbyn sempre se opôs", afirmou.

O prefeito de Londres, que é membro do Partido Trabalhista, por sua vez, reforçou a tese da oposição. "É apenas um fato que, nos últimos sete anos, nós, como cidade, perdemos 600 milhões de libras em nosso orçamento. Tivemos que fechar estações policiais, vender edifícios e perdemos milhares de agentes."

PV/afp/rtr/ap

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