Militantes de movimento nacionalista preparavam manifestação não autorizada contra presidente em Moscou e outras cidades. Líder pediu "revolução popular" para acabar com a "tirania de Putin".
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A polícia russa prendeu neste domingo (05/11) centenas de ativistas que se encontravam concentrados no centro de Moscou para uma manifestação não autorizada contra o presidente Vladimir Putin.
O movimento nacionalista Artpodgotovka convocara a manifestação em toda a Rússia por uma "revolução popular" para acabar com a "tirania de Putin". O líder do grupo, Viacheslav Maltsev, vive no exterior. Ele foi candidato nas eleições legislativas de 2016 e mantém um canal muito visto no YouTube.
Segundo a polícia da capital russa, mais de 260 pessoas foram presas em Moscou. O grupo OVD-Info, especializado em acompanhar perseguições políticas na Rússia, afirma que ao menos 380 pessoas foram detidas, algumas delas em São Petersburgo e Krasnoyarsk.
De acordo com a agência de notícias russa Tass, algumas pessoas detidas tinham facas, soqueiras e armas capazes de disparar balas de borracha. Os manifestantes foram interpelados um a um, perto do Kremlin, pelos policiais, alguns usando capacetes e coletes à prova de bala.
Um jornalista da rádio Echo de Moscou, Andrei Yezhov, escreveu no Twitter que foi detido e publicou um vídeo mostrando o interior de um veículo da polícia, especificando que a maioria dos detidos tem cerca de 20 anos. Ele foi liberado mais tarde.
Maltsev fugiu para Paris depois de um tribunal de Moscou ter emitido um mandado de detenção por supostas atividades extremistas. O seu movimento, Artpodgotovka, foi proibido pela Justiça em outubro.
A operação policial contra o Artpodgotovka começou na sexta-feira, quando agentes do Ministério de Interior e do Serviço Federal de Segurança (FSB, antiga KGB) detiveram vários membros do movimento.
O FSB afirmou que o grupo preparava ações violentas e desordens públicas para este domingo, quando faltam apenas dois dias para a comemoração dos cem anos da Revolução Russa.
Os serviços de inteligência russos também acusaram a Artpodgotovka de querer incendiar vários edifícios administrativos de Moscou.
No sábado também foram detidos pelo menos 30 ultranacionalistas durante a chamada Marcha Russa, convocada em um bairro periférico da capital russa.
Pouco antes, Ivan Beletski, copresidente do Partido dos Nacionalistas, e Yuri Gorski, ativista do movimento Nova Oposição – que participaram da manifestação –denunciaram que seus domicílios foram revistados pela polícia. Os dois líderes, que são investigados por extremismo, também fugiram para o exterior.
MD/efe/dpa/afp
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Crimeia três anos após a anexação russa
Em março de 2014, a Rússia anexou a Crimeia. Três anos depois, como está a península? O que mudou na vida das pessoas? E Putin cumpriu suas promessas?
Foto: DW/R. Richter
A ocupação da Crimeia
O presidente russo, Vladimir Putin, é comemorado como herói, e bandeiras russas substituíram as ucranianas. A transformação começou em fevereiro de 2014, quando pessoas de uniforme, mas sem insígnias, ocuparam os prédios do governo e do Parlamento em Simferopol, capital da República Autônoma da Crimeia, parte da Ucrânia. Mais tarde, também os quartéis ucranianos seriam ocupados.
Foto: DW/I. Worobjow
Referendo sobre a anexação
Apesar dos protestos e, contornando a Constituição da Ucrânia, em 16 de março de 2014, foi realizado um referendo sobre o estatuto da Crimeia. A entrega da Crimeia à Ucrânia pelo governo russo em 1954 não foi reconhecida, e decidiu-se pela anexação da península à Rússia.
Foto: Reuters
Tártaros da Crimeia
Quem rejeita a anexação pela Rússia, sofre perseguição. Isso acontece também com os líderes do Mejlis, o Congresso do Povo Tártaro da Crimea, que em 2016 foi considerado organização extremista. Buscas e detenções voltam a ser frequentes, tal qual em 1944, quando os tártaros da Crimeia foram deportados como "inimigos do povo" pelos soviéticos.
Foto: picture-alliance/dpa
Só programas russos
As transmissões das emissoras de televisão ucranianas foram interrompidas na Crimeia no começo de 2014. A população só tem acesso a programas russos. O ATR, canal independente dos tártaros da Crimeia, que defende a integridade territorial da Ucrânia, agora transmite a partir de Kiev. Muitos outros meios de comunicação também foram proibidos.
Foto: picture-alliance/AP Photo/A. Zemlianichenko
Difícil acesso
A lei ucraniana proíbe estrangeiros de entrar na Crimeia sem a permissão das autoridades de Kiev e que não seja pela área continental da Ucrânia. Ao infrator fica proibido viajar pelas demais partes da Ucrânia. Para chegar da Ucrânia à Crimeia, é preciso passar por postos de controle na fronteira administrativa, seja a pé ou de carro.
Foto: DW/L. Grishko
Sanções após a anexação
A União Europeia (UE) e os Estados Unidos não reconhecem a anexação. Eles até aconselham seus cidadãos a não comprar imóveis ou fazer negócios na Crimeia. Empresas da península não podem vender produtos à UE, nem aos EUA. Também foram impostas sanções a pessoas, empresas e organizações.
Foto: picture-alliance/Sputnik/A. Polegenko
Esperando o cumprimento de promessas
Quem votou a favor da anexação no referendo, esperava que Putin cumprisse suas promessas: uma ponte ligando a Crimeia à Rússia, um gasoduto e usinas de energia. Também problemas sociais seriam resolvidos. Os salários não acompanham a inflação. Mas relatos sobre o descontentamento e protestos localizados são divulgados apenas nas redes sociais e meios de comunicação independentes.
Foto: DW/R. Richter
Empreiteira de amigo de Putin
A construção de uma ponte no Estreito de Kertch até a Rússia está em pleno andamento. A obra, no valor de 3,7 bilhões de euros, está nas mãos do oligarca russo Arkady Rotenberg, amigo de Putin. Até o final de 2019, a ponte deverá estar pronta. Ela terá quatro pistas rodoviárias e duas faixas ferroviárias.
Foto: picture-alliance/Tass/V. Timkiv
Pequenos negócios
Empresas de pequeno porte da Crimeia sofrem com a redistribuição de propriedades em favor de empresários russos. A emissora Radio Liberty informou que o número de pequenas empresas na Crimeia diminuiu de 15 mil (2014) para 1 mil (2016). Também os proprietários de imóveis no litoral enfrentam problemas. Tribunais podem anular documentos emitidos antes da anexação.
Foto: DW/A. Karpenko
Grandes perdas no turismo
Na alta temporada, é tempo de praia na Crimeia. Mas o fluxo de turistas diminuiu quase 30% nos últimos três anos. As rotas ferroviárias estão interrompidas e os voos são caros. Devido às sanções impostas pela UE, navios de cruzeiro não atracam mais na Crimeia.
Foto: DW/A. Karpenko
Tesouros históricos
As joias arqueológicas e as armas dos citas, antigo povo de pastores nômades que povoaram a região na Antiguidade Clássica, não poderão mais retornar à Crimeia. No final de 2016, um tribunal holandês decidiu que a rara coleção de 550 artefatos de museus da Crimeia deveria ser dada a Kiev. Os tesouros são parte de uma mostra que estava na Europa Ocidental quando ocorreu a anexação da Crimeia.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Maat
Quem ganhou com a anexação
Desde a anexação, os moradores da Crimeia só podem comprar cartões para telefone, por exemplo, se portarem um passaporte russo. Quem ganhou com a anexação foram aposentados com passaporte russo. As aposentadorias foram equiparadas às vigentes na Rússia, e a idade da aposentadoria para mulheres baixou de 60 para 55 anos.