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Guerra à máfia

19 de dezembro de 2007

Chacina de Duisburg fortalece cooperação bilateral na luta contra crime organizado. Força-tarefa teuto-italiana tem primeiro sucesso. Roma adverte: máfia italiana se expande para todos os países da União Européia.

Um cadáver é retirado do local do crime em Duisburg (15/08/07)Foto: AP

Quatro meses após a chacina de Duisburg, que deixou um saldo de seis mortos, as polícias alemã e italiana prenderam nesta terça-feira (18/12), em Oberhausen e Colônia (Renânia do Norte-Vestfália) e em San Luca (Itália), quatro supostos integrantes da máfia calabresa.

Duas detenções foram o primeiro resultado da força-tarefa (D-I Task Force) formada na semana passada pelo Departamento Federal de Investigações da Alemanha e por representantes das organizações policiais, os carabinieri e a Guarda de Finanças da Itália.

Seis italianos com idades entre 16 e 39 anos foram executados com 70 tiros, na madrugada de 15 de agosto de 2007, diante da pizzaria Da Bruno em Duisburg (veja link abaixo). A polícia suspeita tratar-se de um ato de vingança no conflito entre as famílias rivais Nirta-Strangio e Vottari-Pelle-Romeo, ambas supostamente ligadas à máfia calabresa N'Drangheta.

"Nunca dois países cooperaram tão bem na Europa em investigações criminais como no esclarecimento dos assassinatos de Duisburg", elogiou o ministro italiano do Interior, Giuliano Amato, após as prisões de terça-feira. Mais de 120 policiais alemães atuam nas investigações do caso.

A força-tarefa bilateral tem o objetivo de avaliar dados e comparar informações sobre a presença e a atividade de italianos criminosos na Alemanha. Além disso, prevê uma cooperação mais estreita no combate ao crime organizado.

Guerra aos chefes da máfia

Prisão de 170 supostos membros da Camorra em Nápoles (20/03/07)Foto: picture-alliance/dpa

Segundo peritos, do ponto de vista dos mafiosos os assassinatos de Duisburg foram um erro fatal e deram um enorme impulso ao combate à máfia. Desde então, os dois clãs estariam sentindo o troco aos 70 tiros. Seus chefes são buscados com mandados de prisão internacional.

Após a chacina de Duisburg, a polícia italiana já havia prendido 40 supostos membros dos dois clãs, entre eles, o irmãos de duas vítimas. O cerco ao principal suspeito, Giovanni S., está sendo fechado nos últimos meses com batidas policiais à sua rede de apoiadores.

Com essa estratégia, a polícia italiana já prendeu poderosos chefões da máfia não só na Calábria, mas também na Sicília e em Nápoles. Em novembro passado, Salvatore Lo Piccolo, que muitos consideram o "chefe dos chefes", foi detido num esconderijo perto de Palermo.

Além disso, comerciantes sicilianos estariam se negando a pagar o pizzo (a taxa que a máfia cobra deles em troca de uma suposta proteção). Inclusive em Nápoles aumentam as denúncias contra os cobradores do pizzo.

Na avaliação do jornal alemão Süddeutsche Zeitung, apesar de algumas baixas, a máfia ainda está longe de capitular. "Enquanto os sindicatos dos criminosos italianos faturarem 90 bilhões de euros por ano, dezenas de milhares de sicilianos pagarem o pizzo, políticos suspeitos de envolvimento com a Cosa Nostra ocuparem altos cargos e um escritor como Roberto Saviano for obrigado a viver na clandestinidade sob proteção policial por causa de um livro sobre a Camorra, a máfia permanecerá uma grande potência", escreve o jornal.

Fenômeno internacional

Gastrônomos italianos de Berlim apresentam cartaz contra a máfiaFoto: AP

E isso não só na Itália. A Comissão Antimáfia do Parlamento em Roma acaba de advertir a União Européia de que os clãs estão investindo em todos os ramos econômicos em todos os países da UE.

Segundo o Süddeutsche Zeitung, "a ofensiva do poder estatal na Itália e o pacto teuto-italiano contra o pacto da máfia é apenas o começo. A prova de fogo virá quando silenciar a revolta sobre o massacre de Duisburg".

Então, continua o jornal, os Estados poderão mostrar se entenderam que os grupos mafiosos que operam mundialmente são tão perigosos como a rede terrorista Al Qaeda. "As polícias precisam atuar em conjunto de forma duradoura como já é exercitado pelo grupo de trabalho alemão-italiano."

Durante uma palestra de apresentação de seu Gomorrha na Alemanha, no começo de dezembro, Roberto Saviano, de 28 anos, também advertiu que "não se deve compreender a Camorra e suas irmãs como um fenômeno de um país distante".

"É incrível que não exista hoje na Europa um posto de coordenação para a luta contra a máfia. E que na Alemanha falte tudo que se pareça com uma lei antimáfia", disse o autor do livro-denúncia, que já vendeu 900 mil exemplares na Itália e virou best-seller na França e na Espanha. (gh)

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