Artista alemão em Pequim
8 de agosto de 2008DW-WORLD.DE: Certa vez o senhor declarou que é preciso lutar quando se quer alcançar algo grande. Qual é o tamanho do que o senhor quis alcançar e quanto teve que lutar por isto?
Andree Verleger: A grandeza do que se quer alcançar está na cabeça de cada um. O quanto se quer lutar depende do risco que cada um está disposto a correr. Esse questionamento é individual e, ao fazê-lo, eu dei um passo adiante, experimentei algo novo e pude através disso ampliar tanto o meu horizonte quanto a minha consciência no tocante a outras coisas.
O senhor é o único alemão convidado a trabalhar na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim. Pode-se dizer que com essa conquista o senhor alcançou o máximo das suas pretensões?
Não, somente uma parte daquilo que se pode alcançar. Foi somente um passo adiante, e esse passo não teve a ver com superioridade, mas sim com autodesenvolvimento. Os parâmetros de superioridade são definidos pelos outros. Eu não acredito ser superior a ninguém, mas sim que tenha alcançado algo que outros raramente alcançam.
O trabalho na China tem sido um grande passo pessoal, tenho aprendido muito a respeito da comunicação com diferentes culturas. Neste sentido essa oportunidade na China tem sido um grande enriquecimento e tudo o que venha depois será maior, não no sentido de volume, mas sim de emoções e da ampliação de minha consciência.
O senhor se autodefine como um "artista midiático". Quais são os elementos que o capacitam como tal e não como um técnico de luz?
A reflexão. O técnico de luz produz ou reproduz uma imagem para outros através de um meio eletrônico. O foco do meu trabalho porém vai além disso. A mim interessa muito mais o processo que se passa na cabeça do público quando confrontado com minhas imagens. Quais são as emoções que acompanham uma pessoa ao vê-las? Como ela irá ordena-lás e compara-lás com as imagens que viu anteriormente ao longo de sua trajetória? Através de meu trabalho busco sempre trabalhar com imagens que incentivem o público a refletir de forma criativa sobre as coisas, e não simplesmente consumi-las.
O senhor está há dez meses na China, onde trabalha com uma equipe local, já que o ingresso de sua equipe alemã no país não foi permitido. Como o senhor lidou com essa imposição?
Eu não fico permanentemente na China, estou sempre entre os dois países, entre China e Alemanha, até mesmo porque minha equipe está toda na Alemanha e por isso houve coisas que preparamos lá e não aqui.
Trabalhar com uma equipe nova num país estranho é um desafio enorme. Graças aos chineses eu tive a oportunidade de ampliar minhas experiências e de conhecer diferentes formas de pensar e agir, sem no entanto ter que me desfazer do meu pensamento ocidental.
Qual é a relação existente entre política e arte?
Desde que estou na China, onde fui recebido de braços abertos, tenho tentado escrever minha própria história. Não me influencio pela imprensa. Eu tento criar minha própria opinião, meu próprio julgamento daquilo que tenho visto e vivenciado desde que cheguei aqui. Política é um tema que não faz parte do meu trabalho.