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Política atual interfere na lembrança do Holocausto

dpa / lk9 de abril de 2002

Os acontecimentos no Oriente Médio refletem-se nas cerimônias deste 9 de abril, dia de recordação do Holocausto.

A "Marcha dos Vivos", no campo de Auschwitz-Birkenau (09.04.02)Foto: AP

Durante 30 horas seguidas, membros da comunidade israelita de Berlim, representantes de partidos políticos e jovens estudantes lêem diante da estação do metrô de Wittenbergplatz, na capital alemã, uma lista quase interminável de nomes: "Abraham, Alfred; Abraham, Alice; Abraham, Amalie; Abraham, Anna...". São ao todo exatamente 55.996 nomes dos judeus berlinenses deportados e assassinados pelos nazistas.

A leitura, iniciada na tarde de segunda-feira, estende-se por toda esta terça (09), dia dedicado à memória do Holocausto. Muitos dos passantes, geralmente apressados, detêm-se por alguns instantes. Uma única vez levantou-se, na noite de segunda, uma voz da multidão: um rapaz pedindo que lessem também "o nome de alguns palestinos assassinados", dando início a uma discussão entre os espectadores. Uns concordando com a objeção do rapaz e criticando a atuação dos israelenses no Oriente Médio; outros retrucando que não se pode minimizar as atrocidades dos nazistas.

A leitura dos nomes dos judeus assassinados em Berlim, realizada anualmente desde 1996, é marcada desta vez pelas impressões causadas pela política atual, que parece a muitos bem mais próxima do que os acontecimentos de 60 anos atrás. Enquanto isso, a citação dos nomes prossegue: "Abraham, Anni; Abraham, Arnold; Abraham, Auguste; Abraham, Bella; Abraham, Bernhard...".

Marcha dos Vivos

Na Polônia, cerca de 2500 judeus jovens vindos de Israel e outros países realizaram a Marcha dos Vivos, um percurso em silêncio do portão do campo de concentração de Auschwitz até o monumento aos prisioneiros assassinados, em Birkenau. No campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, os nazistas aniquilaram pelo menos 1,1 milhão de judeus, a maioria deles originários da Polônia e outros países ocupados pela Alemanha.

Este ano, a já tradicional manifestação ocorreu sob a proteção de um grande número de policiais, que patrulharam também no antigo bairro judeu de Cracóvia, onde muitos dos participantes pernoitaram. E, ao contrário dos anos anteriores, os jovens não vão dar prosseguimento à marcha em Israel.

Anti-semitismo - Sob o impacto do conflito militar com os palestinos, os israelenses também lembraram os seis milhões de judeus exterminados pelos nazistas. Ao toque das sirenes, o país silenciou por dois minutos, nesta terça-feira. Em várias praças, escolas e no Parlamento foram lidos os nomes de vítimas do Holocausto.

Segundo pesquisa publicada pela Universidade de Tel Aviv, houve um aumento dos atos anti-semitas, depois dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. No ano passado, foram registrados em todo o mundo 228 atos de violência contra judeus, 50 deles com armas pesadas.