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Política européia comum para o Oriente Médio é uma meta difícil

Kate Bowen (ca)7 de agosto de 2006

Apesar da intenção de uma política externa comum, a União Européia está bastante dividida quanto à crise no Oriente Médio. DW-WORLD pesquisou em alguns países europeus para saber o que os divide quanto ao assunto.

A UE apelou para uma 'cessação imediata das hostilidades'Foto: AP

Não obstante o esforço, a Europa ainda não conseguiu entrar em acordo quanto à crise no Oriente Médio. A possibilidade de envio de uma tropa internacional de paz para a região permanece em aberto, como também as opiniões de vários países europeus e seus principais parceiros.

Laços históricos influenciam a atitude européiaFoto: AP

Alguns países, incluindo a França, Suécia, Noruega, Eslováquia, Canadá, Alemanha, Turquia, Itália, Espanha, Bélgica e Irlanda, já expressaram seu desejo de participar em uma força de paz com o envio de tropas. Entretanto, um cessar-fogo e um mandato internacional são vistos como pré-requisitos para um envio de uma força de paz sob o comando da ONU, da Otan ou da União Européia.

Entre os europeus, existem esperanças de que o Oriente Médio, principalmente o Egito, venha a juntar-se à União Européia nos esforços de paz. A DW-WORLD deu uma olhada em alguns dos principais atores entre os países europeus para saber que pontos estão em jogo e por que eles não estão de acordo.

Alemanha

O primeiro-ministro israelense Ehud Olmert declarou ao jornal Süddeutsche Zeitung que "não teria nenhum problema com soldados alemães no sul do Líbano... No momento, nenhuma outra nação está tão do lado de Israel como a Alemanha. Se a Alemanha pudesse contribuir para a segurança do povo israelense, isto seria uma tarefa recompensadora..."

A expectativa de Olmert quanto ao envolvimento alemão se justifica devido às relações estreitas que ambos os países desenvolveram depois da Segunda Grande Guerra, embora marcadas pelo peso da história.

Soldados alemães no KosovoFoto: AP

A história da Alemanha a faz bastante relutante quanto ao envio de tropas de combate àquela região, o que explica a divergência entre o ministro da Defesa, Franz Josef Jung (CDU), que considera possível a participação alemã em uma tropa internacional de paz, e a chanceler federal Angela Merkel e o ministro das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, que observam o assunto com muito mais cautela.

"Nós não rejeitamos um envolvimento na crise, mas estamos indecisos", declarou Angela Merkel à imprensa.

As opiniões divergem nos partidos políticos alemães. Alguns consideram que um envolvimento na resolução do conflito seria uma obrigação histórica da Alemanha. Já para o analista político da Deutsche Welle Peter Philipp, a história é uma boa razão para que a Alemanha fique fora da crise.

Mas a história não é a única razão para a hesitação alemã quanto ao envio de tropas. A Bundeswehr, as Forças Armadas alemãs, está bastante atarefada com outras regiões em crise, como o Congo e o Afeganistão, e seria muito difícil convencer a população do país da necessidade de participar da crise entre Israel e o Líbano.

Reino Unido

Aliado tradicional dos Estados Unidos, inclusive na guerra no Iraque, o Reino Unido, juntamente com a Alemanha, foi um dos países que apelaram pela "cessação das hostilidades" em vez de um cessar-fogo imediato na declaração conjunta dos ministros das Relações Exteriores da União Européia.

O primeiro-ministro libanês Fuad Siniora apelou a Tony Blair, entretanto, que apoiasse uma proposta de cessar-fogo imediato. Assim como os norte-americanos, o governo britânico apóia a idéia de um cessar-fogo gradual para que o Hisbolá possa ser enfraquecido antes do fim das hostilidades, já que o Exército libanês não é tão forte quanto o grupo extremista.

Com tropas no Iraque e no Afeganistão, os recursos britânicos estão parcos e o país não expressou o desejo de participar em uma missão de paz no Líbano.

Leia ainda sobre a posição de outros países no conflito no Líbano

Turquia

Segundo o Frankfurter Allgemeine Zeitung, o primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan foi um dos primeiros chefes de governo a anunciar o desejo de participar em uma tropa de paz para a região. Ele é um muçulmano praticante e o seu governo atuou como mediador entre Israel e o movimento político palestino Hamas.

O país, que já vem negociando há anos sua entrada na União Européia, tem sido mencionado para líder de uma eventual força de paz devido à sua proximidade à região, embora declarações recentes indiquem que a França deverá assumir este papel. O FAZ mencionou ainda que Erdogan terá que convencer a população turca de que um envolvimento militar de seu país na região em crise trará benefícios.

Rússia

Steinmeier (dir.) e seu colega francês na conferência sobre o Líbano em RomaFoto: AP

A Rússia teria reiterado seus pedidos de um fim imediato das hostilidades no Oriente Médio, anunciou o Financial Times Deutschland.

Um cessar-fogo imediato é "o único caminho para estabelecer o fundamento de uma solução política", declarou o diretor do Conselho de Segurança da Federação da Rússia, Igor Ivanov, após seu encontro com Saad Hariri, líder da maioria parlamentar libanesa.

A Rússia tem criticado os Estados Unidos por estar atrapalhando o papel da ONU no conflito do Oriente Médio devido ao seu apoio a Israel. "O descontentamento entre os países do Conselho de Segurança das Nações Unidas tem crescido desde que os Estados Unidos se mostraram dispostos a bloquear qualquer decisão que venha a pressionar Israel", declarou Vitali Tzurkin, embaixador russo na ONU, ao jornal Izvestia. A Rússia não é membro da União Européia, mas é membro do G8 e das Nações Unidas.

França

O ministro francês das Relações Exteriores, Philippe Douste-Blazy, anunciou que a França teria a intenção de participar em uma força internacional de paz, anunciou o FAZ. O governo francês se manteve um tanto hesitante, entretanto, estipulando como condições para o envio de tropas um cessar-fogo e um mandato internacional.

Possíveis membros de uma missão de paz esperam um cessar-fogoFoto: AP

O jornal francês Le Figaro comentou que Israel, Líbano e o mundo estão esperando que a França lidere a tropa internacional de paz, mas o país está esperando por um cessar-fogo. O Financial Times Deutschland anunciou que a França poderia enviar rapidamente cerca de 5 mil homens bem equipados como parte da força de paz.

Como na guerra do Iraque, a França tomou uma posição completamente contrária à dos Estados Unidos. A França se recusou, recentemente, a participar das conversações de paz da ONU para o Oriente Médio, esperando assim fazer pressão sobre os Estados Unidos.

A França é uma tradicional aliada do Líbano, que foi protetorado francês, juntamente com a Síria, após a Primeira Guerra Mundial. O Líbano se tornou independente em 1943, quando os nazistas ocuparam a França.

Itália

Uma das razões para a derrota do governo de Berlusconi foi seu apoio aos Estados Unidos na guerra do Iraque. O país enviou tropas de apoio aos esforços internacionais no Kosovo, Afeganistão e Iraque, de onde o novo primeiro-ministro Romano Prodi retirou seus soldados após assumir o cargo em maio último. O ministro italiano das Relações Exteriores, Massimo D'Alema, enfatizou a disposição de seu país de enviar tropas para o Oriente Médio.

"A decisão italiana de enviar tropas surpreendeu, considerando que a coalizão composta de nove partidos já teve problemas de consenso quanto ao envolvimento no Afeganistão", escreveu o FAZ.

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