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Político liberal é criticado por participar de protesto

11 de maio de 2020

Thomas Kemmerich foi a ato contra medidas para conter covid-19 que reuniu extremistas de direita e propagadores de teorias conspiratórias. Essa não é primeira polêmica do deputado, que aceitou apoio da AfD em eleição.

Thomas Kemmerich
Kemmerich ganhou manchetes em fevereiro quando foi eleito governador na Turíngia com a ajuda de votos da AfDFoto: picture-alliance/dpa/M. Schutt

O deputado estadual da Turíngia Thomas Kemmerich, do Partido Liberal Democrático (FDP), provocou críticas de diversos políticos alemães, inclusive de sua legenda, por participar de um protesto em Gera contra as medidas restritivas impostas para conter o avanço da pandemia de covid-19 na Alemanha.

O presidente da FDP, Christian Lindner, afirmou nesta segunda-feira (11/05) que a participação de Kemmerich no protesto, que reuniu, além de propagadores de teorias conspiratórias, diversos integrantes do partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD), enfraquece os argumentos dos liberais.

Lidner ressaltou que, embora os liberais busquem um melhor compromisso entre proteção à saúde com liberdade e a manutenção da vida econômica e social, isso não deve aproximar a legenda de extremistas de direita, da AfD, da esquerda ou de teóricos da conspiração. "Isso enfraquece o empenho de um partido sério de centro", afirmou à emissora alemã RTL.

Kemmerich participou do protesto em Gera, que reuniu cerca de 600 pessoas no centro da cidade e  foi organizado por um político local da legenda da chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, a União Democrata Cristã (CDU). Os manifestantes ignoraram a obrigatoriedade do uso de máscaras de proteção e não mantiveram a distância mínima de 1,5 metro entre os participantes. O deputado chegou a publicar elogios ao movimento e fotos da manifestação em sua conta no Twitter.

As primeiras críticas vieram de políticos da Turíngia. O governador do estado, Bodo Ramelow, do partido A Esquerda, criticou sobretudo o desrespeito às medidas impostas contra o coronavírus, como o uso de máscaras de proteção e a distância mínima.

A secretária estadual do Meio Ambiente da Turíngia, Anja Siegesmund, do Partido Verde, criticou o fato de Kemmerich tecer elogios a si próprio por ter participado de um protesto ao lado de populistas de direita e de propagadores de teorias conspiratórias que "coloca em risco à saúde de todos".

O secretário-geral da União Social Cristã (CSU), Markus Blume, afirmou que a participação de Kemmerich no protesto mostra que os liberais perderam sua bússola política.

O deputado também foi duramente criticado por integrantes de sua própria sigla. A chefe dos jovens liberais, Ria Schröder, lembrou que o coronavírus exige muito de todos, "mas quem ignora conscientemente as medidas de higiene e se junta a extremistas de direita não é de centro e coloca todos em perigo".

"Ser liberal não significa ser contra algo por princípio, especialmente quando protege as pessoas", destacou a porta-voz de política local da bancada parlamentar da FDP, Marie-Agner Strack-Zimmermann.

Em meio às críticas, o deputado voltou nesta segunda-feira a defender sua participação no protesto, alegando que estava lá porque não queria que as "preocupações da classe média" fossem sequestradas pela AfD. Ele admitiu, porém, que errou ao não usar máscara de proteção.

Kemmerich ganhou as manchetes na Alemanha e no mundo em fevereiro, quando foi eleito governador na Turíngia com a ajuda de votos da AfD, derrotando Ramelow na terceira rodada da votação no parlamento local.

A ajuda dos populistas de direita para a eleição de um candidato do FDP, numa união informal com a CDU e o FDP, foi vista como uma quebra de tabu e duramente criticada por partidos e políticos de direita e de esquerda, incluindo Merkel. Kemmerich renunciou logo em seguida, sem sequer assumir suas funções de governador.

O FDP recebeu críticas de filiados, eleitores e dos demais partidos por ter aceitado uma eleição maculada pelos votos da AfD. O presidente da legenda se desculpou mais tarde e disse que o partido se sentia envergonhado por ter sido manipulado pela AfD, numa manobra que prejudicou a democracia alemã.

Com a renúncia de Kemmerich, Ramelow foi reeleito governador da Turíngia.

CN/afp/dpa

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